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GENEROSIDADE E CAMARADAGEM

 O enviado especial de Trump ofereceu-se para "dar" quatro regiões ucranianas à Rússia

(Não, não estou a fazer "graças pesadas" nem é uma notícia falsa, é verdade, uma séria verdade)

Desrespeitando os mais básicos protocolos de segurança pessoal e de Estado, Steve Witkoff, enviado especial de Trump,  convidou Kirill Dmitriev, enviado especial de Putin, para jantar na sua residência pessoal antes de uma reunião na Casa Branca.

Sem problemas, Trump está "na boa" com isso, quando do seu primeiro mandato convidou o ministro dos negócios estrangeiros russo e o embaixador russo em Washington para a sala oval, acompanhados de jornalistas russos da Tass (e só esses, os americanos que esperassem que aqueles senhores saíssem);
Trump tinha a certeza absoluta de que todos os jornalistas eram só jornalistas, nenhum deles era por certo um tipo treinado para tomar notas mentais de tudo o que via, de protocolos de segurança, quantidade de activos, passagens usadas apenas por pessoal interno  e mais não sei quantas coisas que não interessam nada aos russos. Da mesma forma que seria absolutamente descabido pensar que um enviado de Putin, com motorista e seguranças,  seria capaz de plantar qualquer micro-aparelho de vigilância em casa de um colaborador de Trump para assuntos da Rússia. Que disparate!

Também de referir que o enviado russo está sujeito a sanções americanas na sequência da invasão russa mas esse parece ser um pormenor irrelevante. Foi aquele que Putin mandou e isso é que interessa, não vale a pena levantar questões só para embirrar. 


Depois do amigável jantar, Steve Witkoff teve uma reunião em Washington com Kirill Dmitriev, com o objectivo de estabelecer prossupostos para o progresso do Acordo de Paz.
(Ignoro se o total desrespeito da Rússia pelo cessar-fogo parcial incondicional, proposto por Trump e assinado em Março, faz hoje 1 mês,  terá sido abordado)

Steve ofereceu-se pessoalmente para "apoiar" o direito da Rússia a ocupar as regiões de Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Luhansk. 

Não sei por que não englobou a Crimeia no pacote... Será por o presidente dos Estados Unidos considerar que a Crimeia já pertence à Rússia não fazendo assim sentido que seja objecto de negociações? Não sei, digo eu...

Considera o bom camarada Steve que "esta é a maneira mais rápida de acabar com a guerra".

Então e depois? 

Depois, mais exactamente 48h depois ‐ sexta-feira 10/04 - Steve foi a S. Petersburgo e foi recebido por Putin, himself
Sim, em S. Petersburgo, porque Putin não mete americanos no Kremlin, ele lá saberá por quê...

Segundo ambos, tiveram uma agradável e produtiva conversa.

Para rematar com um nó dourado, o general  Kellogg,enviado especial de Trump para a Ucrânia, disse,enquanto Steve Witkoff estava na Rússia:"Quase poderíamos fazer parecer o que aconteceu em Berlim depois da Segunda Guerra Mundial, quando havia uma zona russa, uma zona francesa, uma zona britânica, uma zona americana". 
Depois destas amáveis palavras começarem a ecoar pelos gabinetes da zona francesa e da  zona britânica do continente europeu, e de serem publicadas no Times (11/04),  Kellogg achou por bem dar um passo atrás e, numa declaração publicada no X, Kellogg disse que os seus comentários foram deturpados:  "Estava a falar de uma força pós-cessar-fogo em apoio da soberania da Ucrânia. Nas discussões sobre a divisão, referia-me a áreas ou zonas de responsabilidade de uma força aliada (sem tropas norte-americanas). NÃO me estava a referir à divisão da Ucrânia."

Compreendo que, quando se trata de resolver problemas graves, letais e desestabilizadores do mundo, soluções radicais e generosas devem ser implementadas; 

Se alguém por aí tiver o número de telefone do primeiro-ministro do Canadá, por favor envie-mo, quero sugerir-lhe que ofereça os EUA à União Europeia, ou à Dinamarca, se considerar preferível. 


THE KRASNOV FILE

Demasiado extenso para publicar no RealGana

Demasiado importante para não publicar

            Fica o link, EM PORTUGUÊS:

(BOTÃO DE AUMENTO  CANTO INFERIOR ESQUERDO)

           link, IN ENGLISH:

THE KRASNOV FILE 
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THE WORLD HAS TO KNOW


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Ó-LARILÓLÉ-CAMPANHA


Programa eleitoral. 

PS propõe IVA ZERO em bens alimentares essenciais e eletricidade com 6% 

(RTP- 5 Abril 25)


Agora pergunto eu, porque sinceramente não percebo: 
Se o PS considera esta medida justa e fazível, porque não o fizeram durante os seus 8 anos de governação? Mais. Durante a pandemia Covid, alguns bens alimentares essenciais tiveram o IVA a 0%, algum material de protecção teve IVA 0%; 
Por que voltou o governo PS a aumentar o IVA dos bens alimentares? (alguns  de uso corrente para 23%) Porque finda a pandemia a economia floresceu? Vá lá...

Legislativas: 

PS promete dar 500 euros em certificados de aforro a todas as crianças nascidas a partir do início de 2025

G'anda nóia, vamos ter uma geração de putos ricos daqui a 18 anos (se não caírem os juros que são semelhantes, ou menores, do que os de vários bancos mas ok, é um "cavalo dado") 



As propostas do PS para o próximo governo

Menos dias de trabalho e salário mínimo de 1.110 euros. (em 2029)

“Reduzir, de forma faseada, a semana de trabalho de 40 para 37,5 horas para todos os trabalhadores, em moldes e condições a discutir com os parceiros sociais e considerando a evolução da situação económica e a avaliação de impacto em diferentes sectores” (Agência Lusa - 5 Abril 25)

Portanto, meia-hora por dia, de forma faseada, se for possível



A VIDA É SEMPRE MELHOR A BORDO DE UM PROGRAMA ELEITORAL DO PS

Mas "de boas intensões está o inferno cheio", há uma vida a viver, e pagar, para além das campanhas eleitorais


e ainda por cima o gajo é feio, tem pinta de labrego com um fato e uma gravata (sim, eu sei, não é o único, o mesmo acontece com o outro mânfio daquele partideco de que não me lembro o nome.) É tudo, por hoje basta

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O MALIGNO E O LOUCO

NUMA SÓ MENTE



Dia 20 de Janeiro de 2025, ainda não há 3 meses, Donald Trump foi empossado como presidente dos EUA. Nesse mesmo dia Trump assinou uma ordem executiva declarando uma emergência nacional na fronteira sul e deu ao Departamento de Defesa e ao Departamento de Segurança Interna 90 dias para ser apresentado um relatório conjunto sobre se deve ou não invocar a Lei da Insurreição.

Na altura ninguém falou nisto - leia-se imprensa e comentadores políticos -  mas qualquer perspectiva de invocação da Lei da Insurreição é assunto que tem de ser tomado muito a sério, quer por existirem razões para tal, se for o caso, quer pelas razões camufladas que suportem tal invocação.

Neste caso não pode ser mais óbvio que as razões subjacentes a tal intenção em nada se prendem com "uma emergência nacional na fronteira sul", não se trata de imigração, trata-se de poder.

Este prazo de 90 dias termina a 20 de Abril.

Não foi por mero acaso que há uma semana, a última de Março, Trump se lembrou de começar a falar na possibilidade de um - inconstitucional - 3º mandato

A Lei da Insurreição, de 1807, dá ao presidente autoridade para colocar as forças armadas dos EUA em solo americano para suprimir rebelião ou violência doméstica ou para fazer cumprir a lei em determinadas situações. O estatuto implementa a autoridade do Congresso ao abrigo da Constituição para "providenciar a convocação da Milícia para executar as Leis da União, suprimir Insurreições e repelir Invasões". Isto significa tropas nas cidades, significa desautorizar os governadores de cada Estado federado, significa a suspensão dos direitos de protesto e suspensão da dissidência democrática - sob o falso pretexto de restaurar a "ordem".

A Lei da Insurreição não é lei marcial. "Lei marcial" é a vigência de um poder militar que assume o papel do governo civil numa emergência;  a Lei da Insurreição permite que os militares prestem assistência às autoridades civis mas não que tomem o seu lugar. De acordo com a lei actual, o presidente não tem autoridade para declarar a lei marcial.

Trump está a preparar um golpe de Estado interno, já fez os  ensaios durante o seu primeiro mandato e tem-se mantido aplicado no estudo de como aumentar e prolongar o seu poder, que pretende absoluto, tendo uma equipe de legionários satânicos a trabalhar o projecto desde bem antes de voltar a ocupar a Casa Branca

Em Junho de 2020, após o assassinato de George Floyd, milhões de americanos levantaram-se em protesto. Trump não se debruçou por um momento sobre os motivos dos protestos que se acenderam por toda a América, com particular incidência em Washington, levando-o a refugiar-se no abrigo subterrâneo da Casa Branca. Furioso por a sua atitude ter vindo a público quis invocar a Lei da Insurreição. Perante a hesitação dos militares em fazê-lo, Trump enviou forças federais para retirar de forma injustificada os absolutamente ordeiros manifestantes da Praça Lafayette para que ele pudesse atravessar a rua para ir ser fotografado a  empunhar uma Bíblia - invertida (ele há coisas...) - em frente a uma igreja na qual não entrou. Não conseguiu disfarçar as trombas iradas por os generais não terem ido suficientemente longe. O general Milley, então Chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos disse, mais tarde, que se arrependeu mil vezes de ter acompanhado Trump naquela photo op ridícula, numa desajustada e egocêntrica demonstração de força.

Ao assumir este novo mandato Trump certificou-se de que as chefias militares não hesitarão em seguir o seu comando

Desde que regressou ao poder, Trump expurgou o Pentágono de militares independentes, de oficiais de carreira que não lhe garantissem um apoio incondicional, os que sabem que os seus juramentos são para com a Constituição, não para com o presidente. Os seus lugares são agora ocupados por "lealistas". Pete Hegseth, ex-apresentador de um programa de fim de semana da FoxNews, é agora Secretário da Defesa com aquele mundo que é o Pentágono a seu cargo. Tulsi Gabbard, uma veterana de guerra admiradora de Putin, dirige todos os serviços secretos; Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, Gabbard defendeu a agressão russa: «Esta guerra e sofrimento poderiam ter sido facilmente evitados se Biden e Nato tivessem simplesmente reconhecido as legítimas preocupações de segurança da Rússia» (Twitter 2022). O vice-presidente J.D. Vance não faz segredo de que é a favor do uso da força militar contra americanos em solo americano. E estes são os que mais directamente estão relacionados com Defesa e Segurança interna, depois há a cáfila desmedida de almas negras e sedentas na mais próxima entourage de Trump. 

A 19 de Março, estes três - Vance, Gabbard e Hegseth - encenaram uma sessão fotográfica na fronteira sul. Não foi uma visita de rotina, não foi um estudo de estratégia, foi uma encenação mediática

Porque é que o Vice-Presidente, a chefe dos serviços secretos militares e o Secretário da Defesa teriam de ir todos juntos à fronteira? Porquê fazer disso um espetáculo para divulgação nos noticiários e redes sociais?

Nada disto foi sobre a fronteira, é uma preparação, a criação de uma perspectiva trabalhada apresentando um "ponto de vista" focado no que se pretende divulgar lançando a base psicológica,  emocional, para invocar a Lei da Insurreição. Estão a construir a narrativa: "Tínhamos de agir.", "Não tivemos escolha." "A crise é demasiado grande" e umas quantas outras falsas justificações que lhes ocorram e lhes pareçam convincentes. Foram lá para poderem lembrar que lá estiveram, que a situação é terrível, descontrolada, perigosíssima e requer acção imediata a "bem da nação"

Lançado o medo, a "enorme crise" (lembro as "caravanas de criminosos" que estavam prestes a invadir os EUA em 2018...), criada a aceitação em parte significativa da população deixa-se "marinar". Lá para Junho, mês em que decorrerá a cimeira anual da NATO, Trump, o salvador,  aparecerá com ar grave na televisão nacional e dirá que as cidades democratas estão a ser cercadas por "radicais" e "imigrantes ilegais". Assina a ordem de entrada em vigor da Lei da Insurreição. As tropas vão para as ruas de Atlanta, Chicago, Filadélfia. Os manifestantes são presos ao abrigo das "disposições de emergência”,  jornalistas são detidos, contas em redes sociais desaparecem. Os imigrantes são levados para centros de detenção (a prisão de Guantanamo tem vindo a ser preparada para isso) A imprensa é mandada calar, o público é mandado calar. E tudo isto é legal.

Sim eu sei... É um exagero, que disparate... Ouvi isso várias vezes, de várias bocas  sinceras quando, após Trump ter perdido as eleições em 2020, me atrevi a dizer que ele faria tudo para permanecer no poder, se conseguisse incitaria uma guerra cívil. O dia 6 de Janeiro de 2021, depois de vários ensaios em Estados federados democratas, esteve perto do golpe de Estado pretendido. Falsos eleitores colegiais tentaram levar falsos votos ao Capitólio, os vários discursos à turba que se dirigiu a Washington incitaram a tomada do poder pela violência; se em vez de Mike Pence o vice-presidente fosse JD Vance, Trump teria visto feita a sua vontade

"Ele está a fazer bluff. Os militares não vão alinhar. Os tribunais vão impedi-lo"
Trump não está a fazer bluff, Trump não admite ser um dos três ramos de poder. Há dias disse numa entrevista «Eu sou a Lei Federal» ( L'État, c'est moi, dizia o Rei-Sol). Não, não é, mas está-se nas tintas, age como sendo, tem o Poder Legislativo nas mãos porque o Congresso e o Senado lho entregaram; Teve a benesse do Supremo Tribunal Federal lhe conferir imunidade presidencial pelas mãos dos juízes nomeados por republicanos, o próprio Departamento de Justiça, que deveria ser independente da presidência, já mostrou bem qual é a sua tarefa. À parte uns tantos juízes que resistem, Trump tem grande parte do Poder Judicial  sob o seu controlo e já aconteceu não se inibir de desrespeitar a ordem de um juiz federal sem que isso o afectasse

Quem espera que "o sistema" seja a salvação espera por algo que já falhou.

O dia 20 de Abril, dia do aniversário de nascimento de Hitler,  está a duas semanitas e se o "relatório conjunto"  recomendar o recurso à Lei da Insurreição - este é um "se" retórico - Trump vai apresentá-lo como uma medida relutante mas necessária, foi para isso que o mandou fazer. Dirá que tentou tudo,  afirmará que se trata de proteger a América. 
E a América é ele

É assim que o autoritarismo se instala, que as democracias caiem.  Hitler, Mussolini e Putin foram eleitos, não tomaram o poder pela força mas com memorandos legais, propaganda e povos assustados. Cada um deles, como tantos outros, manipulou os sistemas jurídicos com a intenção, e a visão, de agarrar o poder e mantê-lo, doa a quem doer
Trump tem vindo a trabalhar de forma vigilante e perseverante desde o seu primeiro mandato com esse objectivo, uma dinastia Trump de poder absoluto.  O seu golpe de 6 de Janeiro mostrou-lhe as falhas, os erros a não cometer. Compreendeu, ou mostraram-lhe, que tudo será mais fácil, eficaz e seguro se a tomada do poder for feita por meios legais, é uma questão de os preparar

Estranho o silêncio dos media sobre a iminente apresentação do relatório conjunto sobre se deve ou não ser invocada a Lei da Insurreição. Será que não levam Trump a sério? Uma coisa que me parece bastante clara é que ele deve ser levado a sério, o homem é bronco mas de uma tenacidade invulgar. O clima de instabilidade que tem vindo a criar destina-se a provocar a contestação popular que lhe servirá de mote ao "inevitável recurso a forças militares para reposição da ordem pública". Será que já se sente o medo a instalar-se, o medo de ser processado, de ver jornais e estações de TV a serem fechadas? Estranho o silêncio sobre os objectivos, e as consequências, da concretização de tal invocação da lei. Post facto será tarde, arduamente tarde

Além do mais a loucura não pára por aqui. Entre invasões e anexações prometidas, taxas aduaneiras acéfalas, deportações selvagens, prisões arbitrárias, despedimentos em série, cortes de todo o tipo de subsídios, especialmente na saúde e na educação, é fácil remeter ao esquecimento o que está na base de todo o programa governamental de Trump: o Projecto 2025... O tal que ele negou conhecer, seguir, apoiar, durante toda a sua campanha eleitoral e que tem vindo a cumprir sem desvios. O Projecto 2025, essa coisa delineada por acólitos do próprio Demo, tem um programa inicial para os primeiros 180 dias de governação - cumprem-se a 25 de Julho próximo - não me é fácil esquecer o dia, nasceu D. Afonso Henriques, Jaime I da Escócia e eu - por certo que poderemos aguardar alguns acontecimentos nos EUA

A PRIMEIRA PEDRA

 Republicanos do Congresso e do Senado Senado estão a chamar à atenção a administração Trump, dizendo ser inaceitável, a constatação dos seus planos para retirar os EUA do Comando Supremo Aliado na Europa da NATO - o principal comando que supervisiona o apoio à Ucrânia - e o primeiro passo para abandonar os aliados da NATO.



DESEQUILIBRIO E DEPRAVAÇÃO

 

O Hamas é uma milícia terrorista, desumana e perversa nos seus meios, nos seus fins, no ataque aos cidadãos de Israel assim como no letal menosprezo pela população de Gaza.  Ponto

O governo de Israel seria suposto ser composto por pessoas de bem, com noção de proporcionalidade e respeitador dos 15 pontos da actual Convenção de Genebra, com especial incisão na prevenção de "danos colaterais" - leia-se vidas humanas, assistência sanitária, meios de sobrevivência dignos, habitação, campos de refúgio seguros, livre passagem de alimentos e terapêuticos e mais dezenas de coisas que só evocará quem passa pelo inferno. O governo de Israel seria suposto ser composto por pessoas de bem mas tem provado repetidamente, exaustivamente, que não é, nem mesmo no respeito e salvaguarda dos seus cidadãos, concretamente os reféns de criminosos selvagens e as suas famílias. 

Dos 251 reféns feitos pelo Hamas a 7 de Outubro de 23, o IDF conseguiu resgatar apenas oito, dos quais dois haviam conseguido fugir e foram retirados pelo exército; 59 reféns permanecem sob o Hamas, dos quais 35 se acredita estarem mortos

Todas sondagens realizadas durante os últimos meses em Israel evidenciam os mesmos resultados, com variações mínimas:
- 70% dos israelitas estabelecem como primeira prioridade a negociação da libertação reféns e o fim da guerra
- 18 25% consideram como primeira prioridade a erradicação do Hamas
- 60% suspeitam de razões políticas e interesses pessoais nas decisões de Netanyahu
 
A retoma dos bombardeamentos aéreos a Gaza na passada terça-feira - numa acção de uma violência desmedida que em poucas horas matou mais de 400 pessoas, muitas das quais crianças e contabilizados mais de 600 feridos hospitalizados - coincide com a implementação da 2ª fase acordo de cessar-fogo (fim definitivo da guerra e libertação dos últimos reféns mantidos na Faixa de Gaza)

Sob o acordo de cessar-fogo, assinado em Janeiro, Israel retirou-se do Corredor Netzarim, uma faixa que divide Gaza ao meio, a Cidade de Gaza e o norte de Gaza das partes do sul da Faixa que faz fronteira com o Egipto. Com a entrada em vigor da trégua centenas de milhares de palestinos passaram pelo corredor. Ontem, quarta-feira, as Forças de Defesa de Israel reiniciaram ataques terrestres no centro e sul da Faixa de Gaza expandindo seu controlo ainda mais para o centro do Corredor Netzarim.

Porquê?
Creio ser óbvio que o que se passa em Gaza não é desligado da situação política interna do governo de Israel, nem tão pouco da frágil situação judicial do primeiro-ministro.

Netanyahu não pode aceitar a 2ª fase do acordo... A extrema-direita, presente na coligação do governo, não aceitou de bom grado o cessar-fogo em Gaza; Ben Gvir, abandonou o governo em protesto, Bezalel Smotrich, disse que sairia se Israel não voltasse à guerra; Na terça-feira, o partido de Ben Gvir - Poder Judaico - anunciou que voltaria a fazer parte do governo. Netanyahu precisa dessa facção para se manter no governo

Esta semana Netanyahu anunciou a sua intensão de despedir o Procurador-Geral Baharav-Miara e Ronen Bar, o chefe do Shin Bet - a agência de Inteligência responsável pela segurança interna e responsável por Gaza - responsabilizando-o pelo falhanço da defesa de Israel e acusando-o de falta de lealdade. 
Se Netanyahu considerou a liderança do Shin Bet responsável pelo "7 Out." porque esperou quase um ano e meio para pedir a demissão de Bar?”
Na versão de Ronen Bar, e não só, Netanyahu exigiu-lhe "lealdade pessoal" sobrepondo-se ao interesse público. A verdade é que o Shin Bet tem (ou teve?) entre mãos duas investigações a Netanyahu e quanto a responsabilidades é do conhecimento público que foram entregues ao primeiro-ministro relatórios do Shin Bet, e da Mossad, que alertavam para um ataque do Hamas e que ele desconsiderou com um sonoro "Nunca se atreverão". Bar defende uma Comissão de Inquérito do Estado sobre o ataque de 7 de Outubro, à qual Netanyahu se opõe, temendo – com razão – vir a ser responsabilizado pela inoperância perante as ameaças reportadas
Novas manifestações massivas contra o governo  propagam-se por todo o  Israel desde que recomeçaram os ataques; pela libertação dos reféns ainda em posse do Hamas cuja libertação estava já programada para esta 2ª fase,  contra o recomeço da guerra, contra a degradação legal das instituições democráticas, judiciais e de segurança interna.

Se não bastasse o verdadeiro holocausto que tem lugar em Gaza sob os olhos do mundo, acresce que essa  situação e a do Líbano e a do Iémen com os houthis, pode escalar para uma guerra envolvendo Irão. 

Há pouco mais de 1 mês, Netanyahu esteve em Washington, quando Trump ofereceu ao mundo a sua solução para Gaza, a "Riviera do Medio- Oriente". Há dois dias Trump e Netanyahu conversaram, muito. A ideia da "Riviera em Gaza" é para avançar, segundo eles. Os palestinianos podem ir para a Síria, segundo eles...
Não se pode considerar uma guerra no Levante - Líbano Síria e Gaza -  sem o envolvimento do Irão, nem pretender que este entre em conversações. Apesar de Trump dizer publicamente  que é "very tough"  e que "uma acção militar  no Irão está sempre sobre a mesa",  enviou uma carta ao líder supremo convidando-o para uma mesa de negociações. 
Ainda que Trump gostasse de ser o durão que depôs a teocracia iraniana o momento é péssimo: Putin não quer guerras com o Irão, precisa das armas iranianas e da instabilidade na zona em em fogo anémico; além disso ainda não desistiu de manter as patas na Síria. 

Entre Netanyahu e Putin, entre a "Riviera de Trump" e o "Poder de Trump", Trump não tem a vida facilitada no Médio Oriente. 
A escolha?  Isso são outros quinhentos... Fica para amanhã, ou depois, ou para quando me passar esta náusea deixada pelas últimas imagens de Gaza misturadas com o sorriso de Netanyahu proclamando "Isto é só o começo".   
Começo? Até agora, Março 25, só óbitos confirmados, morreram 49 947 palestinianos e 1706 israelitas (dos quais 1195 no ataque de 7 Out). Milhares de corpos estarão sob os escombros de Gaza

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PUTIN FALA AO TELEFONE, A EUROPA LEVANTA-SE E MEXE-SE

O parlamento alemão votou um enorme aumento no orçamento para defesa e infraestrutura - uma mudança sísmica para o país que pode remodelar a defesa europeia. A lei isentará os gastos com defesa e segurança das rígidas regras de dívida da Alemanha e criará um fundo de infraestrutura de € 500 bilhões (US$ 547 bilhões; £ 420 bilhões).

Os planos de defesa aprovados hoje pelo Bundestag também permitem que gastos com ajuda a Estados atacados em violação ao direito internacional sejam isentos do freio da dívida.
A câmara alta,  Bundesrat, terá de aprovar as mudanças, votação marcada para sexta-feira.
Friedrich Merz, que deverá ser confirmado em breve como o novo chanceler, disse à câmara baixa durante o debate desta terça-feira: 
"O país sentiu uma falsa sensação de segurança na última década. A decisão que tomamos hoje não pode ser nada menos do que o primeiro grande passo em direcção a uma nova comunidade de Defesa europeia e que inclui países que não são membros da UE. As circunstâncias são determinadas pela guerra de agressão de Putin contra a Europa. É uma guerra contra a Europa, não apenas uma guerra contra a integridade territorial da Ukraine"

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falando numa entrevista colectiva com a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen, disse: 
 "A votação envia uma mensagem muito clara à Europa de que a Alemanha está determinada a investir maciçamente em Defesa".
Frederiksen, considerou "notícias fantásticas para todos os europeus".
O partido de extrema direita AFD e o partido de extrema esquerda Linke, opuseram-se aos planos de Merz,  claro...

Emmanuel Macron apelou aos fabricantes franceses para que aumentem o volume de produção de armas. Paris está a oferecer contratos de armamento a países europeus.


Já na próxima quinta-feira irão reunir-se em Londres os comandantes militares  - Reino Unido, França, Turquia, Canadá e Austrália - responsáveis pelo planeamento de apoio militar estrangeiro à segurança da Ucrânia e locais específicos de projecção da Força de Manutenção de Paz


Putin disse hoje a Trump que não os quer lá. Paciência, Zelensky também não quer russos na Ucrânia e há muita, mesmo muita gente boa que concorda em absoluto.

No mesmo dia e também em Londres terá lugar a CNI 2025 -  Cyber Security Summit - dirigido aos os decisores seniores da Infraestrutura Nacional Crítica do Reino Unido, abordando regulamentos e ameaças que afectam o sector e as tecnologias de combate ao ciber-crime 

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O dinheiro que sai de cofres europeus destinado a Defesa deve entrar em cofres europeus.

Nos EUA há quem fale assim de Portugal (vídeo)




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O DIRECTO E O ESQUIVO

Jake Tapper, é um dos meus jornalistas preferidos, quer dentro da CNN, onde está desde 2012 e  onde já conquistou vários prémios Emmy, quer mesmo fora dela porque é extremamente incisivo nas suas perguntas relevantes, sem perder a calma, sem amachucar os punhos de renda. 

A entrevista de que deixo uma transcrição parcial, mas do essencial, não a trago pelas novidades mas como uma exemplar demonstração de "Como fugir com o rabo à seringa"; por mais directas que sejam as perguntas de Tapper, o enviado especial de Trump à Rússia, Steve Witkoff, velho amigo pessoal de Trump, conseguiu sempre ser inconclusivo, debitar o que o patrão gosta de ouvir e deixar as perguntas  sem resposta. Lembrou-me o Dr. Álvaro Cunhal, perguntassem-lhe fosse o que fosse respondia sempre o que lhe apetecia. Será uma escola?

Jake Tapper - "State of the Union" - CNN:   Acho que toda a gente que consegue perceber a necessidade de diplomacia, e especialmente o Presidente Trump querendo reiniciar a relação com a Rússia mas o que  diz aos milhões de americanos, e pessoas em todo o mundo, que estão preocupados por os Estados Unidos, neste momento, não parecerem compreender quem na verdade lançou esta guerra contra a Ucrânia e estão de facto a tentar comprometer-se até à vitória  dos maus da fita, Putin e os russos, enquanto tramam os bons da fita, Zelensky e a Ucrânia. Acho que isso é um medo que muitos americanos têm.

Enviado especial dos EUA Steve Witkoff:   Bem, veja, já ouvi esse tipo de conversa. Não concordo necessariamente com isso mas deixe-me dizer isto, vou fazer alguns comentários: o primeiro é que a guerra, independentemente de quem a começou, precisa de acabar porque a vida de demasiadas pessoas foi apagada em resultado dela e isso simplesmente não faz sentido para o Presidente. Ele quer ser  o presidente que faz a paz, a paz através da força. E eu não o censuro, na verdade, concordo com ele, com a sua linha de pensamento, processo de pensamento em torno disto.
Isso é um, dois, esta a guerra não precisava de ter acontecido, foi provocada, não significa necessariamente que foi provocada pelos russos. Houve todo o tipo de conversas sobre a adesão da Ucrânia à NATO. O presidente falou sobre isso, isto não precisava de acontecer. Basicamente, tornou-se uma ameaça para os russos. por isso, temos de lidar com esse facto. E esses são factos reais, no terreno, aqui mas seja como for, os russos indicaram que estão receptivos um fim para isto. Houve muito, muito,
daquilo a que chamarei  convincente e substantivamente enquadrado em algo que se chama o Acordo protocolar de Istambul. Estivemos muito, muito perto de assinar alguma coisa, e penso que vamos usar esse enquadramento como um guia para chegar a um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia. Penso que será um dia espetacular e a verdade é que o Presidente compreende como fazer acordos. Os acordos só funcionam quando são bons para todas as partes e é esse é o caminho que estamos a percorrer aqui.

Jake Tapper: Segundo o que entendemos, e por favor corrija-me se estiver errado, as exigências de Putin incluem,  1º, a rendição completa das forças ucranianas em Kursk, a região russa que a Ucrânia tomou, 2º, o reconhecimento internacional de que o território ucraniano tomado pela Rússia já não pertencerá mais à Ucrânia,  3º, limites à capacidade da Ucrânia para mobilizar as suas forças armadas e 4º, a suspensão da ajuda militar ocidental à Ucrânia e a proibição de forças de manutenção da paz estrangeiras, como soldados franceses ou britânicos, na Ucrânia. Será que isto está correcto? E, se está correcto, parece que Putin quer as terras que tomou e quer que a Ucrânia não tenha capacidade para se defender no futuro. Está Trump preocupado por, ao aceitar estas condições poder estar a preparar o terreno para outra invasão russa na Ucrânia?

Steve Witkoff: Jake, eu não consideraria a sua descrição inteiramente correcta. Olhe, antes desta visita houve outra visita e antes dessa visita ambos os lados estavam a milhas de distância; ambos os lados estão hoje muito mais próximos. Tivemos resultados verdadeiramente positivos vindos da Arábia Saudita, conversações mantidas com o nosso conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz e com o nosso secretário de Estado Marco Rubio. Eu descrevo a minha conversação com o presidente Putin como equitativamente positiva, ambos os lados estreitaram as diferenças entre si e agora sentamo-nos à mesa, estive com o presidente (Trump) todo o dia de ontem, estarei com ele hoje para conversarmos sobre como estreitar ainda mais as nossa diferenças. É como eu descreveria.

Jake Tapper: Pode dizer-nos qual é a situação actual relativamente aos quatro pontos que referi, pode ser que estejam ultrapassados por uma ou duas reuniões; onde se encontra a Rússia neste momento?

Steve Witkoff: Bem, as quatro regiões são de importância crítica nisto e estamos em conversações com a Ucrânia, estamos em conversações com os países europeus intervenientes, o que inclui a França,  Grã-Bretanha,  Noruega, Finlândia, todos os "acolhedores" e estamos em conversações também com os russos sobre essas regiões. Estamos também em conversações sobre todo o tipo de outros elementos que estão incluídos num cessar-fogo 

Jake Tapper: Claro mas só para lembrar os nossos telespectadores,
a Rússia apreendeu território ucraniano em 2014 com a Crimeia, têm estado a penetrar a região do Donbas e a apoderam-se de terras no leste da Ucrânia há muito tempo, antes de há três anos terem feito o ataque integral; sugeriu que a Rússia foi provocada... Trump está a atacar publicamente
Zelensky chamando-lhe ditador, culpou-o por ter iniciado a guerra em primeiro lugar, apelou a novas eleições na Ucrânia, aceitou que a adesão da Ucrânia  à NATO fosse posta fora de hipótese. Ele disse que é improvável Ucrânia consiga reaver o seu território tomado pela Rússia.
A televisão estatal russa sugere que o Presidente Trump está a obter todo este discurso directamente 
das suas conversas com o Presidente Putin; Ora oiça:

(Imagens da TV Estatal Russa transmitidas na passada quarta-feira, dia 12Mar.)
Vladimir Solodiov, convidado da TV russa: «Trump aprecia ser confiável quando está a responder a perguntas sobre a conferência de imprensa. Penso que não é coincidência que muitas das narrativas
que estão a ser largamente difundidas se materializaram após as suas conversas. As frases que ele está a dizer são tão profundas e tão corretas. Estão em total alinhamento com a forma como nós vemos as coisas.»
Jake Tapper : Acha que é bom que os russos pensem que a administração Trump está em total alinhamento com a forma como Putin vê  as coisas?

Steve Witkoff:  Jake, acho que já tivemos, pela minha estimativa, quase um milhão e meio de mortes na totalidade e, finalmente, temos um líder que é o Presidente Trump, que está determinado a acabar com a carnificina. A única maneira de acabar com a carnificina é tendo uma relação com os líderes de ambos os países envolvidos. Eu fui à Rússia, tive uma reunião com com o Presidente Putin. Foi uma reunião longa, positiva, construtiva, muitas coisas boas foram discutidas, em grande parte porque o Presidente (Trump) valorizou uma relação positiva com o Presidente Putin desde o seu primeiro mandato. Isso  evoluiu para uma conversa positiva com o presidente apenas numa só chamada telefónica a partir da Casa Branca. E depois houve uma conversa positiva com o Presidente Zelensky.  (😁😅😂) Portanto, acho que que é preciso ter essas relações, é preciso haver comunicação. Essa é a única forma de concretizar negócios.

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Jake Tapper : Como acabou de dizer, o presidente Trump tem estado a exercer uma grande pressão sobre o Presidente Zelensky e apresentou as concessões que a Ucrânia terá de fazer para acabar a guerra. Que concessões terá a Rússia de fazer?

Steve Witkoff: Bem, acho que em qualquer acordo de paz cada lado vai fazer concessões, quer se trate de concessões territoriais quer se trate de concessões económicas. Penso que há toda uma série de coisas que acontecem num acordo e verá concessões de ambos os lados. E isto é do Presidente, é o que ele faz melhor. ele junta as pessoas, fá-las compreender isso, o caminho para a paz são as concessões e a  construção de consensos, e eu acho que verá um resultado muito bem sucedido.

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Não quero tirar conclusões precipitadas mas daqui de onde estou a olhar não consigo ver outro pedido, com jeitinho, de Trump a Putin que não seja "Faz-Me o favor de aprovar um acordo de paz qualquer que da assinatura do outro trato eu"



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UM FORA DE TODAS AS SÉRIES


De cortar a respiração
Uma bomba de energia positiva para começar um domingo
G'anda Olly Pearson, um nome a guardar

SÓ PARA CONTRARIAR


Tens razão, Vladimir Vladimirovitch Putin, a vida é madrasta. 
No tempo do teu grande Josef Stalin não havia internet nem satélites; no tempo do teu alter-ego, Ivã IV -  o Terrível -  primeiro dos Czars da Rússia, auto-proclamado  único governante supremo do país cuja vontade não seria questionada, não havia telefones... Agora tudo se sabe, qualquer badameco consegue difundir informação, falar com o mundo, contar a sua versão da história. Assim é muito complicado fazer uma eficaz gestão de adversidades

Só para contrariar muito do que por aí se difunde, 
dê-se o justo crédito ao mais credível:


Directamente do gabinete de Volodymyr Olexandrovytch Zelensky:

«Relatório do Comandante-Chefe Syrsky.

Defesa das posições em Donetsk e noutras partes da linha da frente.

Estou grato a todas as unidades ucranianas pela sua capacidade de resistência e eficácia na destruição do ocupante. A situação na direção de Pokrovske está estabilizada. 

Por outro lado, no que respeita à região de Kursk. A operação das nossas forças em certas áreas da região de Kursk continua. As unidades estão a desempenhar as suas tarefas exactamente como exigido. Graças às forças ucranianas na região de Kursk, um número significativo de forças russas foi retirado de outras áreas. As nossas tropas continuam a conter os respectivos grupos da Rússia e da Coreia do Norte na região de Kursk. 

As nossas tropas não estão cercadas.

Recebi um relatório do Comandante-em-Chefe Syrskyi. 

Defesa das nossas posições na região de Donetsk e noutras zonas da linha da frente. Estou grato a todas as unidades ucranianas pela sua capacidade de resistência e eficácia na destruição do ocupante. A situação na direção de Pokrovsk foi estabilizada.

Uma nota à parte sobre a região de Kursk.
A operação das nossas forças nas áreas designadas da região de Kursk continua. As unidades estão a desempenhar as suas tarefas exactamente como exigido. Graças às forças ucranianas na região de Kursk, um número significativo de forças russas foi retirado de outras direcções. As nossas tropas continuam a conter os agrupamentos russos e norte-coreanos na região de Kursk. Não há cerco às nossas tropas.

Estamos também a observar movimentações ao longo da nossa fronteira oriental com a Ucrânia, onde o exército russo está a acumular forças. Isto indica uma  intenção de atacar a nossa região de Sumy. Estamos cientes desse facto e vamos combatê-lo. Gostaria que todos os parceiros compreendessem exactamente o que Putin está a planear, o que está a preparar e o que vai ignorar.

A acumulação de forças russas indica que Moscovo tenciona continuar a ignorar a diplomacia. É evidente que a Rússia está a prolongar a guerra. Estamos prontos a fornecer aos nossos parceiros todas as informações reais sobre a situação na frente, na região de Kursk e ao longo da nossa fronteira.

Hoje também foram divulgados relatórios sobre o nosso programa de mísseis. Temos resultados concretos. O míssil longo Neptune foi testado e utilizado com êxito em combate. Um novo míssil ucraniano, de ataque preciso. O seu alcance é de mil quilómetros. Agradeço aos nossos criadores, fabricantes e pessoal militar ucranianos. Continuamos o nosso trabalho para garantir a segurança da Ucrânia.

Também hoje, o Ministro da Defesa da Ucrânia apresentou um relatório sobre os novos pacotes de apoio dos nossos parceiros. Estamos a assegurar o fornecimento de artilharia. Estou grato a todos os parceiros que estão a ajudar.»

16 Março 2025

Volodymyr Zelensky

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Já agora, e porque vem "a talho de foice", Trump quer eleições na Ucrânia, com guerra ou sem guerra, disso depende o estatuto de "Legitimo presidente" ou "Ditador" do incontestado Zelensky. 

Putin quer eleições na Ucrânia. Ouvir Putin falar de "Eleições na Ucrânia para legitimar a democracia" parece o monólogo de uma comédia irónica 

William Atkins, analista de política global, levantou a seguinte questão:
«Embora normalmente aborde as teorias da conspiração com cepticismo, vale a pena notar que muitas vezes elas contêm elementos de verdade que as podem tornar convincentes. O desafio está em pesquisar diligentemente para descobrir essas verdades. 
Recentemente, tem-se especulado sobre a influência de Elon Musk nas eleições mundiais através de algoritmos ligados à Internet. É intrigante observar que 67 eleições em todo o mundo tiveram resultados que fazem lembrar os de Trump. Musk sugeriu que, se Trump não fosse reeleito, poderia enfrentar repercussões legais - levantando questões sobre as motivações subjacentes. Além disso, o discurso político na Grã-Bretanha parece fazer eco de temas associados a Trump. 
Estes desenvolvimentos merecem ser analisados e discutidos com atenção, uma vez que realçam as complexidades da nossa paisagem política moderna. Vamos continuar empenhados em explorar estas questões com uma mente aberta e um olhar crítico.»




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QUEM FAZ XEQUE AO REI?


 Desde aquele espetáculo degradante em que Trump e Vance fizeram tudo o que lhes veio à cabeça para humilhar Zelensky, Trump voltou a insistir nas redes sociais que « A Rússia está a bater em absoluto a Ucrânia no campo de batalha neste momento».

Kirill Kudryavtsev/AFP via Getty Images

Mas será assim?
Depende do canal que se vê, do jornal que se lê, do que se pretende com a informação, ou desinformação divulgada, das fontes de informação. A única forma é cingirmo-nos aos factos mas mesmo com esses precisamos ter em mente que vivemos na época dos "factos alternativos" - expressão realista nascida na Casa Branca de 2016

"A Rússia está a bater em absoluto a Ucrânia" não corresponde à realidade no terreno mas é exactamente o que Putin precisa que Trump pense. A implantação nas mentes ocidentais que uma vitória russa é inevitável eleva Putin a uma imagem invencível aos olhos do Ocidente e, consequentemente, vai instalando a ideia de que a ajuda à Ucrânia é inútil, onerosa, desgastante em termos de material militar, recursos e impostos prolongando uma guerra "sem sentido". Este é o grande ponto com que Putin conta para fazer vacilar estadistas e povos. Por crença, conveniência, ou ambas, tornou-se claro que Washington se juntou a Moscovo.

O exército ucraniano retomou várias zonas ocupadas em contra-ofensivas locais nos últimos dias.
Uma dessas áreas é Pokrovsk, cidade que as forças russas têm tentado capturar sem sucesso desde Agosto passado. Mikhail Zvinchuk, um antigo porta-voz do Ministério da Defesa russo que agora dirige o Rybar - um  canal pró-guerra  da "Telegram" com mais de 1,3 milhões de subscritores - publicou há poucos dias um relatório da linha da frente que refere que as forças russas sofreram "dolorosos reveses" em Toretsk, uma cidade mineira de Donetsk.  Moscovo tinha declarado Toretsk “libertada” no início de Fevereiro. Há relatos semelhantes sobre Chasiv Yar, outra cidade da linha da frente onde os russos têm estado atolados.

** Sobre a "WarTranslated" - que publica o post na imagem acima, entre muitos outros, diariamente. É um blogger estónio, Dmitri,  residente em Londres, que publica na Bluesky, Telegram e Twitter/X notícias e vídeos traduzidos para inglês. Uma boa fonte de informação fora dos "grandes media" com informação privilegiada. A sua apresentação:

«Durante mais de dois anos, fizemos a cobertura da guerra contra a Ucrânia e de temas associados, traduzindo dezenas de milhares de vídeos e materiais utilizados e vistos por meios de comunicação social, jornalistas, criadores de conteúdos e indivíduos.»

Abaixo um vídeo publicado ao final do dia 12 Março mostra Putin chegando a Kursk longe da cara sorridente e despreocupada que apresenta no Kremlin para divulgação em meios de comunicação social

 O exército russo encontra-se num impasse, é uma sombra do que foi. As suas unidades de elite desapareceram abatidas pela resistência ucraniana logo nas primeiras semanas da guerra. As reservas de tanques, veículos blindados e até de camiões são perigosamente baixas; os soldados russos na frente recorrem a burros e cavalos para transportar mantimentos.

Os pequenos ganhos que a Rússia obteve ao longo do último ano e meio implicaram uma perda de vidas "inexplicável". Dados actuais de fonte aberta confirmam que cerca de 96.000 soldados russos  foram mortos em combate mas provavelmente o número real será de pelo menos 160.000. Acrescentando os feridos graves, as perdas irrecuperáveis da Rússia em combate elevam-se a cerca de 550 000 soldados, de acordo com um relatório recente do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. Há vídeos feitos por drones que mostram soldados russos a coxear, com muletas ou a rastejar em direcção às posições ucranianas. A sua missão final: actuar como esponjas de balas que revelam os ninhos de fogo ucranianos.

A realidade na frente em nada se assemelha com a narrativa do Kremlin de uma Rússia com recursos infinitos numa marcha imparável -  narrativa divulgada por Trump e pelo movimento MAGA: "Putin tem todas as cartas"

Igor Girkin, um dos mais salientes nacionalistas russos pró-guerra, actualmente a cumprir uma pena de prisão pelas suas críticas a Putin - por não ter prosseguido a guerra de forma suficientemente implacável - escreveu recentemente, numa nota da prisão, que a guerra está perdida. Segundo ele, a Rússia não atingiu nenhum dos seus objectivos estratégicos e as forças ucranianas estão em pé de igualdade com o exército russo e o fracasso do país na guerra significa que todo o seu futuro é  sombrio. «A crise sistémica em que o nosso país se encontra ainda não tem perspectivas de resolução e vai aprofundar-se»

Yuri Kotenok, um relevante blogger de guerra na linha da frente, escreveu no Telegram  «Os ucranianos estão a tornar-se mais ousados a cada dia que passa, contra-atacando e até empurrando-nos para fora de várias posições que defendemos. Existe uma grave falta de tropas para operações de assalto no sul de Donetsk.»

Alguns dos mais fervorosos russos pro-guerra estão a debater-se com a constatação de que a guerra não é a grande luta histórica que imaginavam mas uma catástrofe.  Modest Kolerov, um bloguista ultra-nacionalista e antigo especialista do Kremlin, lamentou num post largamente difundido:  «A guerra provou, sem margem para dúvidas, que a ‘Nova Rússia’ não é mais do que (...) uma pálida sombra da Rússia histórica - seja o Império Russo ou a União Soviética».
Este sentimento apenas ecoava na oposição mas tem vindo a infiltrar-se no campo pró-guerra, aquele que concebe, ou concebia, a Ucrânia como "terra de ninguém" pertencente à Rússia de pleno direito

Se a Rússia tiver alguma hipótese de ganhar esta guerra, não será devido aos seus feitos militares no campo de batalha, será porque Putin convenceu Trump, Vance e os seus acólitos MAGA, de que a Rússia detém todas as cartas de um baralho inexistente. 

Aos 3 anos passados sobre os 3 dias em que Moscovo ia tomar Kyiv, a aposta de Putin é conquistar o poder afastando Zelensky; irá exigir eleições - e de eleições sabe Putin, muito.  Trump irá dizer que as eleições são essenciais; 


porque os povos europeus consideraram que o seu nível de vida não pode ser posto em causa para se fazer face ao rearmamento da Europa - é o pior dos luxos que nos pode minar: acreditar que o nosso nível de vida é nosso por direito -  fatalmente porá em causa todos os preciosos "luxos" que tomamos por certos



Fontes: "WarTranslated"; ForeignPolicy; Alexey Kovalev


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UMA CLIVAGEM EMERGENTE?

 Esta manhã terá lugar em Paris uma cimeira de representantes militares de quase todos os 32 países que integram a NATO dispostos a contribuir para as garantias de segurança da Ucrânia; irão debater a criação das forças de segurança internacionais para a Ucrânia após qualquer trégua negociada com a Rússia ;
Os Estados Unidos não foram convidados a participar.
Mais dois membros não receberam convite: Croácia e Montenegro
Representantes de países da Ásia e da Oceânia também participarão nas conversações assim como os ministros da Defesa das cinco principais potências militares da Europa - França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália e Polónia e o presidente francês,  em estreita coordenação com o comando militar da NATO.

A paz na Ucrânia exigirá provavelmente o destacamento de soldados europeus, que não combaterão na linha da frente mas que ficarão estacionados na Ucrânia após a assinatura do eventual Acordo de Paz para garantir o seu cumprimento.

Os  militares irão analisar e coordenar como as forças de segurança internacionais, propostas pela França e pelo Reino Unido, a serem destacadas após um eventual cessar-fogo. A composição das forças de segurança poderá incluir armamento pesado e reservas de armas estratégicas a ser  rapidamente mobilizadas - em horas ou dias - para apoiar a defesa da Ucrânia em caso de violação do cessar-fogo pelas tropas russas.

A segunda parte da reunião envolverá debates mais precisos sobre a disponibilidade e as capacidades das estruturas militares participantes na iniciativa, ainda que a decisão final recaia sobre os chefes de Estado a nível político.


ACORDO DE EXTORSÃO


A menos de 48h do encontro entre as delegações ucraniana e norte-americana em Jedha (A. S.) "transpira" que  a assinatura do Acordo de Exploração de Minérios Raros já não é suficiente para assegurar garantias de segurança por parte dos EUA, agora também querem que a Ucrânia ceda territórios.

Ursula van der Leyen, hoje, assinalando os  primeiros 100 dias do seu segundo mandato como presidente da Comissão Europeia:

«Vamos fazer avançar o plano riEUR com toda a força. A ideia subjacente é que devemos libertar todo o potencial face a ameaças concretas. O que mudou nestes 100 dias foi o novo sentido de urgência, porque algo fundamental mudou, tudo se tornou transacional, pelo que o ritmo da mudança acelerou e a acção que é necessária, tem de ser ousada e determinada»

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Poucas horas antes de declarações à imprensa na Sala Oval Trump publicou no Truth Social: 

«Com base no facto de que a Rússia estar absolutamente a “esmagar” a Ucrânia no campo de batalha neste momento, estou a considerar fortemente sanções bancárias em grande escala, sanções e tarifas sobre a Rússia até que um cessar-fogo e um ACORDO FINAL DE PAZ sejam alcançados. À Rússia e à Ucrânia, dirijam-se à mesa de negociações agora mesmo, antes que seja tarde demais. Obrigado!!!»

Juntando ambas, a ameaça de sanções à Rússia e as declarações na WH, duas conclusões se podem retirar:

1 - Alguém, talvez Keith Kellogg, o enviado especial norte-americano para a Ucrânia que esteve em Kyiv a 19/20 Fev, convenceu Trump a pôr a a hipótese de sanções bancárias como meio de pressionar Putin a iniciar conversações (o que me oferece uma expressão vagamente enjoada porque os EUA não têm relações bancárias nem comerciais com a Rússia) 

2- Umas horitas passadas, e à rédea solta com os jornalistas, Trump esteve-se nas tintas para sanções e bombardeamentos, não se coibiu de (continuar a) defender a Rússia com a facilidade de quem tem esse vírus correndo-lhe no sangue

A transcrição de três respostas à imprensa na Sala Oval - dia 7 Mar. (último vídeo abaixo)

 Min21:47 -  Jornalista: “O Presidente Putin está a bombardear a Ucrânia. Ainda acredita nele quando vos diz que quer a paz?”

Presidente Trump: “Sabe, eu acredito nele. Acredito nele. Acho que estamos a lidar muito bem com a Rússia mas, neste momento, eles estão a bombardear infernalmente a Ucrânia. Francamente estou a achar mais difícil lidar com a Ucrânia, e eles não têm as cartas. Eles não têm as cartas. Como sabem vamos reunir-nos na Arábia Saudita algures no início da próxima semana e vamos e estamos a falar sobre a possibilidade de chegar a um acordo final.. 

Acho que, em termos de resolução final, pode ser mais fácil lidar com a Rússia, o que é surpreendente porque eles têm todas as cartas. É verdade. E estão a bombardear infernalmente o país neste momento. E eu fiz uma declaração, uma declaração muito forte. Não posso fazer isso. Não podem fazer isso. Estamos a tentar ajudá-los. Mas a Ucrânia tem de se atirar à bola e fazer o seu trabalho”. 

Jornalista: “O senhor Presidente acha que Vladimir Putin está a aproveitar a pausa dos Estados Unidos na ajuda militar e nos serviços secretos à Ucrânia?

Presidente Trump: “Na verdade, acho que ele está a fazer o que qualquer outra pessoa faria. Penso que ele quer parar e resolver o problema. Penso que está a bater-lhes com mais força do que tem batido. E acho que qualquer pessoa nessa posição estaria a fazer o mesmo agora. Ele quer acabar com isto. E acho que a Ucrânia quer acabar mas não vejo.... É uma loucura. Estão a sofrer um castigo tremendo. Não percebo bem. 

Jornalista: “Porque acha que nenhum outro país europeu está a oferecer um acordo de paz? Parece que ninguém se juntou à mesa para a paz, excepto vocês?

Presidente Trump: “É uma pergunta muito boa mas por vezes as perguntas não têm resposta. Eles estão numa posição muito invulgar. Não sabem como acabar com a guerra. Eu acho que sei, sim, como acabar com a guerra. Apesar da Rússia-Rússia-Rússia. Sempre tive uma boa relação com o Putin. E sabe que ele quer acabar com a guerra. Quer acabar com ela. E acho que ele vai ser mais generoso do que tem de ser, e isso é muito bom. Isso significa muitas coisas boas”. 

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Em Julho de 1987 Trump, 41 anos, voa para Moscovo (URSS) a convite do embaixador soviético nos EUA, Yuri Dubinin.

Ao regressar de Moscovo, o falido Trump recebe subitamente empréstimos de 16 bancos e, sem negociação, compra o Hotel Plaza por 407,5 milhões de dólares - um preço recorde para um hotel.

Actualmente, três antigos agentes do KGB - Alnur Mussayev, antigo oficial do KGB e ex-chefe dos serviços secretos do Cazaquistão, o ex-agente do KGB Yuri residente actual nos EUA,  o ex-agente do KGB Sergei Zhyrno residente em França - . afirmam que Trump foi recrutado pela Rússia. Alegam que o KGB utilizou a lisonja e as oportunidades de negócio para apelar às ambições de Trump, com o objectivo de o recrutar como um trunfo.

Após o seu regresso aos EUA, o então apolítico Trump começou a criticar fortemente a NATO, publicando um anúncio de página inteira no The Washington Post em 2 de Setembro de 1987, que continha uma carta aberta escrita por si proclamando que os EUA estavam a desperdiçar dinheiro a proteger aliados que “não podem dar-se ao luxo de se defender”.

Nenhum destes antigos agentes do KGB forneceu provas directas mas o facto de três agentes, falando em momentos diferentes e a partir de locais diferentes, contarem a mesma história sugere uma forte  probabilidade

Já em 2014, 2 anos antes da primeira candidatura de Trump à presidência, o seu casino de Atlantic City faliu. Trump tinha uma dívida de 4 mil milhões de dólares após a falência. Nenhum banco norte-americano lhe quis tocar. Então  começou a entrar dinheiro estrangeiro através da Bayrock. A Bayrock era gerida por dois investidores: Tevfik Arif, um ex-funcionário soviético nascido no Cazaquistão, que recorria a fontes inesgotáveis de dinheiro da antiga república soviética, e Felix Sater, um homem de negócios nascido na Rússia que se tinha declarado culpado, na década de 1990, de um enorme esquema de fraude com acções envolvendo a máfia russa. A Bayrock - Bayrock Group LLC, localizada no 24º andar da Trump Tower - associou-se a Trump em 2005 e injectou dinheiro na organização Trump sob o pretexto legal de licenciar o seu nome e a gestão de propriedades.

Frequentemente ignorado é o facto de a máfia russa ser parte integrante dos serviços secretos russos. A Rússia é um Estado mafioso. Não se trata de uma metáfora, Putin é o chefe da máfia.

Em 1984, David Bogatin - um mafioso russo, condenado e aliado próximo de Semion Mogilevich - o cérebro por detrás da máfia russa - encontrou-se com Trump na "Trump Tower" logo após a sua abertura. Nessa reunião, Bogatin comprou cinco condomínios a Trump. Esses condomínios foram mais tarde apreendidos pelo governo, que alegou terem sido utilizados para lavar dinheiro para a máfia russa. (NY Times, 30 de Abril de 1992). Há décadas que os agentes de Mogilevich utilizam o património imobiliário de Trump para branquear dinheiro, ou seja, operacionais da máfia russa fazem parte da fortuna Trump há muitos anos, muitos deles são proprietários de condomínios nas "Trump Towers" e noutras propriedades, executando as suas operações a partir da joia da coroa de Trump.

Nada disto é novidade e, independentemente das provas, o comportamento de Trump é revelador: Tomou o partido da Rússia, juntamente com a Coreia do Norte na ONU, abandona a Ucrânia "suspendendo" apoio militar e informação vital, admite abandonar a NATO e fustiga os aliados ocidentais com guerras comerciais; e é-lhe "tão mais fácil negociar com a Rússia e com Putin"

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Chefe propagandista do Kremlin, Alexey Zhuravlyov, Skabeyeva, na televisão estatal russa:
«Apoiamos tudo o que Trump está a fazer. Adoramos a forma como ele se está a comportar».(a partir do min:7:00


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Sala Oval 7 Março

 

POLÓNIA - O RISCO SOBRE A EUROPA NAS ENTRELINHAS

 Num discurso ao parlamento polaco centrado na situação de segurança internacional e na profunda preocupação com a guerra na Ucrânia, o primeiro-ministro  Donald Tusk informou estar em curso a preparação de um modelo de treino e formação militar para todos os homens da Polónia; baseado no modelo suíço, não será obrigatório mas suportado por incentivos fortemente apelativos, sublinhou que não se trata de um regresso ao serviço militar obrigatório, que terminou na Polónia em 2008.

«Até ao final do ano, queremos ter um modelo pronto para que todos os homens adultos da Polónia sejam treinados para a guerra e para que esta reserva seja adequada a possíveis ameaças. Todos os homens saudáveis deverão querer treinar-se para poderem defender a pátria em caso de necessidade. Vamos prepará-lo de forma a que não seja um fardo para as pessoas, as mulheres também poderão ser voluntárias se o desejarem. 
Os polacos não vão adoptar a filosofia de que somos completamente impotentes e indefesos por o Presidente Trump ter decidido ajustar a sua política. A Polónia não altera a sua opinião sobre a necessidade, a necessidade absolutamente fundamental de manter os laços, mais estreitos possíveis, com os Estados Unidos e com a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Estamos a assistir a uma profunda correcção da política dos EUA em relação à Ucrânia mas não podemos virar-lhe as costas só porque não gostamos dela. Temos de ser precisos e honestos na avaliação do seu significado, do que serve e do que não serve  os nossos interesses. Isto é, de um modo geral, indiscutível,  a Polónia não desiste da NATO.
O nosso défice tem sido a falta de vontade de agir, falta de confiança e, por vezes, até a cobardia. Mas a Rússia será indefesa contra a Europa unida. É impressionante, mas é verdade. Neste momento, 500 milhões de europeus imploram a 300 milhões de americanos que os protejam de 140 milhões de russos que, durante três anos, não conseguiram vencer 50 milhões de ucranianos  » D.Tusk, 7Mar25

O exército polaco tem actualmente cerca de 200 000 efectivos, o que o torna o terceiro maior da NATO, depois dos EUA e da Turquia, e o maior entre os membros da UE. Tusk referiu que a Ucrânia tem um exército de cerca de 800 000 homens, enquanto a Rússia tem 1,3 milhões de homens armados. Tusk pretende que o exército polaco atinja os 500 000 militarmente capazes de intervir em caso de necessidade.

Significativo é o facto de Jaroslaw Kaczyński,  líder do partido da oposição, o conservador Lei e Justiça, concordar com Tusk e  dizer : 

 «Para além do treino militar dos homens, será necessária uma mudança mental na sociedade. Teremos de regressar ao ethos cavalheiresco e ao facto de os homens também deverem ser soldados, ou seja, serem capazes de se exporem, mesmo à morte»

Não posso deixar de notar que, nestas coisas do "cavalheirismo", os líders conservadores tendem a confundir cavalheirismo com superioridade de aptidão... As forças armadas polacas contam com mais de 10 000 mulheres em serviço activo: em 2023 a 5ª divisão da  Força de Defesa Territorial, o ramo que englobava menos mulheres,  contava mais de 3.500 mulheres,  depois das Forças Terrestres, da Força Aérea, da Marinha e das Forças Especiais. Kaczyński que se entenda com as polacas, está bem entregue.

A Polónia está localizada no flanco oriental da NATO e já é o país que mais gasta, percentualmente, em defesa (4,7%). Tusk disse ao parlamento que a despesa deveria aumentar para 5% do PIB - o valor defendido por Trump. Esta sexta-feira o presidente polaco, Andrzej Duda disse que quer aproveitar o consenso que existe atualmente na cena política e irá submeter à apreciação parlamentar uma alteração à Constituição  que obrigaria o país a gastar anualmente pelo menos 4% do seu PIB na defesa. 

Paralelamente Tusk referiu que a Polónia não se pode limitar às armas convencionais e "está a falar seriamente" com a França sobre a possibilidade de ser protegida pelo "guarda-chuva" nuclear francês, após Macron ter aberto a possibilidade de outros países discutirem a forma como a dissuasão nuclear francesa pode proteger a Europa, rematando com o  exemplo da Ucrânia, que abdicou do seu arsenal nuclear e está agora a ser atacada pela Rússia..

 «Temos de estar conscientes de que a Polónia tem de procurar as capacidades mais modernas também no que se refere às armas nucleares e às armas não convencionais modernas. Esta é uma corrida pela segurança, não pela guerra» D.Tusk, 7Mar25