Há quem diga que a história é cíclica, há quem defenda que a história não se repete, uma coisa eu sei: a história ensina-nos, defende-nos de erros, faz-nos pensar. E é bom que pensemos.
Sumariamente...
Hitler nasceu na Áustria.
Em Fevereiro de 1938 Hitler teve uma reunião com o chanceler austríaco Kurt Schuschnigg no seu isolado e imponente "Ninho da Águia". Durante a manhã falou-lhe, melhor dizendo, gritou-lhe, sobre a situação isolada da Áustria, que a Europa não a defenderia - e tinha razão - que a sua história era um manifesto de alta traição e que iria pôr um fim a essa situação ultrajante. À tarde disse a Schuschnigg que estava preparado para fazer a anexação da Áustria, inimiga do Reich; a menos que um acordo aceitando as suas exigências fosse assinado pelo presidente austriáco, Miklas, invadiria no prazo de três dias. Caso o ultimato fosse aceite respeitaria a soberania da Áustria. Pois. A "Anschluss Österreich" que havia falhado em 1918 vingava agora, em todos os sentidos do termo.
Um mês depois, em Março de 1938, Hitler berrava aos quatro ventos que era necessário, e legítimo, salvaguardar os cidadãos de etnia germânica, "oprimidos na generalidade e em particular os residentes na Checoslováquia. (Legitimo, dizia ele, porque a Checoslováquia havia sido criada em 1919 emergida do antigo Império Austro-Húngaro, habitada por uma amálgama de povos, na sua maioria alemães, desde que não considerados os checos, naturalmente.) Assim "legitimada" seguiu-se a anexação da "Sudetenland", a zona fronteiriça norte e ocidental da Checostováquia a 15 de Março de 38, fez ontem 76 anos, não foi assim há tanto tempo... .
Mussolini , Daladier, Hitler e Chamberlain na assinatura do Acordo de Munique. |
A Europa tremeu... havia que evitar a guerra.
Seguiu-se a ocupação da Checostováquia pela Wehrmacht
... E a desesperada assinatura do Tratado de Munique, sem a presença da Checoslováquia, a 30 de Setembro de 1938.
Curiosamente... o Tratado de Munique estabelecia que uma comissão internacional, representando a Alemanha, a Grã-Bretanha, a França, a Itália e a Checoslováquia supervisionaría um plebiscito para determinar as novas fronteiras.
Nesta altura já os olhos de Hitler sobrevoavam os mapas da Polónia e da Hungria
O resto é História... da II Guerra Mundial.
Hoje,
76 anos e um dia após a invasão da Checoslováquia, decorreu um "referendo" na Ucrânia, mais concretamente na Península da Crimeia, que não foi decidido pelo governo ucraniano, nem, tão pouco pedido pelo povo ucraniano;
Hoje decorreu um "referendo" que nem sequer pergunta «Sim ou Não», nem sequer coloca a hipótese de a Crimeia permanecer como território ucraniano, apenas duas perguntas - "queres assim ou com mais molho?" -
“É a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia como parte da Federação Russa?”.
" “É a favor da restauração da Constituição de 1992?",
- as autoridades ucranianas na Crimeia serão consideradas ilegais e destituídas de qualquer poder,
- As sanções do ocidente terão inicio, provavelmente, já na semana que hoje se inicia sem que isso resolva seja o que for.
- Putin irá manter a sua posição de "a Rússia não deseja um confronto militar" mas, digo eu, avançará com as suas tropas sobre o "seu território em defesa das populações russas e pró-Rússia". Aliás... o parlamento da Federação Russa já concedeu a Putin, por unanimidade, claro, o direito a usar as forças militares para protecção dos cidadãos russos na Ucrânia.
- A eleição de um novo presidente para a Ucrânia a 25 de Maio, muito provavelmente pró- integração europeia, está debaixo de fogo.
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