::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

A GRÃ-BRETANHA DE SCHRODINGER

«O artigo 50.º do Tratado da União Europeia prevê um mecanismo de saída voluntária e unilateral de um país da União Europeia.Um país da UE que pretenda retirar-se deve notificar da sua intenção o Conselho Europeu, a quem caberá apresentar orientações para a celebração de um acordo que fixe as modalidades da saída do país em causa.

Este acordo é celebrado por maioria qualificada pelo Conselho, em nome da UE, após aprovação do Parlamento Europeu.

Os Tratados deixam de se aplicar ao país que efectua o pedido desde a entrada em vigor do acordo ou, o mais tardar, dois anos após a notificação de saída. O Conselho pode decidir prolongar este período.

Qualquer país que saia da UE poderá solicitar a respetiva reintegração, devendo voltar a submeter-se ao procedimento de adesão»


clik to enlarge
What now?

A libra, obviamente, caiu - às 03:00 da manhã já tinha caído quase 5%

A Escócia, claramente a favor da permanência na U.E. , volta a jogar a carta separatista; só que desta vez com razões acrescidas...

A Irlanda fez saber que deseja manter abertos os canais comerciais com a Europa. Politicamente o que quer isto significar?

Face ao separatismo na Catalunha a bolsa espanhola lidera hoje as quedas europeias com uma taxa de -15,90%; "estabilizada" depois na casa dos 11,--%

Angela Merkel
está preocupada, e com toda a razão. Além de tudo o que preocupa a Europa, a chanceler alemã foi o único lider europeu que teve a coragem de fazer o que devia humanamente ser feito face à desgraça, à dramática desgraça, dos refugiados em fuga de uma existência insustentável. E está a sair-lhe caro, muito caro, porque muita gente não percebe, não quer perceber, que os terroristas entram na Europa com ou sem refugiados. Aliás, já cá estão, com nacionalidades e passaportes europeus. O medo irracional gera a pior das cobardias: a ausência de solidariedade humana, e, já agora para quem lhe sirva a carapuça, a ausência de solidariedade cristã.

Matteo Renzi também tentou, ali mesmo à beira do Mediterrâneo com pessoas a morrerem-lhe nas praias, mas faltam-lhe os euros, sobra-lhe corrupção e também está a ser castigado: das recentes autárquicas à queda da bolsa em Itália, a segunda maior queda de hoje, tudo o demonstra.

E a Grã-Bretanha, é um gato vivo ou um gato morto?

Quero eu dizer, entre o "Remain" e o "Leave", Europa à parte, o que se vai revelar de facto melhor para a Grande Ilha, ser uma ilha ou pertencer a uma comunidade continental? Depois de birras, individualismos e nacionalismos como será viver "orgulhosamente I, Me and Myself"?
Pois, não se sabe, o "gato" ainda não foi observado, é o Reino do Princípio da Incerteza. 


What's next?
As esquerdas arreigadas e as direitas nacionalistas vão içar a bandeira do "Brexit" na defesa das suas guerrilhas de estimação para fustigar a complicada estabilidade europeia.

(A CGTP já hoje vomitou que os resultados do referendo britânico são:
« ...uma profunda derrota para interesses do grande capital, e acrescenta, confirma a rejeição das políticas federalistas e neoliberais impostas na União Europeia».
Impostas? Mas já alguém por cá legitimou nas urnas a "rejeição das políticas federalistas e neoliberais" da União Europeia?Nas últimas eleições a percentagem dos anti-europeus, feitas as somas, situava-se nos 18%. Não se habituam à democracia estes gajos... )

A estabilidade dos mercados financeiros, já de si abalada por situações económicas mas também sociais e políticas - da invasão de refugiados à radicalização dos extremos ideológicos passando pela(s) crise(s) no Médio-Oriente, a regressão de mercado na China, as flutuações do petróleo (legal e contrabandeado), os arrufos sociais e militares de uma Turquia imprevisível, as eleições nos E.U.A , os finca-pés de Putin face à NATO e ao Acordo de Minsk - pois... a coisa não anda fácil e a forçosa adaptação dos mercados europeus a uma Grã-Bretanha... diferente, não vai ajudar, nada; nem agora nem quando o "divórcio" se efectuar na prática.
E Cameron vai-se embora... Não que faça grande falta, em última análise foi ele que começou este sarilho e deu um tiro no pé. A questão é outra... "Atrás de mim virá quem bom me fará", diz o povo. Aquele pessoal do "Brexit" é um bocado alucinado, inconsequente. Esses ingleses têm no ADN aquela vontade, que se tem vindo a tornar cada vez mais desfasada da evolução do mundo, que os leva a ter o volante à direita e a circular pela esquerda, entre outras coisas. A bem de quê? Francamente não facilita...Não me passa pela cabeça que, depois deste disparate, o prime-minister venha a ser um tipo como aquela espécie de Trump-feito-à-pressa, refiro-me ao alucinado Boris Johnson.
God save the Brits!

Enfim, nem tudo é mau, ir a Inglaterra vai sair mais barato e até pode ser que baixe por cá o preço do whisky. E pode ser que aquela bruxa má, o lider do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, também se demita após lamentável campanha que fez, com um pé dentro e outro fora.
Como disse hoje o presidente do Conselho Europeu, o polaco Donald Tusk,"O que não nos mata, torna-nos mais fortes". Assim seja.

Sem comentários: