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A COMEMORAÇÃO DE ASSASSINATOS

«Centenário da República exclui regicídio»

«Os promotores da romagem à campa dos homens que mataram o rei Dom Carlos voltam a homenagear os regicidas no próximo domingo, este ano com fortes críticas ao programa do centenário da República por excluírem o regicídio das comemorações», escreve a Lusa.

«Basta ver as comemorações oficiais: da Presidência da República ao primeiro-Ministro, passando pelos municípios a nível nacional, apenas Castro Verde inclui o regicídio nas comemorações alusivas ao centenário da implantação da República», disse à Agência Lusa o presidente da Associação Promotora do Livre Pensamento (APLP), Luís Vaz.»

«É esta associação que, pelo terceiro ano consecutivo, promove uma romagem às campas de Manuel dos Reis Buíça e Alfredo Luís Costa, os homens que, a 1 de Fevereiro de 1908, mataram o rei Dom Carlos e o príncipe Luís Filipe. »
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«Para Luís Vaz, é «um vício histórico» não reconhecer o regicídio como um «acontecimento» que é «parte integrante do derrube da monarquia».
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«O historiador não tem dúvidas de que, «se não houvesse regicídio, continuaria a haver uma monarquia constitucional». A legitimidade do parlamento «iria voltar, mas a República só tardiamente se implantaria».

«Por esta razão, não entende como o regicídio não faz parte das comemorações do centenário da República, interpretando o distanciamento de algumas organizações, como o Grande Oriente Lusitano (GOL), com a busca pela consensualidade.»

«Fazendo o GOL parte das programações oficiais do Centenário da República e estando nelas inseridas outras estruturas, também representativas da mentalidade portuguesa, que não aceitam o regicídio como parte integrante da história e como uma etapa que levou ao fim da monarquia, porventura faz a gestão desta clivagem através da consensualidade e aceita a exclusão».

«A abertura oficial das comemorações do Centenário está marcada para 31 de Janeiro, no Porto, e conta com a presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, havendo já actividades no dia anterior, 30 de Janeiro.»


Três pontinhos apenas, porque o fundo da questão nem vale a pena comentar...

1º- «um vício histórico» não reconhecer o regicídio como um «acontecimento» que é «parte integrante do derrube da monarquia».

Neste aspecto estamos totalmente de acordo, o tal Luís Vaz e eu. Ou seja, o derrube da monarquia em Portugal foi feito devido ao assassinato de duas pessoas, o Rei D. Carlos e o Príncipe Luís Filipe.
Não sei porque é que hoje em dia se há de votar, se fazem referendos; o regime republicano foi fundado e legitimado em dois assassinatos, não falando já no "estranho caso da precoce morte de D. Manuel II".

O historiador não tem dúvidas de que, «se não houvesse regicídio, continuaria a haver uma monarquia constitucional».


Pois! Fácil é falar hoje do derrube de regimes por vias inconstitucionais, pela força, sem eleições, sem referendos. Fácil é falar... E há coisas que "somam e seguem" e não falemos mais nisso, exclui-se e "prontus". Vai daí:

2º-«Por esta razão, não entende como o regicídio não faz parte das comemorações do centenário da República, »

Não entende? Entende, entende, entende até muitíssimo bem.

«... não aceitam o regicídio como parte integrante da história e como uma etapa que levou ao fim da monarquia, porventura faz a gestão desta clivagem através da consensualidade e aceita a exclusão».

O senhor, perdão, o historiador Luis Vaz chateia-se que o regicídio não esteja integrado nas comemorações do centenário da república porque concorda com ele, porque costuma homenagear os autores dos assassinatos:

«Basta ver as comemorações oficiais: da Presidência da República ao primeiro-Ministro, passando pelos municípios a nível nacional, apenas Castro Verde inclui o regicídio nas comemorações alusivas ao centenário da implantação da República», disse à Agência Lusa o presidente da Associação Promotora do Livre Pensamento (APLP), Luís Vaz.

«É esta associação que, pelo terceiro ano consecutivo, promove uma romagem às campas de Manuel dos Reis Buíça e Alfredo Luís Costa, os homens que, a 1 de Fevereiro de 1908, mataram o rei Dom Carlos e o príncipe Luís Filipe.»

E acrescenta com uma lógica que francamente ultrapassa o meu fraco entendimento:

«A romagem realizar-se-á um dia antes da efeméride, a 31 de Janeiro, altura em que «todos os actores dos factos ocorridos se encontravam vivos e aptos a modificarem as suas opções».

«Não deixo de reconhecer que a morte é sempre passível de ser condenada, por isso comemoramos o acontecimento no dia 31 de Janeiro, porque festejamos a vida e não a morte.»

Claro, claro, sendo um dia antes faz toda a diferença, a 31 de Janeiro Manuel Buíça e Alfredo Costa ainda não eram assassinos, faltavam ainda umas horitas.

Só uma pergunta ingénua: este tipo é parvo ou julga que os outros o são?

3º- o historiador Luís Vaz chateia-se que o regicídio não esteja integrado nas comemorações do centenário da república, «... as comemorações oficiais: da Presidência da República ao primeiro-Ministro, passando pelos municípios a nível nacional...» ver-se-iam numa situação muito desagradável se o regicídio fosse integrado nas comemorações...
Não sei se já tinha dito, não falemos mais nisso, exclui-se e "prontus".

Ora agora o Tio Aníbal, reizinho do palácio de Belém, o meu José, príncipe perfeito de S. Bento e mais todos os outros senhores feudais dos vários Municípios (à excepção de Castro Verde, que se assumem tal qual são), se de hoje para amanhã desgostassem uns quaisquer militantes de uma auto-denominada associação de "livres-pensadores*" que lhes pregassem com um balázio nos... heu... nas suas cabecinhas, pois não teria mal, era só a bem da nação que está mal entregue.

Em questões que envolvam a Portugalidade, da Sua história à Sua cultura, passando pelas estranhas idiossincrasias e silenciosos consentimentos do Seu povo, já muito pouco me espantará:

Um país que comemora o Seu Dia identificando-se com um poeta do Séc.XVI, por grande que seja o Poeta, e renega o dia da sua fundação comerando, "em vez de", a implantação de um regime não sufrajado que, só após o 25 de Abril de 1974 "virou" símbolo dos «Direitos, Liberdades e Garantias» - que em 1908/1910 não foram de forma alguma respeitados ou salvaguardados, de um tal país o que verá de espantar? Só se for coragem e bom senso.

*«O historiador, autor de várias obras sobre o regicídio, algumas das quais atribuem a autoria deste acontecimento à Associação do Registo Civil e Livre Pensamento (ARCLP), da qual Manuel dos Reis Buíça e Alfredo Luís Costa eram sócios»
Texto itálico LUSA, retirado de IOL Diário


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2 comentários:

João Carlos disse...

Desculpem a minha falta de c"O"ltura, mas quem é este rapazito de nome Luis Vaz que defende assassinos? Se assim é, vamos deixar de gastar dinheiro em eleições e fazemos tiro as patos. Não gosto deste governo BUM...olha...foi-se...venha outro. Bem, poupa-se em eleições e gasta-se em munições (olha fiz uma versinho)hummm...caso complicado de resolver...

Alex. disse...

O Luis Vaz, e todos os portugueses que defendam quem quiserem, o homem até se bate pelo que defende. Agora que se vá comemorar a implantação da república como se tivesse sido um "Acto democrático" e se exclua o regicídio porque não dá jeito que este tenha existido...
Portuguesices...