Os gerigonços andam contentes, está tudo a correr muito bem, muita paz social, muita descontracção entre os portugueses, muitos sorrisos na bancada do executivo. O presidente da república está na maior, tem índices de popularidade só comparáveis aos de Tony Carreira em época de "Festa Continente na Avenida da Liberdade" - finalmente sente-se mais amado do que Passos Coelho, esse fedelho embirrento que chegou onde ele nunca conseguiu como líder do PSD. Com o Costa a coisa corre melhor, aquela pinta de matarruano* baixote e pegajoso destaca, ainda mais, em Marcelo o arzinho blasé e professoral que não se importa de descer até à maralha. E a maralha gosta, sente-se libertada dos grilhões da crise. Ainda bem, haja alguém.
Pela parte que me toca devo ter um sério problema de percepção, vejo a crise por todo o lado e a agravar-se; não me interessa nada a conversa, os discursos, os debates, no que toca à famigerada crise interessam-me os números, sem malabarismos nem maquilhagem, e esses não me sossegam... Mas os geringonços andam contentes...
Bem vistas as coisas até poderia haver um aumento (quase triplicado) da dívida pública se fosse justificado por um investimento público da mesma ordem ou mesmo um quanto menor... Mas não é... O investimento público caiu 24,8% em 2016, depois de ter apresentado um crescimento de 15% em 2015. Pois, por aqui não foi.
Bem vistas as coisas até poderia haver um aumento da dívida pública se fosse justificado pelo "alivio fiscal e contributivo sobre os consumidores, as empresas e os trabalhadores", que se encontra inscrito no programa desta coisa que está a fazer de governo. Mas também não é por aí... A colecta fiscal em 2016 saldou-se por uma adição de 516 milhões de euros
Os gerigonços andam contentes mas, bem vistas as coisas, não percebo como.
Aguardo sem grande entusiasmo as cenas dos episódios de 2017, algo me diz que a trama se adensa e que a palavra de ordem será desaceleração, que em termos económicos poderemos aplicar por cá ao consumo, ao investimento, às exportações, à criação de emprego e ao PIB.
E não, não sou eu que encarno a profecia da desgraça, basta revisitar o OE 2017 e olhar para os números, mesmo sem máquina de calcular, basta ler.
Nota - MATARRUANO:
[Informal, Depreciativo] Pessoa rude ou pouco sofisticada. = LABREGO, PACÓVIO, SALOIO, SIMPLÓRIO, TOLEIRÃO
3 comentários:
A festa do Continente com o Tony Carreira é no Parque Eduardo VII... ;-)
;-) Agora é mas quando a super-imagem do Tony Carreira estava no auge, antes de chegar a Maria Leal, era na Avenida; e só com esse indíce de popularidade posso estabelecer uma comparação com o Marcelo.
http://www.posicionamentoweb.com/blog/wp-content/uploads/2010/06/meg-pic-nic-continente.jpeg
http://c5.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/B4f149fc1/17072057_FMGDa.jpeg
😀
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