Eu quero lá saber se a senhora que foi apanhada a conduzir "com os copos" é deputada.
Há uns anos, não tantos assim, cá pelo nosso burgo, e não só, conduzia-se animadamente depois de beber uns copos e toda a gente achava isso muito normal; só não se achava "normal" que alguém conduzisse "bêbado". Claro que esta gradação tem pano para mangas...
Eu não sou santa, e tenho sérias dúvidas sobre uma vaga hipótese de alguma vez vir a ser beatificada, quando era mais nova conduzi muitas vezes com mais um grau no sangue do que deveria ser... Felizmente não me dava para o disparate, para pisar no pedal entusiasticamente, antes pelo contrário e, felizmente nunca provoquei nenhum problema, nem a mim nem a ninguém.
E era aqui que queria chegar
Eu quero lá saber se a senhora que foi apanhada a conduzir "com os copos" é deputada, o que eu sei é que é alguém que não leva a sério a vida e a segurança alheia, nem a sua.
Deputada ou não é-me irrelevante.
Mas adiante porque não foi para falar de copos que vim cá hoje, e da senhora deputada ainda menos.
O que me trouxe aqui foram as declarações do presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República, Couto dos Santos. Se não fosse ele a falar pensaria que se tratava de fino humor sarcástico.
A tal senhora deputada deu umas faltas a reuniões plenárias posteriores à sua detenção pela PSP. Justificou a senhora dizendo que tinha estado doente.
Não apresentou qualquer atestado médico porque, ou até porque, as normas parlamentares não obrigam a que os senhores deputados o façam.
Remetendo para uma resolução sobre o regime de presenças e faltas ao plenário, aprovada em 2009 ( Ora 2009...2009... Ah, sim, 2009...) , que estabelece que:
“a palavra dos deputados faz fé, não carecendo por isso de comprovativos adicionais”
Os senhores deputados são os principezinhos do funcionalismo público, os paradigmas da Verdade e da Honra, claro.
Vai daí e vem de lá o Couto dos Santos, mui respeitável senhor presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República , defender que não faz sentido obrigar os deputados a apresentarem atestados médicos em caso de doença porque são “responsáveis pelos seus actos” e é preciso ter “confiança em quem elegemos”.
Só para rir...
Oh infeliz ocasião, oh infeliz oportunidade para se sair com uma piada destas!
Ouvi dizer, não sei... que a senhora deputada nem soprou para o balãozito quando foi mandada parar na Operação Stop pelo senhor agente da PSP;
Ouvi dizer, não sei... mas parece que a senhora disse logo:
«Ó senhor agente leve-me daqui porque eu estou com 2,41% de álcool no sangue e deve deter-me. Não precisa fazer qualquer teste porque a minha palavra de deputada faz fé, não carecendo por isso de comprovativos adicionais»
Valha-me Santo António!
Espero que, ao menos, o mui respeitável senhor presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República não tenha conduzido a sua viatura após ter prestado estas tão esclarecedoras declarações.
Finalmente entendi por que são necessários tantos motoristas ao serviço da A.R.
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2 comentários:
Pois... Agora, fez-se luz! Finalmente percebi o porquê de tantos motoristas. É isso mesmo. Bebem uns copos, dizem o que nós ouvimos e, depois, bebem mais uns para esquecer o que disseram. Como são pessoas muito conscientes, precisam de motoristas, até porque os carros não são propriamente "clios". Cá por mim, de santo não tenho nada, mesmo nada mas, agora, quando saio à noite e não tenho quem conduza por mim, normalmente vou de metro e venho de táxi.
Tenho, no entanto, uma palavra a dizer em defesa da senhora deputada:
para se ser justo há que considerar que não deve ser nada fácil ser-se deputada(o) do PS e manter a sobriedade.
Como o Laurus nobilis diz, bebe-se antes de conseguir falar, para dizer aquelas coisas a que só um estado ébrio pode seguir a lógica e depois há que beber para esquecer. De facto!
Quanto a ir de metro e vir de táxi... fico mais descansada: acabei de confirmar que o Laurus nobilis não é deputado.
(Mais vale tocar violino num bar dúbio, como o pai do miúdo da anedota)
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