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O MEGALÓMANO

 Isto hoje é rápido, 5 minutos bastam para fazer o meu ponto: desde antes que terminasse o século passado que não tenho afectos partidários, quero saber do meu país e de ver gente com carácter e capacidade de decisão no poder, o resto é conversa mais ou menos importante, mais ou menos agradável, conversa mais ou menos.

Dizia eu aqui, no rescaldo das eleições:

«Mas para o Chega é melhor assim, um governo estável não lhe dá jeito nenhum. E por que raio há de o país precisar de um governo estável? Não interessa nada, o Chega precisa de um governo fragilizado, o país que se lixe, que se aguente, já se aguentou até aqui.»

Eleições passadas chega a altura, perdão, advém a altura de eleger o presidente do parlamento. À primeira falhou, nada de estranho nisso, já se tornou comum ver o Drézito dar o dito por não dito, é uma prática recorrente feita à medida do que mais lhe convém consoante a situação que enfrenta; Não é não mas sim pode ser que sim como pode ser que não, logo se vê 

Veio-me à cabeça aquele circo no Congresso dos EUA com quinze voltas de eleição do speaker, e o país à espera de uma aprovação de orçamento, entre outras urgentes, até lá conseguirem pôr um paspalho do Trump (que logo foi ao beija mão do Padrinho), o país que se lixe.

Mas eu falava do Drézito... O Drézito que se apressou a vir declamar em palco que é agora "o líder da oposição", que os outros "querem é defender os seus tachos". Ele não...

O Drézito, graças ao PS, é o líder do terceiro partido mas atribui-se o papel do segundo "legitimando-se" num acordo institucional como se fosse um acordo de governação, uma desculpa esfarrapada mas ali à mão para vingar a birra por não ter sido ouvido e a sua chantagenzinha levada em conta; recusa-se a fazer, ou a reconhecer, a distinção,  nada de novo aqui, é a demagogia habitual. 

Drézito, 

Ainda bem que o PSD e o PS, os dois maiores partidos, conseguiram estabelecer um acordo para pôr a Assembleia a funcionar, por mais que isso contrarie os teus planos; não te ponhas em bicos dos pés, és ridículo, os dois maiores partidos estabeleceram um acordo. Ponto. 

Dois pormenores acrescento: 

- Uma vez mais o PS pode agradecer-te, não foras tu e não teria conseguido o biênio da presidência, se esta legislatura chegar a 2026 o que é altamente duvidoso

- O voto é secreto, olhem que é secreto... 

Há 78 deputados PSD + 2 deputados CDS + 8 deputados Liberal; isto perfaz os 88 votos no Aguiar Branco

O PS tem 78 deputados, o Assis teve 90 votos... 
Pergunto-te eu: Tens alguma ideia sobre como foi criado este impasse, sem votação com a necessária maioria, que tanto jeitinho contavas que te desse?
 

Eu não sou de intrigas mas cá para mim o "impasse" saiu-te pela culatra. Não me venhas falar de "unir esforços" e de "escolha de companhias". 
Vamos ver como irás escolher as tuas companhias, veremos quantas vezes te irás unir à esquerda para alcançar os teus desígnios pessoais estando-te a borrifar de alto para as consequências que recaiam sobre o país. Veremos. 

Todos os megalómanos são mentirosos, egocêntricos, têm ânsias de poder, não têm palavra nem honra e, a maioria, Drézito, tende a acabar mal


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HOJE, 22 ANOS DEPOIS

 Fez hoje 22 anos que, pelas 2h da manhã, andava eu a passear o meu anjo da guarda, o meu inesquecível Merlin, o cão-mago; Menos de 6h depois entrava calmamente no hospital para trazer ao mundo o meu filho. Claro que sabia que a minha vida iria mudar mas confesso que não tinha bem a noção do quanto mudaria, do quanto eu mudaria... Eu, tal como me conhecia, fiquei na retaguarda, lá bem para o fundo. A mãe do Luís emergiu e tomou conta de tudo: do Luís, e da vida do Luís, e de mim, e da minha vida, da minha casa, de tudo o que sentia, e temia, e ansiava, e projectava, e fazia, e como e por quê.

Aprendi o que todos sabemos, só na teoria, antes de ter filhos: os filhos não vêm com manual de instruções, é um desafio para o resto da vida; a opção de "tentativa e erro" não é a melhor, é assustadora para quem tenha dois dedos de testa, não há espaço para esboços, tudo o que esculpimos, fazemos, dizemos, fica gravado à primeira. 

Hoje, 22 anos depois, quando olho para dentro daquele jovem homem sinto que não me saí nada mal. Faria tudo igual? Nem tudo, mas quase tudo. Quando aquele menos de um metro de gente me perguntava "Mamã, o que queres que eu seja quando for grande?" Voltaria a responder-lhe, "Quero que sejas boa pessoa e o que te der na gana". Voltaria a dizer-lhe todas a vezes que disse até ter a certeza de que estava gravado: "O mais difícil de recuperar quando se perde é o carácter, quase sempre é irrecuperável". 
Hoje dou graças por todas as conversas até altas horas da madrugada quando, sentados na minha cama, deixávamos fluir as palavras até o sono nos vencer mas não antes de estarmos em paz e de consciência leve. 
Dou graças por toda a paciência e dedicação, que derrotavam qualquer ideia de sacrifício, que me levaram a fazer quilómetros, a inventar como preencher horas de espera, a abdicar de planos e vontades provando assim que estaria sempre lá, disponível e acessível; Dizer não basta, ser o "mais-que-tudo" não é o "quase-tudo", quase tudo não assegura quase nada. E também disse: "Tu és a pessoa mais importante da minha vida mas não és a única, há mais pessoas que temos de considerar e eu também tenho de ser levada em consideração" 

Hoje, 22 anos depois, dou graças pelas aulas de xadrez, preferidas às aulas de Karaté apesar dos amigos as escolherem, que ajudaram a criar correntes de raciocínio lógico substituindo-se à desgraçada matemática. 
Dou graças a tê-lo sempre à mesa "dos crescidos", presenciando as conversas, as discussões, as piadas em catadupa, as opiniões políticas, a amizade, a vida tal qual ela é. 
Dou graças por todas as promessas cumpridas, mesmo por vezes a contra-gosto, que evidenciaram a importância da palavra dada. 

Hoje, 22 anos depois, dou graças pela família que temos e que, dos mais presentes aos mais ausentes, têm sido uma presença afectiva que sempre transmitiu segurança e um fundamental sentido de pertença que não é substituível; o tão importante sentido de pertença não é inato, tem de ser edificado pedra a pedra, ano a ano, não se pode fingir, só quando cimentado com sinceridade e afecto é sólido

Hoje 22 anos depois, nada do que escrevo é o elogio da minha maternidade, não há semente que germine em solo ruim.
É uma declaração de amor, e respeito, que se mantém constante desde o primeiro momento, e esse foi o momento em que, conscientemente e por opção, te acolhi em mim, como parte de mim, a parte mais importante de mim, para o resto da  vida. É o reconhecimento de que todas a regas e toda a dedicação foram sempre recompensadas com os mais belos e doces frutos.

Obrigada meu filho por elevares o sentido da minha vida, por me elevares a ser o melhor que sei ser


QUANDO O "DIA DO PAI" JÁ NÃO É

O Dia do Pai já não é,  já não faço cinzeiros de barro na escola nem desenhos a lápis de cor em que o pinto de chapéu, de mão dada comigo

Já não viajo no banco de trás do carro em silêncio pedindo quase sempre para ouvir a mesma cassete gravada em casa com excertos das peças clássicas de que eu mais gostava

Já não percorro as montras das lojas mais variadas em busca de um desejo manifestado, de uma novidade cativante, de um livro que seria protagonista de uma conversa para horas

Já não procuro um restaurante onde as conversas alheias chegam apenas num murmúrio, os empregados não têm pressa de nos servir o café e de onde saímos a pensar quando voltaremos

Quando chego a casa com o Sol a dar ares do seu despertar já não percorro o longo corredor sem acender a luz, sustendo a respiração,  e enfaixando-me sem apelo nem agravo no aquecedor a gás que "alguém" mudou estrategicamente de lugar

Já não preciso consultar três livros em vez do manual de história ou de filosofia para não ser trucidada na sala de aula por aquele professor com quem vivia desde que nasci (como me fez falta a Internet...)

Já não tenho trocas de tiradas em são-micaelense cerrado, falado à velocidade da luz,  para poder trocar disparates e apreciações mordazes no meio de uma qualquer reunião social entediante

Já não fico a falar do filme que passou na TV, ou que vi no cinema, diante um bule de chá ou um copo de whisky trocando interpretações, observações, perspectivas, criando outros olhares 

Já não chego a casa cheia de novidades, aguardadas com avidez, sobre o congresso partidário ou a ceia depois do comício e o que disse este e respondeu o outro que te manda muitos cumprimentos

Já não... Já não... Já não

Agora tenho fotografias, tenho cartas que sei de cor, tenho conversas que me vêm à memória no momento certo, tenho segredos, tenho histórias vividas e confessadas que conto ao meu filho, tenho uma herança cultural, ética, filosófica
mas Dia do Pai já não tenho 


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NÃO DIZES NADA SOBRE AS ELEIÇÕES?

 «Então não dizes nada sobre as eleições?»

Eu explico: às vezes mais vale estar calada. 

Às vezes mais vale fechar a boca do que dizer seja o que for "post facto"; não serve de nada, pode ser ofensivo, pode até ser tomado como uma arrogância  parafraseando um "eu é que sei"

Umas eleições não são um campeonato desportivo, ou não deveriam ser, não está em causa o "que ganhe o meu clube", não é, ou não deveria ser, uma escolha emocional, afectiva, há que pensar no que está em causa e no que se pretende, qual a melhor opção para favorecer ou desfavorecer o que está em causa

Estas eleições poderiam ser definidas como um "Que sorte!" «Parti uma perna, que sorte, podia ter partido as duas". É uma atitude louvável para quem parte uma perna mas eu tenho mau feitio, sorte mesmo é não partir nenhuma

A esquerda berra e grita que o país está entregue à direita... À direita, Direita, não está, ponham lá a mãozinha na consciência e pensem lá no que é, de facto, a Direita.  O país foi entregue a quem está à direita da esquerda mas não à Direita. Pessoalmente regozijo-me que tenha havido o bom senso, previamente declarado, de rejeitar esse cenário.

Por falar em esquerda e em consciência, o PS tem vários agradecimentos a fazer, do fundo do coração: 

- Tem, em primeiríssimo lugar, de agradecer ao Chega não ter sido derrotado por uma maioria AD

- Tem de agradecer ao Costa ter dirigido o país com sua claque de apoiantes partidários colocando a sua oligarquiazinha corrupta nos poderes estando-se completamente nas tintas para a incompetência, as negociatas e os seus onerosos efeitos. Promoveu toda a casta de malandragem, todos muito "yes-men" e garantiu a sua almofada de conforto no poder. Se a coisa sai cara aumenta-se os impostos; o "brutal aumento de impostos" que Passos Coelho promulgou face a um país deixado de cuecas, rotas, e à vigência da troika a quem o Sócrates pediu socorro, é documentadamente uma brincadeira de crianças face à carga fiscal que suportamos hoje. Os impostos não subiram, foram subindo, subindo, subindo... Estável manteve-se o 23%  do IVA, (que sorte) nunca chegou a 25%

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O Chega festeja ter sido "o grande vencedor". 

O Chega cresceu, não, o Chega aumentou, muito. Agradeça ao PS, e à geringonça, como o PS lhe deve gratidão. E agradeça a corações inflamados e frustrações crescentes. Também pode mandar um beijinho ao Rui Rio, esse rapaz cerimonioso e tímido no falar ( no dar um murro na mesa está fora de causa, é feio, e oposição de alto calibre é falta de educação)


Aqui p'ra nós, parece-me que o "grande vencedor" foi aquela coisa quase inexistente que mudou de nome para ADn - num dia 28 de Setembro, dia bem escolhido.

 A coisa, que não chegou aos 10mil votos em 2022 (são necessários 7500 eleitores requerentes para constituir um partido político, votaram os requerentes e menos de 500 amigos) 

Num quase anonimato ultrapassou os 100mil em 2024. Hein!!!

G'anda noia! Ó Marinho (Pinto), isso é tudo teu ou estas contente por me ver?

O Chega também festeja a derrota do PS, como se tivesse contribuído para isso... NÃO CONTRIBUIU, bem pelo contrário

Pois, não se pode contribuir para tudo. Tivera tido mais 1% e reinaria  o PS mais 4 anos. Mas para o Chega é melhor assim, um governo estável não lhe dá jeito nenhum. E por que raio há de o país precisar de um governo estável? Não interessa nada, o Chega precisa de um governo fragilizado, o país que se lixe, que se aguente, já se aguentou até aqui.

E aqueles que votaram Chega mas que põem o país acima de partidos repito o que disse acima:  eleições não são um campeonato desportivo, ou não deveriam ser, não está em causa o "que ganhe o meu clube",  há que pensar no que está em causa

O mesmo se poderá dizer àqueles que votaram BE, a AD agradece.

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 «Então não dizes nada sobre as eleições?»

Digo isto, só isto:

A direita Direita, esteve mal, a esquerda, Esquerda esteve mal. 

Muita paixão e pouca cabeça. Raramente dá bons resultados

E a AD? A AD teve sorte, só torceu o pé, não partiu as pernas, consegue andar.

 Até onde? Durante quanto tempo? Depende de quais os valores que mais alto forem levantados. Não será muito auspicioso considerando as amostras em epígrafe

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