Na passada quinta-feira, dia 23, bem a meio da semana, em dia de trabalho, Vladimir Putin foi botar faladura durante um grandioso comício de apoio à sua "candidatura" às eleições que se realizarão no próximo dia 4 de Março. E quando digo grandioso quero mesmo significar GRANDIOSO. Embora a dimensão de "grandioso" à escala russa, e particularmente em Moscovo, não possa ser comparável com a nossa lusitana "escala de grandiosidade" - a área metropolitana de Moscovo tem mais habitantes do que Portugal inteirinho, mais de 12 milhões de moscovitas - mesmo assim a coisa foi grandiosa pelos parâmetros russos. Chegaram apoiantes de dentro e de fora de Moscovo e, segundo dizia o jornalista da BBC, «uns porque quiseram ir outros porque os patrões os mandaram». Venenos... http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-17148845
Mas hoje, dia 26, hoje Moscovo acordou diferente. Não tão diferente que tenha acordado o mundo mas suficientemente diferente para dar um grande abanão na prolongada dormência moscovita.
Um cordão humano anti-Putin propôs-se realizar um circulo em torno do centro político de Moscovo, ao longo de 16Kms, encerrando o Kremlin. A primeira intenção seria apenas conseguir circundar o centro político em silêncio mas as reacções de apoio por parte daqueles que circulavam de automóvel vieram transformar esta manifestação silenciosa num acontecimento muito mais vivo, emocionante e significativo. Ao longo da manhã centenas de automóveis foram chegando e circulando ruidosamente pelas ruas ao longo das quais se estendia o cordão humano já denominado "White Ring".
Algumas coisas levam muito tempo a mudar mas lentidão não é o mesmo que inércia.
No segundo vídeo, já aqui abaixo, podemos ver soldados e polícia colocados a pequenos espaços ao longo do cordão humano; até aqui tudo normal, aliás estas forças parecem calmas e meramente presentes. Ao minuto 3:10 pode ver-se surgindo do lado direito um militar admiravelmente trombudo, de câmara de vídeo em punho, filmando os manifestantes; a expressão do homem diz tudo, dispensa comentários.
Putin sairá vencedor das próximas eleições, o mundo inteiro sabe disso. Com eleições ou sem elas Putin é eleito. Os próprios russos, mesmo aqueles que contestam Putin, não têm esperança alguma mas esta não é a parte mais grave. A parte mais grave é que a desesperança vai muito além das eleições, projecta-se em toda a vida política e social a cada dia, ano após ano. Os russos, de um modo geral não acreditam que Putin e o seu regime sejam algumas vez derrotados.
Aqueles que, bem ou mal, vivem em democracia sabem que não é assim.
Um dia este regime será derrotado, provavelmente não em eleições, mas nas ruas. As primaveras políticas começam assim, na rua.
A PRIMAVERA DE MOSCOVO?
Publicado por Alex at domingo, fevereiro 26, 2012
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2 comentários:
Pois... Na rua... Só espero que a coisa não dê para o torto. É que aquela malta, tem a escola do KGB...
Olá...
Pois é verdade, são perigosos, frios, cegos. Mas um dia também verão chegar o seu fim, nem que seja morrendo de velhos.
O mundo actual tem defeitos terriveis, violentíssimos, mas já não se compadece com tiranos.
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