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VOTOS DE ANO NOVO


 Que todos os Mr, e Ms, Scrooge do mundo tenham encontros com os seus fantasmas passados, presentes e futuros todas as 366 noites do ano ( sim, 2024 é bissexto)

Agora que o Costa foi embora que leve com ele o Santos e todo o nepotismo instalado, a cáfila corrupta, os boys, as girls e os jobs da treta ; quanto ao outro tenho de esperar por 2026.

A paz mundial, claro, para que as "Misses" de todos os tempos vejam finalmente os seus sonhos realizados. E eu também ficava contente, confesso.

Que o Trump tenha o pior ano da vida dele e desapareça, seja lá como for.

Que o Putin tenha o pior ano da vida dele e caia pela escadaria do Kremlin a bater com a cabeça em cada degrau e depois lhe deem um cházinho daqueles...

Que Zelensky, Navalny, A. Massoud e todos os que têm empenhado as suas vidas pela liberdade e dignidade dos seus povos, líders e anónimos, vejam as suas causas florescer e vingar.

Que Netanyahu e os seus comparsas passem o resto dos seus dias a ver, na TV, a constituição do Estado da Palestina.

Que o povo de Israel reveja a sua história recente - séc.XX - vote em conformidade e possa viver em paz.

Que Xi veja a sua salvação no anarcocapitalismo permitindo-se lembrar que, se continua com aquele mau feitio, Taiwan será a "nova Ucrânia". ..

Que os terroristas islâmicos entrem todos no paraíso.

Os terroristas não islâmicos se encontrem com os islâmicos no paraíso

Que a ultra-direita se agregue com a esquerda-radical e vão, nas naves de Musk, colonizar Marte e por lá fiquem a lixar-se uns aos outros (e levem o Musk, claro) .

Que Justiça se passe a escrever sempre com maiúscula e que Portugal seja pioneiro.

E...

Que todos os idosos possam viver os seus últimos anos de acordo com a dignidade com que viveram a sua maturidade.

Que os gajos que batem nas mulheres sejam todos apanhados numa esquina e que levem um valentíssimo enxerto que culmine numa violação feroz (não, nunca nenhum gajo me bateu mas a coisa enoja-me).

Que todos os gajos e gajas que maltratam crianças, seja de que forma for, sejam apanhados numa esquina e que levem um valentíssimo enxerto que culmine numa violação feroz (não, nunca fui maltratada mas a coisa enfurece-me).

Que todas as associações que cuidam, de facto, de crianças tenham os meios económicos e humanos para o fazer.

Que todos os gajos e gajas que maltratam animais, seja de que forma for, levem um valentíssimo enxerto e sejam fechados numa jaula uns com os outros.

Que todas as associações que cuidam, de facto, de animais tenham os meios económicos e humanos para o fazer.

Que a comida que existe no mundo seja melhor distribuída; já agora que os tais 1% tenham mais consciência moral e que a percentagem aumente exponencialmente.

Que os solos aráveis sejam arados e não se tornem campos de golf ou outras maluqueiras, que deixem de ser alcatroados como se não houvesse amanhã.

Que os meios clínicos - técnicos, estruturais e humanos - sejam disponibilizados a todos os seres em função da gravidade e sofrimento inerentes à sua condição.

Que a Educação e o desenvolvimento cultural sejam entendidos como bens de primeira necessidade à evolução da espécie humana e não apenas "direitos fundamentais" declarados mas sempre adiados

Que a sorte proteja os audazes e desnude os cobardes, que ilumine os solidários e confronte os egoístas.

E todos os outros desejos, ideias e sonhos que só me assaltam quando estou quase a adormecer.

Um 2024 pacífico, benévolo, consciencioso e humano para todos vós que sois boas pessoas; Os outros... Que evoluam, amadureçam, empatizem... ou desapareçam.

POR DEUS, FAÇA-SE SILÊNCIO

 Não tenho palavras para este Natal;

Em 2022 o Natal foi difícil, as imagens do Natal na Ucrânia caíam-me como pedras de gelo mas havia um desfasamento de quase uma quinzena de dias entre o Natal católico romano e o ortodoxo, de alguma forma conveniente as emoções diluíam-se. Este ano, 2023, os ucranianos passaram a celebrar o Natal a 24/25 de Dezembro quebrando de vez todos os laços com o patriarcado russo

Este ano... Não tenho palavras para este Natal: muito sofrimento, muitas crianças no escuro, sem família, sem nada do que tomamos por certo

Este ano é quase pecaminoso que se celebre o Natal em festa no mundo, é quase uma traição ao espírito do Natal, à mensagem de Jesus. Como gritou bem alto o Papa Francisco «Todos, todos, todos». TODOS não é "Alguns".

Alguns de nós, melhor ou pior, com mais ou com menos, temos Natal, outros nada têm, nada, NADA.
Muitos ajoelham-se em adoração a um menino, a uma menina, a milhares de crianças que já não respiram...

Não tenho palavras
Expresso-me por imagens, como esta:


E se Jesus nascesse em Belém em 2023?

Sobreviveria?

Sobreviveria a hoje, Dia de Natal , o mais mortífero dos dias desde o início da guerra? Sobreviveria aos raptos, a ser feito refém, às bombas? À fome? À desidratação? A não ter onde e como tratar os seus ferimentos? A infecções respiratórias e gastro-intestinais que abrem uma segunda frente de batalha para a qual não há quarteis, munições nem combatentes que cheguem? Sobreviveria ao ódio?

Não tenho palavras, expresso-me pelas palavras de outros

Papa Francisco - Belém - 25 Maio, 2014

Em Belém o Papa Francisco referiu-se diretamente ao "Estado da Palestina" e apelou a ambas as partes para que tenham a coragem de forjar a paz.

«Durante décadas, o Médio Oriente conheceu as consequências trágicas de um conflito prolongado que infligiu muitas feridas difíceis de curar. A situação tornou-se cada vez mais inaceitável. Mesmo na ausência de violência, o clima de instabilidade e a falta de compreensão mútua produziram insegurança, violação de direitos, isolamento e fuga de comunidades inteiras, conflitos, carências e sofrimentos de todo o género.»   -  Vídeo abaixo 


Papa Francisco - Vaticano - 2023 - Vídeo abaixo










Rev. Dr. Munther Isaac,  Pastor da Igreja Evangélica Luterana de Natal de Belém 
Manhã 24 Dez. 2023 - Vídeo abaixo
(Publico parte do vídeo original por uma questão de tamanho - "megas" - o original encontra-se  AQUI)


Faça-se silêncio,
sobretudo onde vocifera a batalha


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Por último e para que fique claro, muito claro, em nenhum momento duvido de que o Espírito de Natal esteja vivo na maior parte da humanidade, cristã ou não, mas a sua celebração nem sempre é hora de festa; agora sinto-a como hora de reunião, de solidariedade, empatia e, para muitos, de oração.
É, sem dúvida, hora de dedicar a nossa reflexão àqueles que estão num vácuo humano, num limbo entre a vida e a dissolução;  é, sem dúvida, uma hora de gratidão pelo muito que temos, ainda que a demais possa parecer pouco
E ao abraçarmos os nossos mais queridos que tenhamos presente a bênção que chove sobre nós, essa verdadeira prenda deste Natal
Como tantas vezes digo, temos a obrigação de ser testemunhas do nosso tempo

O MANTRA

 Durante o Verão de 2019, que antecedeu as presidenciais nos EUA, referi algumas vezes em conversas com uma ou outra pessoa, daquelas que, como eu, gostam de misturar política com um café ou um almocito em tête-à-tête, que se Trump perdesse as eleições iria promover uma insurreição civil em Washington na tentativa de um golpe de Estado (O que ele gostaria mesmo seria de uma guerra civil ou, no mínimo, uma insurreição civil e militar. Pois, mas isso seria o que ele gostaria). Na altura vi no olhar dos poucos interlocutores a quem ousei a expor as minhas convicções um "mas que exagero...", aos mais simpáticos... 

E depois veio o absurdo materializado na loucura feroz do 6 de Janeiro...
Nem nos meus "exageros" inconfessos acreditei ver tanto quanto o que todos vimos

2023 - Nesta altura já está "na estrada" a campanha republicana para a escolha do candidato às presidenciais 2024 e, por estranho que pudesse ser num mundo coerente, Trump lidera com vantagem o pequeno pelotão da frente. Mas uma coisa é ganhar uma nomeação para candidato a presidente - o que seria inconcebível no tal mundo coerente - outra é ganhar as presidenciais; e Trump sabe disso, muito bem, empiricamente. Precisa de se precaver, ser mais eficaz na angariação de néscios. Aqui aplica-se aquela sábia máxima "Quem vai para o mar avia-se em terra". Se Trump ganhar as eleições  (que todos os conjuros do universo nos protejam)  ganhou, se perder... também ganhou, como sempre

Ahhh, mas...

Mas desta vez Trump está a arrecadar "munições" atempadamente. Desta vez prepara uma guerra civil começando por onde é mais difícil arquitectar, pelas mentes dos mais ignorantes americanos (e são muitos). Infelizmente não é só nos slogans nem nos longos discursos inflamatórios nos quais a Verdade não tem visto de entrada, é na mais crédula adesão dos seguidores do seu culto, apaixonados e irracionais. Não me refiro à cáfila de políticos que nada mais quer para além de um lucrativo lugarzito ao Sol onde os seus egos se possam banhar, refiro-me aos "zés" e às "marias" lá do sítio, cegos e surdos a tudo o que não seja comunicação e "informação" aprovada pelo líder da seita

Oxalá fosse um exagero meu mas basta olhar com olhos de ver; os comícios, as hostes manifestantes, empunham o mantra destinado a infiltrar nas suas cabecinhas isoladas da realidade que: "Se for preciso morrer para defender o que queremos (leia-se, o que o líder quer) aqui estamos, morreremos para libertar a  América", e o líder se se atreverem a condena-lo criminalmente.

Trump precisa ser presidente não só para saciar a sua sede de vingança - ele próprio o disse, "Eu serei a vossa vingança" - como para se esquivar a múltiplas penas de prisão. 

E... Para isso 4 anos não lhe chegam. 

Não digo mais, se uma imagem vale por mil palavras deixo-vos menos de 1 minuto e meio de imagens bem eloquentes. 

Mais abaixo fica uma outra imagem a que não resisti, não pretende lavar os pequenos cérebros, é apenas a desejada projecção de um cérebro nada lavado 

(Anexo o link de onde a tirei, se o visitarem não deixem de clicar na caixa "TRUMP VIP TOURS"")


Por menos de 20 dólares podemos ter uma bandeira com a fotografia do Don.Padrinho, tão bom!

LINK: The Official Home of Trump Won | Trump Swag





O MISTÉRIO DO DOSSIER DESAPARECIDO

 Finalmente "O Mistério do Dossier Desaparecido" veio a público, foi precisa uma persistente investigação jornalística da CNN e um artigo de fundo no New York Times para se falar nisso, e o "isso" não é coisinha irrisória: são vidas, fontes, métodos, cadeias de transmissão e, em última análise, a forte probabilidade de uma traição de segurança, nacional e internacional. Talvez fosse melhor estar no segredo dos eleitos... Sobretudo se forem re-eleitos...

Estava num cofre, dentro de uma caixa-forte, no quartel-general da CIA em Langley

Soou o alarme quando profundas preocupações do actual governo e da comunidade de Inteligência e Segurança pediram um briefing ao Comitê de Segurança do Senado (presidido pelos democratas) em 2022:  os documentos que compunham o dossier de Inteligência relativa à investigação com o nome de código "Crossfire Hurricane"  de-sa-pa-re-ce-ram. Sumiram sem deixar nota de despedida. Desvaneceram-se. 

O dossier da "Crossfire Hurricane", com mais de 2 700 págs, 10 polegadas de altura (+-25cms) contém (ou, nesta altura,  talvez seja melhor dizer continha) Inteligência sobre e da  Rússia, informação sobre as acções desencadeadas com o objetivo de eleger Trump em 2016; mandatos e transcrições de escutas e mensagens, formulários de Segurança Nacional...  E as mais sensíveis informações da comunidade de inteligência, americana e dos mais próximos aliados da NATO sobre influencia, contactos e procedimentos próprios e da rede russa

A coisa começou assim:

 (Doc. anexo - Original link)
 A 20 de Dez., já nos dias finais da sua presidência, Trump disse que queria desclassificar alguns desses documentos (até 17 Jan. , 4 dias antes da tomada de posse de Biden) para provar que toda a investigação sobre interferência da Rússia nas eleições de 2016 era um logro.

Como iam ser analisados para desclassificação, e apesar desta análise ser da competência do Dep. de Justiça,  os dossiers foram transportados para a Casa Branca e por lá estiveram, foram vistos e revistos por sabe-se lá quem, o que só por si é assustador se tivermos em mente o absoluto desleixo em que foram encontrados os documentos secretos em Mar-A-Lago e as exibições que Trump fez de alguns destes documentos a convidados, até estrangeiros.  

Mark Meadows, o fidelíssimo e último chefe-de gabinete de Trump, foi um dos sujeitos que mais manuseou o dossier na Casa Branca e foi visto a fazê-lo por quem o assessorava; Cassidy Hutchinson, secretária de Meadows, que depôs perante a Comissão de Investigação ao 6 de Jan.,  viu Meadows entrar no seu automóvel com o dossier original Crossfire Hurricane - sem qualquer conteúdo "redigido" (censurado) -  debaixo do braço e ficou a perguntar-se onde iria ele com "aquilo" 

Mark Meadows entregou alguns documentos classificados ao departamento de Justiça alguns MINUTOS antes de Biden assumir a presidência, mas não o dossier. Os seus advogados declararam à CNN que : «O senhor Meadows está absolutamente ciente e em concordância com o requerido para o tratamento de material classificado e entregou todo o material que tinha em sua posse. Qualquer sugestão de que seja responsável pelo dossier desaparecido ou outros é absolutamente errada»

 A publicada intensão de desclassificar parte do conteúdo do dossier sobressaltou gravemente as  Inteligências aliadas que de imediato preveniram de que seriam assassinadas várias pessoas, fontes e agentes, para além da crítica divulgação de métodos, caso tais informações fossem divulgadas. 

Trump disse que iria divulgar mas não o fez. Por que o disse, escreveu e requisitou? Aqui a trama adensa-se...  (Doc. anexo - Original link)

Obviamente nunca pretendeu fazê-lo mas declarar tal intensão foi sem dúvida a forma mais fácil e menos indiscreta de apanhar os dossiers fora da caixa-forte de Langley. 

E quantas cópias existem? Segundo a investigação da CNN, já independentemente corroborada, múltiplas cópias foram feitas durante as últimas horas da presidência Trump com o objectivo de serem distribuídas a alguns congressistas republicanos assim como a alguns jornalistas ultra-direita. Talvez o camarada Steve Bannon tenha visto passar alguma ou o entusiasmante Tucker Carlson,  tudo gente séria e muito patriota. E Roger Stone, terá tido direito a alguma? Merecia...

Um antigo assessor de Trump para a segurança nacional, quando inquirido sobre a sua reacção  ao conhecer o conteúdo do dossier foi sucinto mas claríssimo na sua resposta: “Holy cow.”

Terá alguém entregado os dossiers à Rússia? (Pode lá ser... 😎)


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SENSIBILIDADE E BOM SENSO

A Concha foi minha colega no liceu, um pouquinho mais nova do que eu não tínhamos grande proximidade diária  mas... Mas a Concha é a irmã mais nova de um colega de turma, de vários anos, o meu amigo Rui (e era sobrinha de um dos meus mais próximos amigos de liceu e fora dele) ; os irmãos mais novos dos nossos amigos são gente sobre quem temos olhos atentos e braços abertos, pelo menos no nosso liceu era assim e com a Concha era fácil, uma ternura de miúda, é ainda um doce de pessoa.

Já não me lembro bem de quando terá sido, creio que pelo início de 2022 (mas posso estar enganada) a Concha começou a publicar umas fotografias de esculturas cerâmicas feitas por ela. Mãe, e avó, de grande família, mulher de armas, de repente transbordou a sua alma inequivocamente de artista. De alguma forma não me surpreendeu, desde sempre que nela se intuí uma sensibilidade muito além da média. 

O seu trabalho, as suas criações, têm um cunho pessoal diferente de todas as outras, são claramente originais na sua essência, não se confundem com cópias, estilos ou remakes e, penso eu, a originalidade é a primeira característica que distingue um artista de alguém com "jeitinho" que tem um hobby; a segunda será a sensibilidade. A Concha pode esbanjar ambas. 
Ainda muito no princípio, face a uma fotografia que publicou, que já não saberei identificar, disse-lhe: "Está na altura de registares a tua marca antes de que comecem a copiar-te". Ela com a mais autêntica humildade respondeu-me: "Achas? Oh... Tu és mesmo minha amiga..." .  Até hoje só não sei onde foi ela buscar a dúvida 😊

Não muito tempo depois, ainda em 2022, creio que em Setembro, a Concha fez a sua primeira exposição, sei que fruto de muito trabalho e garra. Já não me lembro porquê mas não pude ir. Outras se seguiram, algumas há bem pouco tempo mas as bruxas andavam à solta e, com sincera pena, também não fui.

Hoje, dia 14, lá mais para o fim da tarde será inaugurada uma nova exposição de trabalhos seus no Museu do Oriente e por lá ficará até 25 de Fevereiro. Quero lá saber que chovam picaretas, já tarda para lá da demora atrasada.

Passem por lá, aposto que não irão dar o tempo por mal gasto

AS GUERRAS QUE NÃO VEMOS

 O mundo está ferido por múltiplas guerras, guerrilhas e confrontos que decorrem um quanto lateralmente sendo a "relevância" estabelecida pelo foco dos média; bastou a deflagração de um inferno em Israel/Gaza para que o martírio que ocorre na Ucrânia fosse passado para os títulos pequenos de 1/4 de página e a relato após o intervalo nos noticiários. Da fronteira Israel/Libano presentemente vai-se falando, baixinho, porque, "de repente" vem a propósito o Hezbollah mas tantos outros horrores raramente merecem referência: Myanmar, Níger, Nigéria, Burkina Faso, Mali, Tunísia, Etiópia, Eritreia, Sudão e Sudão do Sul, Rep.C.Africana, Moçambique, Somália e Quénia, a fronteira Afeganistão/Paquistão, India, R.D.Congo/ Ruanda, Iraque, Filipinas, Iémen, Chipre, Líbia, Síria, a fronteira Turca com a faixa curda, Nagorno-Karabach, Georgia, Moldova, Colômbia, México... E , e, e...

São monitorizados mais de 110 conflitos armados;
45 no Médio Oriente e Norte de África
35+ em África
21 na Ásia
7 na Europa
6 na América Latina

Pouco ligamos àquilo que não nos ameaça, directamente; ou que julgamos não nos ameaçar. De vez em quando soa um alarme e, quem não seja muito distraído, pode aperceber-se de que se trata de um rastilho aceso sem que saibamos muito sobre o comprimento da mecha.

É o caso do que se está a passar no mar vermelho com os ataques operados pela milícia de rebeldes Houthis,  mais uma a soldo do Irão e auto-intitulada "Exército do Iémen", onde se mantém sediada ocupando o espaço político do governo internacionalmente reconhecido.  Não contentes com a dupla provocação de disparos de mísseis contra Israel (a quem sonegaram um navio comercial a 20 Nov. último - Vídeo abaixo) , de caminho sobrevoam a Arábia Saudita (que atacam desde 2016) , desde há 6 semanas bombardeiam navios comerciais que navegam pelo Mar Vermelho "porque são israelitas, ou porque podiam ser israelitas, ou porque são amigos dos israelitas, ou porque podiam ser"; e navios militares americanos que, por agora, são os únicos que por ali aparecem em missão semelhante a um "Iron Dome" tentando que o rastilho não atinja um ponto de explosão. 

É assim, vivemos assim.

Só no domingo, 3/12, um dos navios de guerra americanos, o destroyer USS Carney, respondeu a múltiplos ataques de rebeldes Houthis,  a si e navios comerciais no mar vermelho ao longo da costa do Iémen durante cerca de 7h. O USS Carney estava na ponta sul do mar vermelho, perto do estreito de Bab-el-Mandeb entre o Iémen e o Djibouti, em águas internacionais perto da passagem para o Golfo de Áden. Foi reportada intensa actividade de drones e diversas explosões, soaram pedidos de ajuda: 4 ataques a 3 navios comerciais, com alguns estragos mas sem vítimas

O primeiro ataque dirigiu-se ao USS Carney, com drones que foram abatidos.
Depois foi detectado um míssil, também abatido, apontado a um navio comercial britânico, o Unity Explorer, que navegava sob a bandeira das Bahamas. Seguiram-se dois ataques com drones a mais dois navios comerciais.


Os rebeldes Houthis reivindicaram os ataques com grande orgulho e pompa afirmando que continuarão enquanto perdurar a guerra contra o Hamas. Vídeo abaixo (aconselho coca-cola e pipócas a acompanhar)

O recado do Irão está entregue, a rota comercial pelo Mar Vermelho, que dá acesso ao Canal do Suez está comprometida (leia-se guerra). E não queremos cá essa gentalha infiel do Ocidente a bisbilhotar o Golfo Pérsico, queremos navegar e exportar sem engulhos.  Quem quiser segurança que vire para baixo, passe o Cabo das Tormentas e dê a volta a África, é já ali

 A ausência de vítimas e de danos significativos tem permitido aos USA a manter-se longe de uma resposta, de uma reacção urgente e, simultaneamente, têm conseguido evitar a escalada de confronto com Israel e manter a versão de "não existir a certeza de que se trate de ataques directos a navios de guerra americanos"... (Abençoado Biden que tem a cabeça bem firmada)
No entanto disseram : «Temos todas as razões para crer que estes ataques de rebeldes Houthis são totalmente sustidos pelo Irão; os US considerarão todas as respostas adequadas em plena coordenação com os seus aliados»

 Vivemos assim, é assim, até ver



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OPERAÇÃO "MURO DE JERICÓ"

 ou A EXPIAÇÃO DA ARROGÂNCIA


Em meados de 2022, mais de um ano antes do ataque de 7 de Outubro, os Serviços de Inteligência de Israel obtiveram um plano de ataque elaborado pelo Hamas que recebeu o nome  de código "Muro de Jericó"  (Jericho Wall). 
O documento, com cerca de 40 páginas, não estabelecia uma data para o ataque mas descrevia - ponto por ponto - o planeamento do mortífero assalto que o Hamas conseguiu levar a cabo em território israelita; com grande detalhe enumerava e coordenava as operações programadas para destruir as fortificações em torno da Faixa de Gaza (em 60 locais diferentes), a destruição das torres e centros de comunicações e o bombardeamento das câmaras de vigilância como acção inicial, a tomada de cidades e kibutzs israelitas, o ataque às principais bases militares (Gaza Headquarters) com o fim de as debilitar. 
O plano foi seguido com precisão pelo Hamas
Poderia ter sido uma importante vitória para a Inteligência israelita... Poderia. 

O documento circulou por gabinetes de responsáveis sénior, militares e dos Serviços Secretos -  Mossad, AMAM (inteligência militar) e Shin Bet (segurança interna). Foi descartado como sendo: « O que o Hamas quer ser mas não é", um mero plano "motivacional muito longe do que o Hamas será capaz de realizar" considerando que a milícia terrorista seria incapaz de violar as vedações fronteiriças de segurança de Israel; dos 60 locais projectados consideraram que 2 talvez fossem vulneráveis

Já em Julho de 2023 uma analista de Inteligência do Shin Bet, que fazia a revisão de intercepções de exercícios militares do Hamas em vídeo, considerou-as "muito semelhantes" ao que estava descrito no documento já conhecido; comunicou, por escrito: "o Hamas tem vindo a diminuir as lacunas entre o projectado na operação 'Muro de Jericó' e as suas reais capacidades operativas". Como resposta, vinda das mais elevadas hierarquias de segurança, recebeu um e-mail dizendo: "Isto é um plano imaginário, nunca o conseguirão realizar".

Ainda que o plano fosse tido como inviável poderia ter sido considerado como um fundamento para alteração da resposta de segurança de Israel, poderia ter sido equacionado um "Se o fizessem como responderíamos?". 
Poderia... Tragicamente não foi.

A 28 de Setembro, 8 dias antes do ataque, múltiplos analistas de Informação internacionais alertaram para que a milícia terrorista do Hamas estava pronta a intensificar os ataques com rockets através da fronteira.
A 5 de Outubro, dois dias antes do ataque, um telegrama da CIA alertava para a possibilidade crescente de violência por parte do Hamas.
A 6 de Outubro, na véspera do ataque, circularam informações de várias agências de Inteligência internacionais que assinalavam uma atividade invulgar do Hamas 
Israel fundamentou a sua relutância em dar crédito aos múltiplos avisos na ausência de comunicações entre líders e operacionais do Hamas garantindo que mantinha uma acérrima vigilância dos contactos
 
Durante os dois anos de planeamento, uma pequena célula de líders do Hamas operou nos túneis, utilizou linhas telefónicas com fios para comunicar e planear a operação, evitaram usar computadores e telemóveis, utilizaram uns punhados de crianças como mensageiros e o mais que fosse necessário para evitar ser detectados pelos diversos serviços secretos mantendo-se ocultos até chegar o momento de ativar centenas de combatentes que lançaram o ataque 

Não se conhecem provas de que Netanyahu esteve em posse deste documento mas não existe qualquer dúvida de que foi avisado repetidamente, não só do que se associava com o Hamas mas também das movimentações do Hezbollah e das intenções de destabilização provenientes do Irão, que em nada se faz rogado na ajuda ao seu aliado Putin; onde se foca a atenção a Israel desfoca-se a assistência à Ucrânia. Por certo que mais tarde ou mais cedo virá a público quem folheou este documento, quem o descartou e quem lhe conferiu credibilidade

Por agora a culpa morre solteira