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SEMANA DE LUTA CONTRA A MEIA-HORA

O Conselho de Ministros aprovou uma proposta de lei que

“estabelece um aumento excepcional e temporário dos períodos normais de trabalho de 30 minutos ou de duas horas e 30 minutos por semana”.../...“aplicável durante a vigência do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal”.

Vai daí e Carvalho da Silva sai de punho em riste "na defesa dos trabalhadores" e diz:
“a situação actual obriga a estar mobilizado e a fazer uma intervenção forte”.../... “dar sinais muito fortes, por exemplo,em relação ao alargamento do horário de trabalho”.
Ridículo.

Carvalho da Silva sabe, como todos os portugueses, que se "isto não vai, racha".
Racha não, rachado está isto por todo o lado, abre pelas rachas e desintegra-se. Porém a desintegração total serve os interesses de quem não consegue impor-se pelo voto e pretende impor-se por onde conseguir, "revolucionariamente a bem do povo" e a vontade expressa do povo que se lixe.
A estratégia nada tem de novo, é velha-relha, caduca e ditatorial - porque as ditaduras funcionam de ambos os lados, à direita e à esquerda, umas "a bem da nação" outras "pela defesa da classe trabalhadora".
A CGTP classifica a aprovação desta proposta de lei como:
“uma posição de má fé do Governo”
Má fé? Esta "semana de luta" que agora se inicia é o quê, um desígnio dos anjos?

Mais trabalho é fundamental, mais produção, acelerar, levantar um país (perguntem aos japoneses que eles explicam).
As pessoas estão a rebentar pelas costuras, é verdade. Não é apenas as horas que trabalham, ou não é isso de todo, antes se trata do aperto em que se vive, das contas para pagar, dos compromissos que se tornam monstros a enfrentar a cada dia, a cada fim de mês. É verdade.
E se Portugal não cumprir, não conseguir manter uma posição em que possa ser levado a sério? Melhora a vida de alguém? Muito pelo contrário, é catastrófico.
Apesar de haver quem advogue que as dívidas de Estado não são para pagar, só as crianças acreditam nisso... Mas esses não têm culpa, aprenderam assim nos cursinhos com cadeiras de economia da escola dominical. Não têm culpa disso e as culpas que possam ter na situação actual estão passadas e sem responsabilização; chegou a hora de ir fazendo umas conferênciazitas para crianças para reaparecer, ir limpando a imagem...
C'um caneco!

Só uma ressalva:
Esta meia-hora diária é de facto necessária? Creio que sim mas também creio que não chega - ajudará.
Seria evitável? Seria, há anos, se a coisa tivesse dado a volta de outra maneira mas agora não faz sentido abordar a situação com "se...".
Meia-hora é o tempo de tomar o café, dar uma olhadela pelo "facebook" ou discutir o jogo e/ou a novela de ontem à noite, de telefonar à Maria e ao Francisco, de ir lá fora fumar dois ou três cigarros, de responder ao e-mail da "La Redoute" e de pagar as cotas do clube no MB ou na Net.
E... e mais nada, a meia-hora já lá vai, já passou e nem chegou para a bica da tarde.
... Só se a má-fé do governo está em retirar à malta o gozo de fazer todas estas coisas durante o período laboral normal; de facto metade do gozo de discutir o fora-de-jogo do golo de ontem ou a gravidez da Marianinha da novela das 10h é tiranicamente cortado. Visto desta perspectiva só pode mesmo ser má-fé. Além disso o café nem sabe ao mesmo.

Quantas horas de trabalho vale "uma semana de luta", uma tarde de manif, um dia de greve?
Ridículo. Ridículo e de má-fé.


PS - A semana de luta, talvez por ter buscado mais um "tema" que ajudasse a compor um "tanto barulho para nada", inicia-se não pelo combate à "meia-hora" mas "por ocasião do 35.º aniversário das primeiras eleições autárquicas em Portugal após o 25 de Abril de 1974" com a entrega na A.R. de uma petição pela

"defesa do Poder Local Democrático, contra a redução de autarquias e de trabalhadores".

Ora aí está uma petição que ninguém me pediu para assinar (já sei que não é preciso, a malta é organizada...). Ainda bem, chateia-me sempre dizer que não a quem anda no voluntariado pela defesa dos indefesos. Nada de reduzir autarquias, é um erro: as empresas públicas já não estão em condições de continuar a garantir os "jobs" e as privadas não vão nisso - "a solidariedade social por um amanhã mais seguro" já não é o que era. Além disso um bom "cacique" lá na terra é sempre um pilar de sustentação da luta pela democracia e há que ter cuidado: o povo manipulado pelos interesses dos grandes capitalistas já não anda a votar como devia...

A luta dos trabalhadores continua; os "outros" que trabalhem.



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1 comentário:

Anónimo disse...

meias horas, pontes com feriados a meio da semana, 3 dias sobre os 22 para férias, feriados à pazada, toda esta trapalhada ao fundo da europa e a pedir emprestado para continuar mais na mesma e sempre a piorar, vais-me explicar como é a tua dispensa lá em casa.
Se for para concorrer com a Grécia então ok! até porque desde miúdo que ouço desta corrida pelo ultimo lugar e as gentes acostumam-se...