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OS ALEMÃES QUE FALAM RUSSO (E MANDARIM)


Berlim, 15 dez 2024 (Lusa) - O co-líder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Tino Chrupalla, afirmou hoje que a Alemanha deve reconsiderar a sua manutenção na NATO se a aliança não defender os interesses dos países europeus, “incluindo os da Rússia”.
“A NATO não é atualmente uma aliança de defesa. Uma comunidade de defesa deve aceitar e respeitar os interesses de todos os países europeus, incluindo os interesses da Rússia”.
“O governo alemão deve optar pelo final da guerra. A Rússia ganhou esta guerra. A realidade surpreendeu aqueles que afirmam querer tornar a Ucrânia capaz de vencer a guerra”, disse o político de extrema-direita.

Vai daí, qual é o título que o Pravda publica? Não vale a pela falar do AfD, fala-se da Alemanha e está feito (A foto é deles)

Germany admitted that NATO 
is not about German interests

Se, até finais do Séc.XX, alguém viesse dizer que após uma década de Séc.XXI veríamos a extrema-direita europeia (e americana)  defender a Rússia e os seus interesses, mesmo os que declaradamente tem sobre o Ocidente, seria tido como louco ou supinamente ignorante. É espantoso!

E a quantidade de amiguinhos que estes gajos têm... Andam todos a comer da mesma malga, doa a quem doer.

Moscovo cultivou durante muito tempo "relações de amizade" com dezenas de membros da AfD,  através de viagens luxuosas à Rússia tudo pago, segundo documentos e entrevistas.
O carismático deputado Petr Bystron (AfD) fez uma viagem secreta de 3 dias à Bielorrússia em Novembro de 2022, que só reconheceu depois de ter sido exposto pelos meios de comunicação social lituanos e alemães. Kalbitz também visitou frequentemente Moscovo “para consultas”. Essas visitas foram patrocinadas pela Fundação Russa para a Paz, propriedade do chefe da Comissão de Relações Externas do Parlamento russo, Leonid Slutsky, que tem sido repetidamente denunciado como parte das manobras dos serviços secretos militares da Rússia.
O dinheiro chega através de “pagamentos de serviços”, todos eles minuciosamente documentados pelos russos. As autoridades receiam que venha à tona outro caso semelhante ao da francesa Marine Le Pen,  que obteve um empréstimo em condições mais do que vantajosas junto de um banco russo; esta hipótese é apoiada pelo facto de o adido russo em Berlim descrever Markus Frohnmaier, deputado doAfD, como “um legislador totalmente controlado” no Bundestag, o que sugere que a Rússia desenterrou um “kompromat” sério

Deixo aí a baixo um excerto traduzido do DER SPIEGEL de Abril 24 (e o link ao original) sobre as ligações doAfD à China, Rússia e a quem tenha um punho de ferro e a conta bancária generosa. 
Muito interessante e educativo









«.../... Não se trata apenas de deslizes de políticos individuais. Desde a fundação do partido, os membros da Alternativa para a Alemanha têm procurado contactos com Estados autoritários, em particular com a Rússia. .../...
Os contactos da AfD com a autocracia russa são multifacetados - mas, no seu conjunto, começam a parecer uma rede bem tecida. E é provável que um outro membro da AfD tenha algo a ver com isso: Vladimir Sergiyenko, que, até há pouco tempo, foi colaborador do deputado da AfD Eugen Schmidt.

.../...Em "chats" confidenciais, discutiu com uma sinistra pessoa de contacto em Moscovo se as entregas de tanques alemães à Ucrânia poderiam ser impedidas ou atrasadas através de uma ação judicial. Para o efeito, escreveu que seria útil um “apoio financeiro”. De acordo com as conversas, o objetivo da operação era claro: “O trabalho do governo deve ser dificultado”.
Em conversas confidenciais, discutiu com uma sinistra pessoa de contacto em Moscovo se as entregas de tanques alemães à Ucrânia poderiam ser impedidas ou atrasadas através de uma ação judicial. Para o efeito, escreveu que seria útil um “apoio financeiro”. De acordo com as conversas, o objetivo da operação era claro: “O trabalho do governo deve ser dificultado”.

.../...Durante a última legislatura, Sergiyenko estava a trabalhar para o então deputado da AFD Ulrich Oehme. Em Dezembro de 2019, os dois viajaram para a Bielorrússia e reuniram-se no President Hotel com representantes das duas repúblicas auto-proclamadas de Donetsk e Luhansk. De acordo com as actas dessa reunião, os separatistas expressaram gratidão pelo “passo corajoso dado pelo Sr. Oehme” para se encontrar com eles e queixaram-se do que alegaram ser um “putsch” apoiado pelo Ocidente na Ucrânia em 2014. Todas as pessoas com quem Oehme e Sergiyenko se encontraram nesse dia constam actualmente de listas de sanções internacionais.

.../...As descobertas das agências de segurança internacionais lançam luz sobre a origem provável deste documento. Durante uma reunião realizada no início de setembro de 2022 nos escritórios da Administração Presidencial, uma chefe de departamento chamada Tatyana Matveyeva foi encarregada de desenvolver um novo conceito para o partido Alternativa para a Alemanha, a fim de melhorar os seus números nas sondagens e alcançar uma maioria nas eleições a todos os níveis, como diz um memorando de uma agência de inteligência ocidental.
Os presentes chegaram mesmo a falar de uma possível mudança de nome do partido. O AfD, sugeriram alguns, poderia chamar-se “Alemanha Unida” ou “Unidade Alemã”.
As agências de informação ocidentais acreditam que o Kremlin esperava que o partido, com o seu novo nome, fizesse aprovar uma proibição da discriminação dos chamados “alemães russos” - os alemães étnicos e os seus descendentes que nasceram na União Soviética mas que vivem atualmente na Alemanha - e estabelecesse coligações com outros grupos extremistas. O Partido de Esquerda, de extrema-esquerda, que nessa altura ainda não se tinha dividido, foi explicitamente mencionado como potencial parceiro.

Mas porque é que os países autocráticos sob liderança comunista procuram estabelecer laços com os partidos de extrema-direita e os seus políticos?  “A China está a investir em actores políticos que acredita terem potencial para ascender ao poder e poderem exercer influência na opinião pública”, diz o especialista em China. Os chineses estão preocupados com a mudança do discurso sobre o seu país e com o acesso à informação.

Os políticos pró-Kremlin são alvos especialmente fáceis para os lobistas e agentes dos serviços secretos chineses. “Tal como a Rússia, a China apresenta-se como um contra-modelo do Ocidente livre, o que torna estes países interessantes para muitos extremistas”.

Os serviços secretos chineses são extremamente pacientes, diz, quando se trata de exercer influência sobre as pessoas, ganhar a sua confiança e, por vezes, comprar a sua lealdade com dinheiro.

O chamado manifesto não é o único documento do aparelho de poder de Moscovo em que os estrategas expõem as suas ideias sobre a AfD. Há alguns anos, DER SPIEGEL noticiou um documento que foi enviado pela Duma para os mais altos níveis da Administração Presidencial. O documento era um pedido de apoio ao político pró-russo da AfD, Markus Frohnmaier. Se ele fosse eleito para o Bundestag, dizia o documento, seria “um deputado sob controlo absoluto”. Frohnmaier rejeita a afirmação e diz não conhecer o documento.

O reforço do AfD é uma estratégia interessante para os russos. Tudo o que enfraquece o Ocidente é benéfico para o Kremlin - especialmente agora que a Rússia tem um grande interesse em torpedear o apoio à Ucrânia.»

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