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O semanário "Sol" publicou ontem a seguinte notícia na sequência do congresso do PCP:
«Comunistas querem Governo de esquerda, mas deixam fortes críticas ao PS»
Se há coisa que admiro no Partido Comunista, e não única, é a sua capacidade de permanecer igual a si mesmo independentemente da realidade politico-social em que se encontre. Já de Álvaro Cunhal se dizia «pode-se perguntar-lhe o que se quiser que ele responde sempre o que lhe apetece». Pois é, esta rapaziada é mesmo assim.
Nas últimas legislativas, de 5 de Junho de 2011, o Partido comunista teve 7,91% do eleitorado, correspondendo a
441.852 votos. Não sei se a rapaziada terá presente que é esta a representatividade que têm na legislatura actualmente em vigor.
Mas vamos mais longe na aritmética para ver se a gente se entende:
O PS teve 28,06% do eleitorado, correspondendo 1.568.168 votos
Ora bem, a soma da percentagem PS/PCP resulta em 35,97%, ou seja, 2 010 020 votos.
O PSD sozinho teve 38,65% , ou seja 2.159.742 votos
A coligação com o CDS-PP ( 11,70% - 653.987 votos) representa 50,35% - 2 795 729 votos
Pergunto eu, o PCP quer um governo de esquerda por alma de quem?
Porque lhes apetece... Pois, compreendo, mas não chega, a menos que assumam que eles é que sabem o que é bom para o povo, que o povo não percebe nada do que devia escolher, a democracia que se lixe, escolhem eles pelo povo.
Sendo assim está bem, estamos conversados. E poupamos uma data de massa nessa mania das eleições.
Não, não estranho nada disto, em 1975 já era viva e crescidinha o suficiente para perceber o que se passava à minha volta - o que, para mal dos meus pecados que já me vão pesando, não é verdade para uma boa fatia do actual eleitorado, arremessadores de pedregulhos incluídos.
Não quero viver outro PREC, não me venham falar em "ditadura do proletariado" outra vez. Proletariado uma ova, se com 7,91% esta rapaziada se quer impor assim, com as rédeas do país, mesmo que "compartilhadas com a esquerdinha caviar", bem podíamos mudar de continente.
E diz no "Sol",
Também não passa despercebida a posição do PCP face ao Bloco de Esquerda, malta que os aborrece, rouba-lhes protagonismo e uma fatiazita apetecível de votos. São uns chatos, o PCP não deseja de forma alguma dar-lhes importância, poder então muito menos.
E vale a pena ligar ao que esta rapaziada diz?
Vale.
Não por eles, que não trazem novidades nem alteram em nada o seu discurso, já toda a gente o sabe trautear, vale pelo convite subjacente...
Em terra de cego quem tem um olho é rei, mas só se o usar; se for atrás da cegueira envolvente de nada serve. E poucas coisas cegam tanto quanto a ânsia de poder...
Qual de entre vós se encontra absolutamente convicto de que o PS não seria capaz de corresponder ao convite do PCP com um sorriso maroto?
Não estou esquecida (não sofro de lapsos de memória selectivos) de que foi o PS a grande força motriz contra os governos provisórios do camarada Vasco Gonçalves, do II ao V,que lá se foi embora a contra-gosto a 25 de Novembro de 75. É verdade, mas nessa altura era o tempo do Carlucci, o PS era outro, ainda não tinha havido legislativas e aquilo a que agora se chama "a direita" ainda não tinha ganho corpo; na altura O PPD/PSD ainda não tinha força e muitos dos que passaram a votar PSD estavam nas fileiras eleitorais do PS. O fervor revolucionário ainda estava fresquinho e na ordem do dia.
O PS actual é outro, é um PS com oposição à direita e não à esquerda e isto muda todo o discurso... e não só.
É bom, é essencial, que se mantenha isto em mente.
Não seria a primeira vez que o PS delinearia o seu projecto político à socapa e nos presentearia com uma coligação pós-eleitoral surpreendente.
Estou à espera de uma coligação PS/PCP? À priori não, mas não acho impossível, já vi coisas tão estranhas... Como uma coligação PS/CDS...
Vindo dali acredito em tudo.
Mas vamos mais longe na aritmética para ver se a gente se entende:
O PS teve 28,06% do eleitorado, correspondendo 1.568.168 votos
Ora bem, a soma da percentagem PS/PCP resulta em 35,97%, ou seja, 2 010 020 votos.
O PSD sozinho teve 38,65% , ou seja 2.159.742 votos
A coligação com o CDS-PP ( 11,70% - 653.987 votos) representa 50,35% - 2 795 729 votos
Pergunto eu, o PCP quer um governo de esquerda por alma de quem?
Porque lhes apetece... Pois, compreendo, mas não chega, a menos que assumam que eles é que sabem o que é bom para o povo, que o povo não percebe nada do que devia escolher, a democracia que se lixe, escolhem eles pelo povo.
Sendo assim está bem, estamos conversados. E poupamos uma data de massa nessa mania das eleições.
Não, não estranho nada disto, em 1975 já era viva e crescidinha o suficiente para perceber o que se passava à minha volta - o que, para mal dos meus pecados que já me vão pesando, não é verdade para uma boa fatia do actual eleitorado, arremessadores de pedregulhos incluídos.
Não quero viver outro PREC, não me venham falar em "ditadura do proletariado" outra vez. Proletariado uma ova, se com 7,91% esta rapaziada se quer impor assim, com as rédeas do país, mesmo que "compartilhadas com a esquerdinha caviar", bem podíamos mudar de continente.
E diz no "Sol",
Eleito por unanimidade (ora pois) para um terceiro mandato como secretário-geral, Jerónimo de Sousa disse que está disponível para o “diálogo” com outras forças, mas deixou um aviso: “Ninguém peça ou exija ao PCP que deixe de ser o que é”.Não Jerónimo, ninguém pede ao PCP que deixe de ser o que é, é uma impossibilidade absoluta. Quando se chega ali parou - no tempo, na mentalidade, na democracia.
Também não passa despercebida a posição do PCP face ao Bloco de Esquerda, malta que os aborrece, rouba-lhes protagonismo e uma fatiazita apetecível de votos. São uns chatos, o PCP não deseja de forma alguma dar-lhes importância, poder então muito menos.
O PCP quase ignorou o Bloco de Esquerda no Congresso, à excepção de uma crítica deixada pelo deputado Agostinho Lopes, que advertiu que “é uma ilusão” pensar que a saída para a crise europeia passa pelo federalismo como “querem o PS e o Bloco de Esquerda”.
E vale a pena ligar ao que esta rapaziada diz?
Vale.
Não por eles, que não trazem novidades nem alteram em nada o seu discurso, já toda a gente o sabe trautear, vale pelo convite subjacente...
Em terra de cego quem tem um olho é rei, mas só se o usar; se for atrás da cegueira envolvente de nada serve. E poucas coisas cegam tanto quanto a ânsia de poder...
Qual de entre vós se encontra absolutamente convicto de que o PS não seria capaz de corresponder ao convite do PCP com um sorriso maroto?
Não estou esquecida (não sofro de lapsos de memória selectivos) de que foi o PS a grande força motriz contra os governos provisórios do camarada Vasco Gonçalves, do II ao V,que lá se foi embora a contra-gosto a 25 de Novembro de 75. É verdade, mas nessa altura era o tempo do Carlucci, o PS era outro, ainda não tinha havido legislativas e aquilo a que agora se chama "a direita" ainda não tinha ganho corpo; na altura O PPD/PSD ainda não tinha força e muitos dos que passaram a votar PSD estavam nas fileiras eleitorais do PS. O fervor revolucionário ainda estava fresquinho e na ordem do dia.
O PS actual é outro, é um PS com oposição à direita e não à esquerda e isto muda todo o discurso... e não só.
É bom, é essencial, que se mantenha isto em mente.
Não seria a primeira vez que o PS delinearia o seu projecto político à socapa e nos presentearia com uma coligação pós-eleitoral surpreendente.
Estou à espera de uma coligação PS/PCP? À priori não, mas não acho impossível, já vi coisas tão estranhas... Como uma coligação PS/CDS...
Vindo dali acredito em tudo.
6 comentários:
Juro, que não tenho nada a ver com comunistas e grupos satélites tipo MDM ou Verdes, também conhecidos pelos melâncias. Mas aqui há uns dias, o Jerónimo de Sousa pedia numas qualquer tribuna, qualquer coisa do tipo "...não peçam ao PCP para mudar...". E, curioso, dei comigo a pensar: sempre estive do outro lado da barricada em relação a esta gente mas, neste momento, se me permitem o exagero, até tenho algum "carinho" por eles. Eles, tal como os da velha guarda do outro lado, são o que resta de alguma coisa que, não se percebendo bem o que é, não é totalmente desagradável face à mediocridade que nos rodeia. Um amigo meu dizia há pouco tempo: vê lá tu ao que chegámos; se estes tipos caem, ainda vamos ter um primeiro ministro chamado Tó Zé... Pobre Portugal!
Eu consigo respeitar o PCP nalguns apectos pelos quais se regem e que serão faceis de identificar; "carinho" não sinto, nenhunzinho mesmo. Não me esqueço do que fizeram a este país durante o periodo do PREC, durante os governos gonçalvistas, não esqueço a política de "terra queimada" (que aliás não lhes passou nos acervos grevistas). Aqueles que agora berram por causa da troika não terão, ou não querem ter , presente a estrutura soviética que tentaram desenvolver em Portugal. E estavam em minoria...
Não me interprete mal... O "carinho" se calhar é uma palavra mal esclolhida para falar de gente que, como o Cunhal, durante toda uma vida não olhou a meios para atingir fins. Ninguém se esquece do PREC e eu de certeza que não me esquecerei. Mas prefiro um PC da velha guarda a qualquer bloquista ou personagem desse tipo. Eu e eles estaremos sempre em lados opostos!
Não o interpretei mal, já o li o suficiente para identificar a sua posição geral. Presumo que aquilo que eu refiro como "respeitar o PCP nalguns apectos pelos quais se regem" andará perto do que quer significar com o tal "carinho". Porém... Carinho tem uma carga emocional que não consigo aplicar ao PC, mas entendo. O Dr. Cunhal era um Senhor e acho que isso ainda hoje se reflete no PC; não em todos os seus dirigentes infelizmente, mas ainda está lá.
A escumalha não tem nada a ver com isso - outros tempos. Confunde-se a falta de respeito com o revolucionarismo da treta.
Entendi.
O COMENTÁRIO QUE UM AMIGO MEU COMUNISTA DEIXOU A ESTE POST NO FACEBOOK:
Venho aqui importunar-te pois tive oportunidade de ler o texto que editaste no teu blogue, sobre o XIX Congresso do PCP. Óbviamente não gostei, mas isso dá para o lado que melhor dormes, e óbviamente o comentei e contestei, não no teu blogue, mas à Maria João, pois foi através dela que tomei conhecimento do dito texto, e porque achei necessário esclarecer e repor a verdade a algumas questões que levantas. Não venho por esta fazer qualquer comentário, pois se há coisa que respeito é a pluralidade de opiniões e opções políticas, venho sim trazer-te outro texto em tom de resposta, caso tenhas vontade de o ler. http://www.diarioliberdade.org/opiniom/opiniom-propia/33733-o-partido-único.html#.UMDqMLO2xfs.facebook Um beijinho
E A MINHA RESPOSTA:
Ao contrário do que possas pensar não alimento pelo PC qualquer tipo de ódio, nem muito nem pouco, nenhum; acho que tem o seu lugar na cena política portuguesa e pronto.
A porradita que dou no meu texto nem é particularmente no PC, é antes sim no PS. Até digo, e penso, que há coisas que admiro no PC. Obviamente que não o quero ver no poder mas essa é outra questão.
Só que não quero eu nem querem a maioria dos portugueses; os números falam e aí não há verdades a repor : 7,91% do eleitorado é, de facto uma minoria e contra isto nada a fazer.
O PC pode dizer o que quiser, obviamente, pode dizer que quer um governo de esquerda. Pode... Porém, na actual legislatura, legitimamente eleita em Junho de 2011 para os 4 anos seguintes, a esquerda não está em maioria, há que respeitar isto - tal como eu respeitei as duas legislaturas que elegeram o Sócrates.
Li o artigo que me enviaste com toda a atenção e entendo o ponto de vista, mas não tem nada a ver com aquilo que digo no texto. E claro, que o meu ponto de vista é muito diferente.
Ao contrário do autor do texto, eu já vivi com o PC no poder em Portugal, antes de qualquer eleição legislativa, ressalve-se.
Não me leves a mal, mas não quero mais, e estou muito acompanhada.
Sem ressentimentos alguns, um abraço sincero.
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