Não morro de amores pelos franceses, reconheço-lhe qualidades importantes, particularmente a nível cultural - cresci durante quase década e meia entre eles e sei bem o que os caracteriza, para o melhor e o nem tanto - os parisienses mexem-me com o sistema nervoso, ficaram no mês de Maio de 1968 e não evoluem, sentem-se a avant-garde da Europa e perderam a humilde dignidade dos tempos da Résistance, é pena; em Estrasburgo há que ter cuidado para não chocar com tanto nariz empinado, na Bretanha são uns gajos porreiros, na Côte d'Azur são para esquecer. Porém... Neste momento não posso deixar de lhes tirar o meu chapéu, os meus chapéus todos. Não sei como irão comportar-se domingo que vem, na segunda volta das legislativas, mas esta semana estão a dar uma enorme lição de consciência política, nacional, patriótica.
18 Junho 1940, Charles de Gaulle, BBC |
Tendo em mente a irresponsabilidade, a inconsciência, o egotismo que assola os EUA, e não só mas ali é gritante, a competência político-partidária que os franceses estão a demonstrar ao enfrentar a vantagem partidária da extrema-direita é singular e meritória.
O Rassemblement National (Le Pen/Bardella) obteve 33,15% dos votos, dos quais cerca de 4% serão do partido republicano (de Eric Ciotti - De Gaulle deu 3 voltas na tumba ao ver o seu partido unir-se à extrema-direita apoiada por um ditador soviético), a Nova Frente Popular (Partido Socialista, os Verdes e França Insubmissa) surge no segundo lugar, com 28,5% e coligação centrista, Ensemble (de Macron), obteve 20,83%. A união da Ensemble com a Nova Frente Popular soma 49,33%. a 0,67% da maioria; Percebo que Le Pen esteja em fúria, que insulte Macron, é azucrinante sucumbir à sede com o oásis à vista; em breve saberemos se é um oásis ou uma miragem.
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