O dia da mãe é quando o pensamento "ter um filho" pela primeira vez não é apenas um pensamento mas um desejo hipotético, tímido, firmado ou explosivo.
O dia da mãe é quando, dias depois de um teste de gravidez positivo, nos consciencializamos de que desta vez não se trata de um pensamento nem de um desejo mas de uma resolução que tomará conta da nossa vida para sempre.
O dia da mãe é quando nos apercebemos de que aquela resolução de que entregaríamos a nossa vida para sempre se entranhou em nós e não há regresso possível: ainda por nascer alguém tomou posse da nossa vida e esta já não nos pertence.
O dia da mãe é quando perante todas as dores, todos os medos, todas as sensações estranhas e assustadoras sabemos que, venha o que vier, vale todos os assombros de quem dá à luz desde que acabe como esperamos... ou seria emocionalmente insuportável.
O dia da mãe é quando, pela primeira vez, uma mão minúscula toca a nossa pele e não sabemos distinguir onde um de nós começa e o outro acaba porque nunca ninguém nos tocou sendo nós e sendo outrem simultaneamente.
O dia da mãe é quando um chorinho nos alivia porque sente fome ou nos parte o coração porque não sabemos porquê ou como pará-lo.
O dia da mãe é o dia do primeiro sorriso que mais ninguém viu, o da primeira febre que mais ninguém sentiu arder como um fogo invisível, o do primeiro olhar de busca que pergunta - onde estás - como se o mundo tivesse desaparecido.
O dia da mãe é o dia de todas as novas experiências, avassaladoras, que fazem sorrir, espantar, chorar e pensar.
O dia da mãe é o primeiro dia longe porque tem de ser, o primeiro dia de escola ( e os outros que se seguem), o dia em que o médico assusta, o dia em que um doí-doí mau não pára, o dia em que o colo faltou quando tinha mesmo de lá estar, o dia em que alguém não soube compreender mas não tinha razão.
O dia da mãe é o dia em que afinal os dinossauros existiram, em que as fadas apareceram sem ser vistas, em que os monstros verdes se esconderam debaixo da cama à espera do silêncio, é o dia em que o Pai Natal adivinhou exactamente todos os desejos.
O dia da mãe é o dia em que a primeira grande desilusão precisa ser lavada daquela sombra de fim do mundo; é o dia em que um sonho treme tanto que não se quer dar a conhecer e precisa ser puxando para a luz.
O dia da mãe é aquele em que dúvidas profundas ou apelos superficiais insistem tanto fazer-se ouvir que é preciso estabelecer os limites que forjam o carácter.
O dia da mãe é o dia de todos os ritos de passagem, de todos os medos, mesmo dos mais aterradores como o de não estar presente..., de todas as alegrias, de todas as paixões - confessas, adivinhadas ou escondidas - de todas as vitórias e de todas as derrotas.
O dia da mãe é hoje, foi ontem, é sempre, toda a vida
O dia da mãe é quando aquela voz única no mundo diz - Mãiín... e sorri
3 comentários:
Alex, minha querida, o texto é lindo, mas afinal é em glória do filho!! Afinal o que faz uma mulher ser mãe, não é?
:)
O dia da mãe é todos os dias! Inicia-se com o dia do nascimento do 1º filho e é para toda a vida.
Como sou "engenheira" fiz umas contas já "comemorei" cerca de 13.000 dias da mãe...
Beijinhos, Nanita
Obrigada Emiéle. Pois é sem filho não há glória... (nem sol, nem paz, nem nada)
13.000 dias Nanita? A menina casou aos 15... Beijo para ti e aos dois.
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