::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

O APAGÃO PARTIDÁRIO

O Partido Socialista e eu não vamos à bola um com o outro; isto é como quem diz que não somos do mesmo clube. Os porquês não são para aqui chamados, era só o faltava...
O NÃO é mesmo porque não, e acabou a conversa
O Sim, se algum houvesse, não poderia ser outro do que o "Pois sim, já me tinhas dito".

Eu sei que a degradação partidária é um fenómeno nacional, não é exclusiva do PS. (Ah, não querias mais nada...)

Quando o Aníbal foi para a presidência do PSD aproveitou para resolver alguns dos seus complexos de "Puto-que-ia-prá-escola-a-pé-pela-estrada-de-Boliqueime-mas-agora-é-Prof.Catedrático-que andou-p'la-Inglaterra-e-tudo": afastou da máquina partidária tudo o que era figura que lhe pudesse fazer sombra, e vingou-se, literalmente, de tudo o que era figurão que não lhe tinha prestado a atenção que, no seu entender, merecia. O PSD, já orfão mas esperançado, acabou por dentro e implodiu mais tarde.

Ficaram por lá os que estavam à espreita, os que sabem esperar, os que se estão nas tintas para o país mas sabem que um partido dá sempre jeito para o tráfico de influências, para os seus lobizecos das negociatas.
E mais uns quantos idiotas que desde jovenzinhos sonham com a política como estrelato e protagonismo.
E mais uns quantos bem intencionados que acreditam que existe mesmo oposição, que esta é possível à revelia das reuniõezinhas privadas, pluri-partidárias, a cheirar a charuto, a whisky e a esturro.

(Então agora, com o Aníbal a fazer de Mário Soares-mas-mais-discreto-a-dar-ares-de-ponderado-no-seu-silêncio, pouco digno, digo eu, está a malta toda mais à-vontade para se coçar, lá pela zona laranja.)

Ai Nélita, onde tu te foste meter...

E o CDS? Desculpem... O PP?
PP é um nome bem posto... assim: Pêpê, como um teenager retardado, nado e criado ali pelas imediações da Av. de Roma/ Pça. de Londres, com umas massas no bolso, gasolina na moto e um colega por quem copiar na faculdade.
O outro PP, digo, Paulo Portas, que me desculpe, conheço-o de "outros carnavais" e, pessoalmente, como cabeça e relação social, até gosto dele, mas por que raio havia de se ir meter naquilo? Pois... Foi uma oportunidade inigualável, quando ainda havia Adriano Moreira e dava gozo mostrar à malta a ampla careca do Freitas. Só foi chato ter de se enfeudar daquela maneira, na altura ele até tinha futuro no PSD mas, na verdade, tinha mais degraus para subir, a fila era maior e a concorrência mais acirrada. Agora aquilo já nem é um partido, aquilo nem um "cozido à portuguesa" é.

E o PC?
...e o PC?
Se eu fosse do PC, mesmo, de há muito tempo, só iria a comícios e coisas parecidas com uma mesa de pé-de-galo ou uma tábua ouija. Agora é que é caso para dizer: o Álvaro faz (lá) falta.
O PC morreu, Viva o PC - soa bem mas não resulta. Não resultou. Não está a resultar.

E o B.E.
Bem... apareceu recentemente, se comparamos com os outros, ainda não tiveram tempo de desatar todos ao estalo. É claro que, mais dia menos dia, vão mesmo pegar-se.
Aquele partido nasceu de uma necessidade de a esquerda se renovar, se reorganizar, se re-aglomerar. É uma família de filhos adoptados nascidos em meios muito diferentes, com culturas diferentes, visões ideológicas diferentes. Tem tiques intelectuais que não ajudam na congregação da "esquerda-festiva com o proletariado-militante".
Quanto àquele rapaz que tem vindo a protagonizar o leque, que vai de UDP's que amadureceram a PS's desiludidos, passando pelas estruturas político-mentais mais individualistas, tem vindo a lucrar com o facto de não haver nenhum "revolucionário" na cena política actual. É uma especie de MRPP dos tempos modernos, com mais raiva, menos graça e nenhuma ingenuidade.
Não quero agoirar, mas vai dar estalo. E também é verdade que não vai a parte alguma, faltam-lhe os votos e o muito que é preciso além dos votos e para ter votos, mesmo, à séria. Refilam imenso, valha-nos isso.


Mas voltando ao PS e à degradação partidária.

Um problema que o PS tem que o PSD já não tem é que ainda não se deram conta de que o PS também já não existe.

"Essa agora... ", ouço o coiro, "então ainda agora confirmaram o seu lider com 96,...% e não existe? Existe e está coeso". Uma gaita, respondo eu.

Como é que se fazem congressos? Com delegados ao congresso que vão votar "pelos partidários". Delegados que agarram na lanterninha de bolso e afirmam que "um socialista está preparado para todas as crises, para qualquer "apagão":
http://videos.sapo.pt/fkNFzpKd5oLtY7r5zW5g

Mas não é por isso que o PS não existe.

O PS "já era", como partido, não como Força Política, pela mesma razão que não existe o PSD: não existe seriedade, honestidade político-partidária, não existe "amor à camisola" na classe política - nas bases sim, ainda, um pouco, mas as bases não mandam nada.

Existe carreirismo, corrupção, encubrimento, e muita, muita negociata escura, no país; Na "máquina do país" e nos que a movimentam, a mantêm, a lubrificam. O resto é conversa. Muita conversa, muita mentira, muitas complicidades secretas, muitos interesses em jogo... e muito jogo.

Quando chega a hora de tocar para o jogo não há partidos nem fidelidades, não há compromissos programáticos nem com o povo. (O Povo? Raio, como é que o povo aparece aqui, a propósito de quê? O país? Ora, o país está de rastos, isto não tem safa, não sejam anjinhos. Cada um que trate é da sua vidinha o melhor que puder... e dê uma olhada às costas dos parceiros, não vá alguém distrair-se e ainda podem ir dentro um ou dois. Deixem lá isso... Oh pá, já mandaste o teu testa-de-ferro fazer a transferência?)

Nunca, desde Abril de 1974, um primeiro ministro foi tratado pela boca do povo como este. Existiram anedotas, contestação, manifestações, bocas da reacção, etc. Nunca houve um PINÓCRATES, assim, generalizado. A sorte deste governo é que a Esquerda não consegue mobilizar-se e a Direita é comodista. Até agora só os professores conseguiram atirar umas pedras ao charco. Foi curto.

É bem possível que o PS venha a ganhar as eleições - neste país tudo é possível - MAS porque uma grande parte da população não vê alternativas. É uma razão triste.

Tudo isto é uma tristeza. Já não é só para lá do Tejo que "este país é um deserto", com muita areia...


2 comentários:

Obelix disse...

Mais palavras?
Para quê?

Alex disse...

Ai Obélix, meu amigo, eu ainda dizia mais umas palavrinhas... ou talvez melhor dizendo, uns palavrões.