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NÃO É O QUÊ, É O POR QUÊ


78 eurodeputados da direita radical e da extrema-direita, de entre 720 eurodeputados, propuseram uma moção de censura à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acusando-a de ser "controladora e pouco transparente"

O eurodeputado romeno Gheorghe Piperea, do partido ultra-conservador AUR, recolheu 73 assinaturas para a sua moção - uma mais do que o número mínimo  necessário para iniciar o processo (72 - um em cada dez eurodeputados)

De acordo com o gabinete de Piperea, 32 membros do seu grupo político, os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), apoiaram o pedido. 

A verdade é que o grupo ECR dividiu-se: polacos e romenos (entre outros em menor número) promoveram a moção de censura - curiosamente os mesmo que se opõem a que Polónia e Roménia prestem ajuda à Ucrânia. Os italianos do grupo ECR defenderam a Comissão; Procaccini, co-presidente do ERC, afirmou falar "em nome dos dois terços" dos conservadores, ao adiantar que a maioria das delegações da ECR votaria contra a moção de censura. Assim foi.
As restantes 41 assinaturas vieram dos grupos de extrema-direita Patriotas pela Europa e Europa das Nações Soberanas e de 10 eurodeputados não inscritos.
Os grupos Renovar Europa (liberais) e Socialistas e Democratas (S&D) tinham antecipado que votariam contra a moção promovida pela direita ultra-conservadora e pelos grupos de extrema-direita, por considerarem-na uma «irresponsabilidade e um ataque ao projecto europeu».

A moção foi chumbada por 360 votos contra, 
175  a favor (incluindo os da extrema esquerda como do grupo The Left, e de Verts/ALE)   
18 abstenções algumas das quais por ausência

Durante a votação von der Leyen encontrava-se em Roma na Conferência de apoio à Reconstrução da Ucrânia mas antes de partir deixou algumas elucidativas palavras no Parlamento Europeu descrevendo as linhas subjacentes à moção como «teorias da conspiração espalhadas pelos apologistas de Putin para enfraquecer a União Europeia». :

«Cada contrato negociado foi examinado detalhadamente nas capitais europeias antes de ser assinado por cada um dos 27 Estados-membros. Não havia segredos, cláusulas ocultas, nem obrigação de compra para os Estados-membros .../...

Não devemos ter ilusões sobre as ameaças que a nossa democracia enfrenta. Entrámos numa era de luta entre a democracia e o iliberalismo. A ameaça dos partidos extremistas que querem polarizar as nossas sociedades com desinformação é alarmante. Não há provas de que tenham respostas mas há provas suficientes de que muitos deles são apoiados pelos nossos inimigos e pelos seus fantoches na Rússia ou noutros países,  basta olhar para alguns dos signatários desta moção para perceberem o que quero dizer»

 Gaza conflict 'taking away focus' from Ukraine, Zelensky says

E os eurodeputados portugueses? Surpresas? Nenhuma.

PSD, CDS, Iniciativa Liberal e 5 dos 8 eleitos pelo PS votaram contra, seguindo o Partido Popular Europeu, a família política da presidente da Comissão Europeia e dos grupos Renovar Europa (liberais) e Socialistas e Democratas (S&D)
Ana Vasconcelos (IL) disse não ter conseguido votar por o seu cartão de voto estar inoperacional. Catarina Martins (BE), Marta Temido, Bruno Gonçalves e Francisco Assis (PS) não votaram

Quem votou a favor, quem foi? Ora...
João Oliveira, do PCP, e os dois eurodeputados do Chega, António Tânger Correa e Tiago Moreira de Sá. Um é declaradamente pró-Rússia, os outros dois lambem abertamente as botas ao Rassemblement National e ao Alternative für Deutschland, ambos subsidiados por Putin.

A vida é assim, por muitas voltas que dêmos o ponto de origem é sempre o mesmo; 

Há pouco tempo alguém disse: 

« Almost all the political problems in the world, if we follow the money, it will lead to Russia»

«Quase todos os problemas políticos do mundo, se seguirmos o dinheiro,  levar-nos-á à Rússia»

Depois há três tipos de pessoas, as que não veem, as que não querem ver e as que não querem que os outros vejam


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