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DO RIDÍCULO AO GRAVÍSSIMO

 

O Departamento de Justiça acaba de apagar a sua página sobre quatro anos de investigações do ataque ao Capitólio dos EUA a 6 de Janeiro.

Trump disse e repetiu exaustivamente durante toda a campanha, e mais além, que os Democratas tinham apagado o relatório e as provas que o suportavam para poderem "inventar" os actos de violência e acusar "à vontade" os participantes

Mas a vida é madrasta... O Departamento de Justiça pode apagar o que quiser, o relatório, os documentos admitidos em tribunal, os vídeos, depoimentos e outra documentação compilada para os dossiers da Comissão do 6 de Janeiro no Congresso estão todos publicados AQUI. Aquilo que é publicado num site pertencente a determinado governo é propriedade desse governo, não da Administração em funções. A tentativa não é sequer de tapar o Sol com uma peneira, é mesmo só o aro da peneira a servir de moldura ao Sol.

Isto é grave na intensão, no objectivo, de resto não passa de ridículo

Select January 6th Committee Final Report and Supporting Materials Collection | GovInfo

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O que nada tem de ridículo e é desmesuradamente grave é Trump estar a conceder autorizações de segurança temporárias (security clearances), com a duração de seis meses, aos novos funcionários da Casa Branca que não tenham concluído o processo de verificação exigido antes de serem autorizados a aceder a informações altamente confidenciais; acha que estão a "levar muito tempo", fazem uma "acumulação de verificações de antecedentes" - muitos dos quais  ele ajudou a ocorrerem. "Há um atraso criado pela Administração Biden no processamento das habilitações de segurança dos indivíduos contratados para trabalhar no Gabinete Executivo do Presidente", diz o memorando executivo de Trump, referindo-se a um gabinete que emprega centenas de pessoas.

Memorandum to Resolve the Backlog of Security Clearances for Executive Office of the President Personnel – The White House

Estas autorizações de segurança temporárias não só concedem acesso às informações classificadas como aos documentos e informações mantidos em compartimentos de alta segurança onde nada mecânico ou electrónico entra e de onde nada sai para consulta; de planos de guerra, localizações sensíveis, a entidades infiltradas está por lá de tudo, como num hipermercado...

Um ex-funcionário da área de segurança dos EUA, que trabalhou na primeira administração Trump e na administração Biden,  desabafou a sua preocupação relativa aos parceiros dos serviços secretos estrangeiros, dos quais os EUA dependem para grande parte do seu trabalho de informação, pois é provável que estes venham a reduzir significativamente o que partilham com os EUA por receio de que as suas fontes possam ser postas em perigo.

"Começarão a restringir as suas informações. Se alguém do outro lado não foi verificado, por que razão  partilhariam informação secreta? É uma coisa muito perigosa, renunciar a esse processo é uma estupidez".

 Vários dos novos funcionários de Trump submetidos a verificação nunca tiveram acesso a informações classificadas; num processo "normal" não lhes seria concedida uma autorização provisória sem que, no mínimo, preenchessem um formulário governamental, a ser revisto e verificado, que documenta informações pessoais e outras informações básicas. Outros foram objecto de algum controlo mas nunca se submeteram a um teste de polígrafo, requisito rigoroso e fundamental para o acesso à rede classificada da comunidade de informação dos EUA ou até muito menos do que isso... 

A autorização Top Secret e SCI concede às pessoas acesso a informações que, se divulgadas, podem  causar "danos excecionalmente graves à segurança nacional", de acordo com o Manual do Departamento de Defesa.

A elegibilidade é reservada a pessoas que têm necessidade de saber e que demonstraram o cumprimento das 13 Diretrizes de Segurança Nacional, que incluem a lealdade aos EUA, bem como uma conduta pessoal, sexual e financeira responsável (leia-se, passível de não ser utilizada em chantagem ou qualquer outro tipo de pressão)

Imaginemos que  os novos funcionários de Trump que recebem autorizações de segurança temporárias
são todos gente qualificada, apta e fiável, incapaz de se vender ou simplesmente de querer mostrar o quanto sabe "daquilo de que ninguém sabe"(sim é precisa muita imaginação mas façamos um esforço).
Há fragilidades de que as pessoas não se apercebem quando não estão em posição de serem alvos prováveis, ou meramente possíveis, (spy target) de tentativas de aproximação, interrogação, influência ou qualquer outro elo fraco que as torne susceptíveis a abordagens experientes e treinadas para o fazer. A auto-vigilância, a disciplina e a noção de perigo também se treinam, saber identificar e resistir  à curiosidade, aos afectos, às tentações do ego e... às financeiras  - a quase totalidade desta gente não tem treino algum e está-lhe a ser incutida a crença perigosíssima de este não ser necessário.
A acção executiva de Trump permitirá que esses funcionários contornem efectivamente estes requisitos, pelo menos durante meio ano

Uma mente perversa poderá perguntar-se se Trump se lembrou de fazer isto sozinho, à noite chateado por o processo ser demorado, ou se alguém o terá lembrado de que poderia fazê-lo...





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