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OPERAÇÃO "MURO DE JERICÓ"

 ou A EXPIAÇÃO DA ARROGÂNCIA


Em meados de 2022, mais de um ano antes do ataque de 7 de Outubro, os Serviços de Inteligência de Israel obtiveram um plano de ataque elaborado pelo Hamas que recebeu o nome  de código "Muro de Jericó"  (Jericho Wall). 
O documento, com cerca de 40 páginas, não estabelecia uma data para o ataque mas descrevia - ponto por ponto - o planeamento do mortífero assalto que o Hamas conseguiu levar a cabo em território israelita; com grande detalhe enumerava e coordenava as operações programadas para destruir as fortificações em torno da Faixa de Gaza (em 60 locais diferentes), a destruição das torres e centros de comunicações e o bombardeamento das câmaras de vigilância como acção inicial, a tomada de cidades e kibutzs israelitas, o ataque às principais bases militares (Gaza Headquarters) com o fim de as debilitar. 
O plano foi seguido com precisão pelo Hamas
Poderia ter sido uma importante vitória para a Inteligência israelita... Poderia. 

O documento circulou por gabinetes de responsáveis sénior, militares e dos Serviços Secretos -  Mossad, AMAM (inteligência militar) e Shin Bet (segurança interna). Foi descartado como sendo: « O que o Hamas quer ser mas não é", um mero plano "motivacional muito longe do que o Hamas será capaz de realizar" considerando que a milícia terrorista seria incapaz de violar as vedações fronteiriças de segurança de Israel; dos 60 locais projectados consideraram que 2 talvez fossem vulneráveis

Já em Julho de 2023 uma analista de Inteligência do Shin Bet, que fazia a revisão de intercepções de exercícios militares do Hamas em vídeo, considerou-as "muito semelhantes" ao que estava descrito no documento já conhecido; comunicou, por escrito: "o Hamas tem vindo a diminuir as lacunas entre o projectado na operação 'Muro de Jericó' e as suas reais capacidades operativas". Como resposta, vinda das mais elevadas hierarquias de segurança, recebeu um e-mail dizendo: "Isto é um plano imaginário, nunca o conseguirão realizar".

Ainda que o plano fosse tido como inviável poderia ter sido considerado como um fundamento para alteração da resposta de segurança de Israel, poderia ter sido equacionado um "Se o fizessem como responderíamos?". 
Poderia... Tragicamente não foi.

A 28 de Setembro, 8 dias antes do ataque, múltiplos analistas de Informação internacionais alertaram para que a milícia terrorista do Hamas estava pronta a intensificar os ataques com rockets através da fronteira.
A 5 de Outubro, dois dias antes do ataque, um telegrama da CIA alertava para a possibilidade crescente de violência por parte do Hamas.
A 6 de Outubro, na véspera do ataque, circularam informações de várias agências de Inteligência internacionais que assinalavam uma atividade invulgar do Hamas 
Israel fundamentou a sua relutância em dar crédito aos múltiplos avisos na ausência de comunicações entre líders e operacionais do Hamas garantindo que mantinha uma acérrima vigilância dos contactos
 
Durante os dois anos de planeamento, uma pequena célula de líders do Hamas operou nos túneis, utilizou linhas telefónicas com fios para comunicar e planear a operação, evitaram usar computadores e telemóveis, utilizaram uns punhados de crianças como mensageiros e o mais que fosse necessário para evitar ser detectados pelos diversos serviços secretos mantendo-se ocultos até chegar o momento de ativar centenas de combatentes que lançaram o ataque 

Não se conhecem provas de que Netanyahu esteve em posse deste documento mas não existe qualquer dúvida de que foi avisado repetidamente, não só do que se associava com o Hamas mas também das movimentações do Hezbollah e das intenções de destabilização provenientes do Irão, que em nada se faz rogado na ajuda ao seu aliado Putin; onde se foca a atenção a Israel desfoca-se a assistência à Ucrânia. Por certo que mais tarde ou mais cedo virá a público quem folheou este documento, quem o descartou e quem lhe conferiu credibilidade

Por agora a culpa morre solteira

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