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O ÚLTIMO VÔO DE DAME STELLA RIMINGTON


Dame Stella Rimington foi um marco histórico como pessoa e como profissional.

Foi a primeira mulher a chefiar o MI5 e também a primeira a chefiar uma agência de Inteligência no mundo, um meio tradicionalmente dirigido pela figura do "macho alfa" 

Em 1965 encontrava-se na Índia acompanhando o marido num posto no Alto Comissariado Britânico em Nova Deli; aí  ingressou no MI5 em regime de part-time. Quando regressou ao Reino Unido, em 1969, integrou-se no MI5  a tempo inteiro. Trabalhou nos três ramos dos Serviços de Segurança: Contra-terrorismo, Contra-espionagem e Contra-subversão dos quais foi, sucessivamente, directora. 

Em 1992 tomou a chefia do MI5 a seu cargo tornando-se directora-geral. Foi responsável pela maior "visibilidade" da agência tornando os campos de actuação menos obscuros, mais compreensíveis contribuindo para a sua aceitação pública e entendimento do trabalho de Segurança realizado. Deixou os Serviços em 1996 profundamente remodelados na sua filosofia, comunicação e forma de se relacionar com as restantes agências similares e com a população britânica 

«Somos, naturalmente, obrigados a manter a informação em segredo para sermos eficazes. Isto não quer dizer que devamos ser, necessariamente, uma organização totalmente secreta. O segredo não é imposto por si só. Não é um fim em si mesmo."

"É um assunto entusiasmante e levou à criação de muitos mitos — e de algumas especulações escabrosas — sobre o nosso trabalho. Devo admitir que foi com alguma hesitação que me propus esta noite lançar alguma luz, tenho um pressentimento de que a ficção pode acabar por ser mais divertida do que a realidade.» 1994, Dimbleby Lecture - BBC TV

Nas palavras de Sir Ken McCallun, actual head do MI5:

 «A liderança de Stella proporcionou uma nova era de abertura e transparência relativamente ao trabalho que o MI5 desenvolve para manter a segurança no nosso país e o seu legado permanece até hoje. Como primeira mulher a assumir a chefia de uma agência de Inteligência no mundo, Dame Stella irrompeu barreiras de longa data e foi o percetível exemplo da importância da diversidade na liderança.»


Stella foi a inspiração para a personagem "M" interpretada por Dame Judy Dench que, nos mais recentes filmes de James Bond/007, interpretava a chefe do MI6


Escreveu vários livros, uma colecção de ficção criando a personagem-espia Liz Carlyle, outros biográficos, como "Open Secret" (2002) e vários ensaios sobre diversas vertentes de acção dos Serviços de Segurança Internos.
Em 1994, enquanto Head do MI5foi a oradora da Dimbleby Lecture de  na BBC TV e fez várias outras palestras abertas, publicou uma brochura sobre os Serviços.

Após o fim da sua carreira profissional nunca deixou de fazer ouvir a sua voz sobre assuntos que considerou importante expressar a sua opinião. (exemplo)

"As fontes humanas são provavelmente uma das fontes mais importantes de inteligência."
Esta sua opinião foi a  piece de resistence da intervenção ficcional de "M" num dos filmes de 007 (Skyfall) quando teve de defender a continuidade dos activos humanos como meio fundamental da actividade do MI6.
Abaixo deixo 2 vídeos: o ficcional e dois minutos retirados de de uma palestra pública de Stella; vale a pena comparar



Partiu esta madrugada aos 90 anos no seu último voo nocturno

No próximo mês de Outubro uma outra mulher, Blaise Metreweli, assumirá, pela primeira vez  em 116 anos de existência, a chefia do MI6; um caminho desbravado há 33 anos por uma mulher de excepção




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