Se há coisinha que me dá brotoeja é ouvir os líderes políticos e sindicais reivindicarem e prometerem medidas que todos gostaríamos de ver implementadas mas que pertencem à categoria dos "desejos impossíveis"; não se fazem omeletes sem ovos.
Seria óptimo baixar os impostos, claro que seria...
Seria óptimo garantir cuidados de saúde a toda a população;
Seria óptimo promover um ensino gratuito, com escolas disseminadas pelas populações com turmas racionalmente dimensionadas;
Seria óptimo ter uma rede de estradas sem portagens e transportes públicos a preços que não pesassem na carteira dos utilizadores
Seria óptimo aumentar o ordenado mínimo nacional...
Ou seja, seria óptimo viver num país cujo o Estado pudesse servir os contribuintes sem os sobrecarregar para sobreviver.
Seria óptimo, quem não concorda com isto?
Pois, mas não dá e todos sabemos que não dá. Não dá o óptimo, nem o bom, nem sequer o satisfatório. Se começar a dar o menos mau já é uma festa.
Todos sabemos que não dá, a começar por essa raça de politiqueiros profissionais que berram e gritam, reivindicam e prometem o impossível, o impraticável.
Quando prometem e reivindicam não o fazem a bem da nação, a bem do povo mas, obviamente, a bem do aumento das suas possibilidades de conquista de votos, de poder, de empatia.
Bem... em última análise é a bem do povo, dirão se confrontados na intimidade, porque se o povo votar "como deve de ser", ou seja, neles, saberão fazer o que é melhor para o povo, ainda que não seja possível fazer aquilo que seria óptimo... mas isso, realmente, não é possível e eles sabem, oh se sabem...
Este tipo de prática politiqueira é particularmente visível no PC, mas não só... Ah pois, não só.
Ontem o camarada Paulo Portas fez uma impecavelmente bem discursada prática deste tipo de actuação. De dar vómitos, naúseas, tremuras e tonturas.
Como é que um tipo que tem os pés no governo e que, ciclicamente, vem dar o seu pézinho de dança no baile do «Eu não concordo mas tenho de deixar passar a bem da estabilidade governativa», não tem a menor sombra de vergonha ao proclamar uma série de medidas que, sabe ele muitíssimo bem, não foram, nem serão tão depressa implementadas, pela simples razão de que não há meios para o fazer?
Como?
O Paulinho é malandreco, ansioso, mas não é parvo. Traquinas mas nada parvo mesmo.
Mas, até hoje, aquela cabecinha tão capaz, não conseguiu ser número um em parte alguma à excepção do seu CDS/PP...
O tal CDS que era do borra-botas do Freitas quando o Paulinho militava na JSD, onde, claro, também nunca foi número um.
E depois?
Depois houve alguém, digo eu, que topava o Freitas de ginjeira e que já não podia nem cheira-lo, que terá dito qualquer coisa deste estilo: «Ó Paulinho, você não gostava de tirar o tapete ao Freitas e de ir mandar no CDS?»
Tirar o tapete ao Freitas... Ir mandar no CDS... Então não?
O Paulinho gostava, e lá foi ele, impulsionado por quem sabe mais, de política e de poder, a dormir do que esta malta toda acordada. (De quem falo? Ora... Isso não digo, não vá isto ser tudo imaginação minha, mas considerar um Político de direita que sabe muito a dormir e se mantém afastado das lideranças e intrigas... Parece-me que é canja!)
Perante isto o Paulinho acreditou em si, e fez bem; acreditou que poderia ser "O Líder", mas fez mal.
Não tem tido quem lhe faça sombra no CDS, é um facto, mas não chega. Não chegou para ter sido mais do que o número dois, ou três, com o PS, não chegou para deixar de ser apenas o número dois (mais outra vez) com o PSD, e menos ainda chega para ser o número um sózinho.
O Paulinho não se conforma... Faz mil tropelias, puxa tapetes devagarinho só para fazer tremer sem cair, apresenta-se como o homem que compreende e está do lado do povo, muito mais do que quem lhe faz sombra.
Vá lá Paulinho, já estás crescido, cria juízo e vergonha: Não se pode querer passar a vida inteira com um pé no comboio e outro no cais, não é honrado nem credível por muito gozo que dê a excitação do «Espera aí que já te lixo». Chuta adrenalina para a veia se for preciso mas pára de fazer estas figuras, digo eu que nem sequer te quero mal, pessoalmente, politicas à parte, até te acho um tipo interessante, embora não te quisesse para amigo.