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WITKOFF / ВИТКОФФ / TRUMP /ТРАМП

Trump afirma ter instruído o seu enviado especial, Steve Witkoff, para se reunir com Putin, em Moscovo, à medida que crescia o ímpeto para a elaboração de um acordo que ponha fim à guerra da Rússia na Ucrânia.

Não é concebível que Trump não tenha conhecimento das conversas de Witkoff no Kremlin

Agora, publicada pela Bloomberg e noticiadas por inúmeros canais TV e Net, aparece a gravação de uma conversa telefónica  entre Witkoff e Ushakov, assessor especial de Putin (transcrição completa abaixo)

E o que Faz Trump? Chama Witkoff? Pede-lhe explicações? Manda investigar o caso?
Nada disso, pra quê? Trump envia de novo Witkoff falar com Putin, manda também o inefável Kushner, rapaz serissímo, mete-se no Air Force One e vai para Mar-A-Lago  comemorar o Dia de Acção de Graças. Que lindinho! No caminho perguntam-lhe pelas conversações de paz com a Rússia (com quem mais?) E Trump responde:

«A Rússia está a fazer grandes concessões em tudo isto. Deviam de parar de lutar e não tomarem mais território.»

Concessões? Desculpem, tenho estado distraída, quais são as concessões dos russos? Devolverem prisioneiros numa troca?
E sobre Witkoff? Ora... Por inacreditável que pareça, o que Tump teve a dizer sobre esta monumental barraca do circo:

<<Isso é uma coisa standard, porque ele (Witkoff) tem de vender isto à Ucrânia, temos de vender isto, é o que um negociador faz. Eles querem isto, temos de os convencer daquilo, é uma forma de negociação standard. E imagino que ele tenha dito as mesmas coisas à Ucrânia porque cada parte tem de ceder>>

Não darão por perdidos os poucos minutos de ver o vídeo abaixo.
Uma pergunta permanece, quem transpassou as gravações telefónicas?
Isso são outros quinhentos

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 «Os políticos não são a solução para os nossos problemas — são eles o problema. Eles são quase completamente controlados por lobistas, doadores e interesses especiais — não têm os melhores interesses do nosso povo em mente». -  Donal Trump - 16 Junho, 2015, anúncio de candidatura à presidência dos EUA


Foi há sensivelmente 6 meses que Steve Witkoff,  enviado especial de Trump para a que Rússia, desrespeitando os mais básicos protocolos de segurança pessoal e de Estado, convidou Kirill Dmitriev, enviado especial de Putin, para jantar na sua residência pessoal antes de uma reunião na Casa Branca. Foi também há sensivelmente 6 meses que Witkoff  seguiu para S. Petersburgo para se reunir com Putin, uma de meia dúzia de prolongadas reuniões entre ambos, não referindo as que teve com vários oficiais do Kremlin

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A ter presente que esta conversa ocorreu pouco antes da visita de Zelenskyy à Casa Branca em 17 de Outubro —  visita em que a Ucrânia esperava que os Estados Unidos anunciassem a tão esperada transferência dos mísseis de cruzeiro Tomahawk.

Witkoff e Ushakov discutiram:

• Uma proposta de ligação telefónica entre Trump e Putin programada para minar a reunião com Zelenskyy  — que veio a ocorrer pouco depois da reunião co Zelenskyy e os líders europeus ter iniciado, interrompendo-a 
• A possibilidade de pressionar Trump a reter os mísseis Tomahawk —  após a chamada com Putin, Trump recusou-se a transferir os Tomahawks.

Transcrição completa do telefonema Witkoff–Ushakov (verificada)

Witkoff: Olá, Yuri.
Ushakov: Sim, Steve, olá, como está?
Witkoff: Bem, Yuri. E você, como está?
Ushakov: Bem. Parabéns, amigo.
Witkoff: Obrigado.
Ushakov: Fizeste um excelente trabalho (em Gaza). Um trabalho absolutamente excelente. Muito obrigado. Obrigado, obrigado.
Witkoff: Obrigado, Yuri, e obrigado pelo teu apoio. Sei que o teu país apoiou e agradeço por isso.
Ushakov: Sim, sim, sim. Sim. Sabes que foi exatamente por isso que suspendemos a organização da primeira cimeira russo-árabe.
Witkoff: Sim.
Ushakov: Sim, porque achamos que está a fazer um trabalho real na região.
Witkoff: Bem, ouça. Vou lhe dizer uma coisa. Acho que, se conseguirmos resolver esta situação entre a Rússia e a Ucrânia, todos vão pular de alegria.
Ushakov: Sim, sim, sim. Sim, mas há um problema que precisa ser resolvido. [risos]
Witkoff: Qual?
Ushakov: A guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Witkoff: Eu sei! Então, como lidamos com isso?
Ushakov: Amigo, só quero o seu conselho. Acha que seria útil os nossos chefes falarem ao telefone?
Witkoff: Sim, acho que sim.
Ushakov: Entendo. E quando acha que isso poderia ser organizado?
Witkoff: Acho que o meu chefe estará pronto assim que o sugerir.
Ushakov: Ok, ok.
Witkoff: Yuri, Yuri, eis o que eu faria. A minha recomendação.
Ushakov: Sim, por favor.
Witkoff: Eu ligaria apenas para lembrá-lo de que o senhor parabeniza o presidente por essa conquista, que o apoiou, que o respeita como um homem de paz e que está satisfeito com os resultados do seu trabalho. É assim que eu abordaria a questão. Acho que seria uma ligação muito boa. Porque... deixe-me contar-lhe o que disse ao presidente. Eu disse ao presidente que você,que a Federação Russa, sempre quis um acordo de paz. Eu acredito nisso. Eu disse ao presidente que acredito nisso. E acho que o problema é que temos dois países que estão com dificuldade em chegar a um acordo, mas, quando o fizermos, haverá paz. Estou até a pensar que poderíamos elaborar, digamos, um plano de paz de 20 pontos, como o que tivemos com Gaza. Desenvolvemos o plano de 20 pontos de Trump, 20 passos para a paz, e acho que poderíamos fazer o mesmo convosco. O que quero dizer é o seguinte...
Ushakov: Ok, ok, meu amigo. Acho que essa é exactamente a questão que os nossos líderes poderiam discutir. Ei, Steve, concordo consigo, que ele nos congratulará, dirá que o Sr. Trump é um verdadeiro pacificador e assim por diante. Ele dirá isso.
Witkoff: Mas há outra coisa que acho que seria ótima.
Ushakov: Ok, ok.
Witkoff: E se... e se... ouve...
Ushakov: Vou discutir isso com o meu chefe e depois volto a falar contigo. Está bem?
Witkoff: Sim, porque ouve o que estou a dizer. Só quero que digas... talvez devesses dizer isto ao presidente Putin, porque, sabes, tenho o maior respeito pelo presidente Putin.
Ushakov: Sim, sim.
Witkoff: Talvez ele devesse dizer ao presidente Trump: «Sabe, Steve e Yuri discutiram um plano de paz de 20 pontos muito semelhante, e algo assim ajudaria a mudar a situação; estamos abertos a esse tipo de coisa — a trabalhar no que for necessário para a paz».
Entre nós, eu entendo o que é preciso para fazer a paz: Donetsk e talvez algumas outras trocas de território. Mas ouça: em vez de falar assim, vamos ser mais optimistas, porque acho que é assim que chegaremos a um acordo. E acho, Yuri, que o presidente me dará bastante espaço e autoridade para chegar a um acordo.>>
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O que isto significa

• Mostra um enviado dos EUA a coordenar-se com Moscovo contra os interesses da Ucrânia.
• Está directamente relacionado com Trump recusar, à última hora, fornecer mísseis Tomahawk a Kyiv.
• Confirma a intenção da Rússia de incluir concessões territoriais em qualquer «plano de paz».
• Expõe uma negociação secreta que contorna o Pentágono, os Negócios Estrageiros, o Congresso e, naturalmente,  Kyiv.

A Ucrânia não está só a lutar contra a Rússia — está a lutar contra uma diplomacia americana paralela que tem o objectivo de enfraquecer a sua posição negocial antes mesmo de chegar à mesa das negociações.





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