Decorria a conferência de imprensa conjunta de Trump e Keir Starmer após uma reunião na Sala Oval e um simpático almoço que foi referido como "proveitoso com enorme trabalho desenvolvido pelo primeiro-ministro britânico"
TRUMP: «As taxas (comerciais) são necessárias porque fomos tratados de forma muito injusta por muitos e muitos países, incluindo os nossos amigos, e inimigos, temos sido tratados muito injustamente no comércio a níveis que que nunca ninguém tinha visto antes e especialmente sob o comando da Administração Biden, eles realmente aproveitaram-se dos Estados Unidos»
Não. As taxas (comerciais) são necessárias porque o partido republicano, ou seja, Trump, se comprometeu, com a mais alta finança dos EUA, a reduzir as suas contribuições fiscais para valores ridiculamente, moralmente, insustentavelmente baixos ou mesmo nulos como aconteceu durante o seu primeiro mandato ( e Musk precisa de muito dinheiro a ser investido no seu megalómano projecto marciano)
Depois veio a salganhada de egocentrismo e mentiras habitual:
TRUMP: «Durante os meus quatro anos tivemos a melhor economia do mundo, na história do nosso país, provavelmente a melhor economia, talvez a melhor economia na história do mundo mundo. Utilizei tarifas para equilibrar as coisas e, em particular com a China, recebemos centenas de biliões de dólares e não tivemos inflação e isso é um mito, é um mito que é divulgado por países estrangeiros que realmente não gostam de pagar tarifas e, especialmente para equilibrar, fomos maltratados por muitos países a usar tarifas e eu acho que apenas têm de olhar para os números, mas eu acho que que não se trata de inflação, mas sim de justiça e a inflação, para nós, não existiu e não creio que vá existir»
A inflação acumulada ao longo da presidência de Trump foi de cerca de 7,8%, antes das repercussões de desaceleração económica provocada pela epidemia Covid e sem apoios à Ucrânia cuja guerra só veio a ter início em Fevereiro de 2022
Quando Trump diz "obrigado" aos jornalistas e se prepara para acabar a festa, Starmer aproveita a brecha:
STARMER: «Olhem que tivemos uma discussão muito boa e produtiva, uma boa discussão em resultado da qual as nossas equipas vão agora trabalhar em conjunto num acordo económico, a nossa equipa vai trabalhar em conjunto sobre a segurança na Ucrânia; como referiu Canadá, acho que estão a tentar encontrar uma divisão entre nós que não existe, somos as mais próximas das Nações e tivemos discussões muito boas hoje mas não discutimos o Canadá... »
Trump: «That's enough»
- * Acabou a conversa, fim de papo, vão pra casa * -
Sir Keir Starmer tem duas características: é inglês... e, além de ser inglês, é irrepreensivelmente polido como só um inglês consegue ser (seguido de perto pelos nórdicos).
A Sir Keir Starmer nunca passaria pela cabeça pôr a mão na perna de presidente dos EUA e dizer com o seu melhor sorriso "Para ser franco isso não é assim", como fez Macron mantendo a pose e a simpatia.
A Sir Keir Starmer não passou pela cabeça replicar um - "No, no, no, let me finish please" - e arriar uma giga histórica. Ficou estupefacto, tentou perceber se tinha ouvido bem, se o presidente dos Estados Unidos tinha de facto dito "Já chega". Foi o primeiro encontro entre ambos, não, não é fácil acreditar.
Sir Starmer foi portador de uma carta de Carlos III contendo um convite a Trump para uma visita a Windsor. Talvez o rei deva relembrar (ou informar?) Trump de que também é rei do Canadá, mesmo correndo o risco de Trump o mandar calar
2025 ainda não entrou no último mês do seu primeiro trimestre e já podemos estar certos de que ficará na história como o ano mais conturbado do primeiro quarto do século, o que é uma marca perturbadora tendo em conta, pelo menos, a turbulência da última década
Hoje cumprem-se 3 anos sobre a "Operação Especial" que a Rússia accionou para tomar a Ucrânia "em 3 dias"; cidadãos russos foram presos, outros tiveram de fugir do seu país, outros ainda só Deus sabe, por chamarem "Guerra" a esta "Operação Especial"
Hoje foi votada, uma vez mais, nas Nações Unidas uma resolução condenando a agressão russa e exigindo a retirada imediata das forças de Putin do território ucraniano
Hoje, pela primeira vez nas UN, os EUA aliaram-se à Rússia, Coreia do Norte, Bielorrússia, Israel e Hungria, entre outros domínios russos, essencialmente em África, na África ocidental ocupada pelo Grupo Wagner, votando contra a condenação. Os Estados Unidos, a Rússia, a Coreia do Norte no mesmo saco? Nem a China foi tão longe, optando por se abster, tal como o Irão por razões diversas
Hoje é o dia da vergonha consumada, da contra-prova explicita, da confissão revelada no voto expresso.
Surpreendente? De forma alguma, há mais de 20 anos que Putin meteu Trump no bolso e agora tem toda uma equipe "confiável" na Administração e à beira dos ouvidos do presidente que fez eleger; quando precisa de um emissário "desinteressado" manda-lhe Órban para combinarem como lixar a Europa. O Kremlin impera na Casa Branca com maior ou menor discrição
Disse o ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês:
«The US President is repeating well-known Russian propaganda. This is very dangerous. The statements are very unfounded, very serious and very dangerous.»
«O Presidente dos EUA está a repetir a conhecida propaganda russa. Isto é muito perigoso. As declarações são muito infundadas, muito sérias e muito perigosas».
Trump é um papagaio amestrado.
Sem os EUA a Ucrânia está perdida?
Sem os EUA a Ucrânia e, consequentemente a Europa, está numa situação desconfortável, inconveniente... Mas vamos por partes: Presentemente a Ucrânia - tem 110 brigadas em campo
- destruiu a maior parte dos tanques russos
- produziu 1.5 milhões de drones em 2024, produzirá 4.5 milhões em 2025
No último mês Putin vendeu 100 toneladas de ouro russo. (!!!) Está a dar o tudo por tudo na economia e em recrutamento, há soldados russos na frente acabados de ter alta de hospitalização
A Europa garantiu já à Ucrânia o apoio necessário para 2025
Hoje, a Presidente da Comissão Europeia, von der Leyen., ao chegar a Kyiv, anunciou: «A Europa está aqui para fortalecer a Ucrânia neste momento crítico. Posso anunciar que um novo pagamento de 3,5 mil milhões de euros para a Ucrânia chegará já em Março. e não no final deste ano. Paralelamente, temos de acelerar a entrega imediata de armas e munições e isto estará no centro do nosso trabalho nas próximas semanas»
A sua comunicação, que começa por «Dear Volodymyr», disponível AQUI (tradução automática)
Hoje, na Roménia, aquele país que não aceitou umas eleições forjadas na Rússia e as descartou, levando JD Vance a fazer críticas e ameaças ridículas na Conferência de Segurança de Munique há 10 dias... Hoje, na Roménia, dizia eu, junto ao mar negro, entre a Ucrânia e a Moldova, estão a decorrer exercícios da Força de Resposta Rápida da NATO numa conjunção de 9 países, com a ausência dos EUA, integra 10.000 participantes dos 3 ramos militares e 1500 veículos de combate, aeronaves incluídas;
Hoje, arrancou o exercício de treino TAURUS 25 que visa a Preparação e Certificação para a Segurança Europeia das unidades que integram o Battlegroup da UE (EUBG), força multinacional de resposta rápida , preparada para actuar de forma autónoma ou na fase inicial de operações de maior envergadura. durante o segundo semestre de 2025 e o primeiro de 2026. Este exercício terminará em Maio próximo com o grande Exercício conjunto ORION 25 durante o qual será testada a integração total das forças do EUBG. A participação do Exército Português no EUBG representa um investimento estratégico na defesa europeia e um passo fundamental para a criação de uma Brigada Média a atribuir à NATO a partir de 2034.
Hoje em Washington Trump recebeu Macron. Não consigo decidir de que gostei mais: se de ver Macron, "para ser franco", desdizer e corrigir Trump se das trombas de Trump himself, ensaiando boquinhas, e colocando sorrisinhos de fuga-prá-frente
Na próxima quinta-feira, dia 27, Trump terá provavelmente mais um dia animado durante a visita de Keir Starmer à Casa Branca...
“Estamos sob uma pressão tão intensa de ambos os lados [EUA e Rússia] que minha prioridade absoluta será fortalecer a Europa o mais rapidamente possível, para que, passo a passo, possamos realmente alcançar a independência dos EUA. Nunca pensei ter de dizer uma coisa destas num programa de televisão mas depois das declarações de Donald Trump na semana passada, é claro que os americanos, pelo menos esta parte dos americanos, esta administração, são indiferentes ao destino da Europa. Estou muito curioso para ver como nos dirigimos para a cimeira da NATO no final de Junho. Se continuaremos a falar da NATO na sua forma actual ou se teremos de criar uma capacidade de defesa europeia independente muito mais rapidamente.»
Hoje em Kiev, enquanto anfitrião da Cimeira Internacional sobre o apoio à Ucrânia Zelensky deixou um aviso:
«Eles (no Kremlin) nunca perdoarão o mundo por não ganharem esta guerra.
E não a ganharão.»
Creio que não será difícil entender o quanto isto é verdade e o que significa, em termos práticos, políticos, bélicos, futuros
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Não foi hoje, poderia ter sido, pela actualidade, pela sapiência, pelo discernimento; e não, não é exagêro, é sempre assim que começa... O Governador do Illinois, JB Pritzker, há dias fez a sua comunicação anual no State of the State para apresentação do Orçamento; e deixou uma reflexão, um alerta, um sinal de alarme para os dias que vivemos. Deixo-o aqui com a esperança de que "amanhã seja outro dia"
As conversações dos EUA com a Rússia iniciadas a 17 Fev. sob a mediação da Arábia Saudita têm, segundo o secretário de Estado americano, 3 objetivos, por esta ordem:
1- Restabelecer relações diplomáticas com a Rússia 2 - Negociar o fim da guerra na Ucrânia 3 - Explorar oportunidades económicas e geo-políticas no interesse dos EUA e da Rússia
Como diz Trump, "Business, everything is business"
E para a Rússia, quais são os objectivos e por que ordem de prioridades? Além de uma proeminente operação de relações públicas, digamos assim, agora que conseguiu retornar à mesa da comunidade internacional pela mão dos EUA, vê o seu isolamento dos últimos anos quebrado e reassume-se como super-potência, condição da maior importância para Putin. E o levantamento das sanções, das sanções, das sanções... Não contei quantas vezes Levrov disse "sanções" e fiz bem, acabaria cansada. Lavrov apresenta-se como tendo o comando das conversações, nas exigências, na conferência de imprensa, no olhar vagamente paternalista que, do alto dos seus mais de 20 anos de Negócios Estrangeiros, dedica ao ex-senador texano. Uma festa aquele "puto tenrinho", obviamente não quer conversas com europeus; esqueçam lá quem invadiu quem, esqueçam lá as ambições imperialistas de Putin, esqueçam os crimes de guerra e outras "mentiras" contra a Rússia, incompreendida, injustamente ostracizada. Ameaçada pela ocidentaliação da Ucrânia, pelo seu namoro à NATO (na última versão que Trump papagueou traduzida do russo), que alternativa restava senão uma invasão defensiva?
A Rússia dita assim os seus termos, para já :
- Restabelecimento das relações diplomáticas EUA/Rússia - Estabelecimento de acordos políticos com os EUA relativos a outras situações de conflito geo-estratégicos em diversos pontos do globo. - Levantamento das sanções económicas (não vai ser possível sem a UE) - Afastamento, sine die, da adesão da Ucrânia à NATO (não vai ser possível sem a NATO e sem a Ucrânia ) - Não haverá negociação com delegações europeias (pois, parece que terá de haver...) - Qualquer contingente militar associado a um ou vários países da NATO, seja sob que bandeira for, mesmo a europeia, para manutenção de paz e garantia da segurança do território ucraniano será inaceitável (não vai ser possível sem a Europa e outros membros da NATO) - Nenhum retorno à Ucrânia de territórios ocupados pela Rússia - Compromisso de não bombardeamento de refinarias ou outras instalações petrolíferas Russas (Não é possível sem a Ucrânia)
O que ficou acordado neste primeiro dia?
- Restabelecimento das embaixadas com todo o pessoal anterior (às expulsões) em Washington e Moscovo - Designação de uma equipe americana de alto-funcionários para negociação de um acordo para a Ucrânia - Criação de condições para "oportunidades económicas históricas" - Negociadores de topo permanecerão em Rihad para assegurar o desenvolvimento dos trabalhos
Isto posto leva-me a pensar sobre o envolvimento da Arábia Saudita... Ofereceu-se para mediar estas conversações EUA/Rússia; Oferece-se para mediar conversações entre os EUA e o Irão; Está envolvida nas negociações de Gaza até às entranhas; Gaza... E a Riviera de Trump. Trump e o seu amigo Netanyahu, Trump e o seu amigo Salman, Salman e Netanyahu (mais vale um judeu autoritário do que um xiita teocrático - mais vale um sunita assassino do que um xiita bélico). Salman que tem sido uma peça chave na regulação de preço do petróleo na OPEC, em colaboração com Putin. E tem jeito para os negócios o rapaz, a sua preciosa ajuda eleva-o ao palco da política internacional, deu-lhe a oportunidade de dizer a Rubio, enquanto o recebia nos seus domínios "Podemos fazer coisas muito positivas pela Arábia Saudita e pela América, por tantos outros países do mundo". A generosidade personificada, é ainda dizem que manda esquartejar jornalistas numa das suas embaixadas... Calúnias!
Na próxima sexta-feira Salman vai receber os líders do mundo árabe para discutirem alternativas à "proposta" de Trump para Gaza: Jordânia, Egipto, Quatar, Emiratos. Veremos se MBS mantém a sua posição de recusa ou se tentará contornar "dificuldades" contornaveis com uma promessa de investimento e cooperação económica, de Defesa e tecnológica
Que salganhada, sou só eu que sinto um cheiro esquisito?
E do lado de cá? (parece conversa do tempo da Guerra Fria, quando o Muro era visível)
Do lado de cá, depois da reunião convocada por Macron, Trump achou por bem falar com ele durante cerca de 20 minutos; depois de Zelensky ter cancelado a sua projectada ida à Arábia Saudita, esta quarta-feira, Trump enviou um dos "seus" generais à sede da União Europeia para falar com von der Leyen; Por último Macron marcou uma nova reunião alargada a novos participantes: Portugal, Noruega, Lituânia, Estónia, Letónia, República Checa, Grécia, Finlândia, Roménia, Suécia, Bélgica e Canadá que, não sendo europeu, é uma importante presença na NATO.
A Turquia não fará parte desta volta mas Erdogan recebeu Zelensky em Ankara e disse rejeitar a pretensão russa de manter os territórios ucranianos conquistados - por coincidência no mesmo dia (17/02) em que a Rússia assinou um acordo com a Síria para aí manter bases militares... Erdogan já tem calafrios que bastem na fronteira, de mais de 800km, com a Síria. A presença na NATO é, apesar de ter mantido relações com a Rússia durante a guerra , uma cautela a manter
Napoleão justificou a usurpação da coroa como sendo a vontade do povo francês
O presidente dos EUA cita Napoleão colocando-se acima da lei:
«Aquele que salva o seu país não viola lei alguma"
«Aquele que salva o seu país não viola nenhuma lei "
(ninguém disse àquele ignorante que, em bom inglês, não se colocam duas negativas na mesma frase?)
Gostaria de saber o que passa pela cabeça dos juízes republicanos do Supremo, que conferiram imunidade a Trump enquanto no exercício de funções presidenciais. Gostaria de conhecer os mais íntimos pensamentos daqueles que têm a última palavra sobre a aplicação da Lei ao verem o poder judicial desintegrar-se dia após dia com monstruosas consequências
Também gostaria de saber de que é que Trump "salva o seu país" enquanto aproxima perigosamente o mundo de uma guerra. Julgará que uma guerra na Europa só irá favorecer a América? Julgará que pode ficar de fora? Julgará que os líders europeus se irão vergar a todas as suas vontades para evitar a guerra?
Neville Chamberlain, e Daladier, passando por cima da anexação de parte da Checoslováquia - que não foi convidada a estar presente - cometeram esse erro optando pela política de apaziguamento e assinando um tratado no final da Conferência de Munique em Setembro de 1938.
Chamberlain chegou a Inglaterra agitando o tratado no ar convencido de que tinha evitado a guerra... Seis meses depois, em Março de 39, Hitler ignorou o tratado e invadiu a Checoslováquia; Em Setembro de 39 Hitler invadiu a Polónia e começou a II Guerra Mundial (Quem precisar de reavivar a memória sem ter de ler pode refastelar-se a ver "Munique - No limite da Guerra" - "Munich - The Edge of War"- está na Netflix, recomendo enfaticamente)
Julgará Trump que Putin vai respeitar algum acordo, tratado ou palavra? É-lhe totalmente indiferente desde que Putin lhe conceda a exploração de minério na Ucrânia e lhe "prometa" uma aliança contra a China (e a Europa por arrasto)? Presumo que sabe que Putin não respeita nada nem ninguém mas o respeitará "porque se entendem muito bem e têm interesses comuns". Haja Deus!
Estou certa de que muitos terão relembrado o Tratado de Munique de 1938 ao assistir ao discurso da América, há dois dias, na Conferência de Segurança de Munique. Uma coincidência arrepiante.
Estou certa de que Macron o relembrou: Marcou uma cimeira de emergência em Paris, já esta segunda-feira (... na sequência da reunião da "Weimar+" do passado dia 12)
Estou certa de que Tusk também o relembrou, sabe bem o que é para a Polónia estar na frente da linha de fogo, em 1939 e em 2025, 26 27..., foi o primeiro a confirmar a sua presença; seguiu-se a Alemanha, o Reino Unido, a Itália, a Espanha, os Países Baixos, a Dinamarca, que detém a representação dos países bálticos e escandinavos, o Secretário-Geral da NATO, a presidente da Comissão Europeia e o presidente do Conselho Europeu.
O que não estou de todo certa é que aqueles que aplaudem Trump, que aceitam Musk, se apercebam do violento despotismo que espreita, que se infiltra, da trajectória que traça, do ponto de convergência a que conduz Em 1939 muitos não o viram, quando o constataram era tarde...
Hoje ouvi o discurso mais chocante, mais arrogante, mais desavergonhado de que tenho memória em tempos modernos. Proferiu-o o vice-presidente dos EUA, JD Vance, perante uma plateia de 500 participantes e 300 convidados na Conferencia de Segurança de Munique, uma conferência prestigiada que tem lugar anualmente.
Já são muitos anos a ouvir discursos, a reconhecer hipocrisias, mentiras descaradas, manipulações óbvias. Não me lembro de algum me ter indignado, enraivecido como o deste traste emplumado. Vem este sopeiro do Trump, de quem em tempos disse as últimas, apadrinhado por Musk, que o pôs lá de reserva para o caso de ter de mandar o Trump às malvas, instruir a Europa sobre o que é e como se respeita uma democracia. Era só o que me faltava, um tratante que serve um gajo que, tendo perdido umas eleições, se dispôs a mandar invadir o Capitólio em dia de certificação eleitoral para se manter no poder. Era mesmo o que me faltava, este conivente silencioso, que troca de ideias como quem troca de conveniências, a dar lições sobre liberdade de imprensa, ao serviço de um patrão que diz que a imprensa é a inimiga do povo; a repreender os líders europeus sobre o respeito pela opinião contrária, tendo o seu presidente dito que os seus opositores deveriam ser presos. Dou por mim a ouvir este badameco a falar de valores... Que a Europa recua em relação a alguns dos seus valores mais fundamentais! Mas este gajo tem alguma noção do que é ter valores? «Se estão a fugir com medo dos vossos próprios eleitores, não há nada que a América possa fazer por vocês »
Claríssimo: Se voltam a impugnar eleições (como aconteceu agora na Roménia, péssimo exemplo para a Georgia, e não só) devido à interferência russa, deixam de contar com a América.
E como termina este alarve o seu viperino discurso? Com uma alusão ao Papa João Paulo II, que classificou como "um dos mais extraordinários defensores da democracia", virando as palavras do Papa no sentido exactamente oposto ao que teve por fim: fazer face ao poder autocrático, concretamente ao soviético. Tenhamos em mente que, no princípio da semana que agora findou, a administração Trump se dirigiu ao Papa Francisco, por meio da comunicação social, dizendo: «O Papa que trate da religião, da política tratamos nós»
Deixo aqui uma parte do discurso, uma grande parte porque todo ele é uma aberração. Falou de tudo o que lhe apeteceu menos de Segurança. Não transcrevo as mentiras mal-amanhadas que usou para denegrir as democracias da Inglaterra, da Suécia, da Escócia, da Alemanha, da União Europeia enquanto orgão legislativo; Repleto de sentenças, não são ameaças, são avisos de intenção, são exigências, é chantagem, pura, com o destino da Ucrânia espartilhado no meio:
"Cedam às forças que devem tomar o comando, não se oponham à manipulação dos povos, colaborem e manterão o vosso poder e o nosso apoio"
« .../... Reunimo-nos nesta conferência para discutir a Segurança e, normalmente, referimo-nos a ameaças à nossa segurança externa. Vejo muitos, muitos grandes líderes militares reunidos aqui hoje. Mas, embora a administração Trump esteja muito preocupada com a segurança europeia e acredite que podemos chegar a um acordo razoável entre a Rússia e a Ucrânia, também acreditamos que é importante que nos próximos anos a Europa avance intensamente na garantia da sua própria defesa. A ameaça que mais me preocupa em relação à Europa não é a Rússia, não é a China, não é nenhum outro actor externo. O que me preocupa é a ameaça que vem de dentro. O recuo da Europa em relação a alguns dos seus valores mais fundamentais, valores que partilha com os Estados Unidos da América. Fiquei impressionado com um ex-comissário europeu que foi recentemente à televisão ter parecido satisfeitíssimo com o facto de o governo romeno ter anulado uma eleição inteira, e avisou que, se as coisas não decorrerem como planeado, o mesmo poderia acontecer também na Alemanha.
Estas declarações arrogantes são chocantes para os ouvidos americanos. Há anos que nos dizem que tudo o que financiamos e apoiamos é em nome dos nossos valores democráticos partilhados. Tudo, desde a nossa política em relação à Ucrânia até à censura digital, é apresentado como uma defesa da democracia. Mas quando vemos tribunais europeus a cancelar eleições e altos funcionários a ameaçar cancelar outras, devemos perguntar-nos se nos estamos a manter num padrão adequadamente elevado. E digo nós próprios, porque acredito fundamentalmente que estamos na mesma equipa. Temos de fazer mais do que falar de valores democráticos, temos de os viver. Na memória viva de muitos de vós nesta sala, a guerra fria colocou os defensores da democracia contra forças muito mais tirânicas neste continente. E considerem o lado dessa luta que censurava dissidentes, que fechava igrejas, que cancelava eleições. Eram eles os bons da fita? Certamente que não. E graças a Deus perderam a guerra fria. Perderam porque não valorizaram nem respeitaram todas as extraordinárias bênçãos da liberdade, a liberdade de surpreender, de cometer erros, de inventar, de construir. Afinal, não se pode impor a inovação ou a criatividade, tal como não se pode impor às pessoas o que pensar, o que sentir ou em que acreditar. E nós acreditamos que estas coisas estão certamente ligadas. E, infelizmente, quando olho para a Europa de hoje por vezes não é muito claro o que aconteceu a alguns dos vencedores da Guerra Fria
.../...
Receio que a liberdade de expressão esteja a recuar e, no interesse da comédia, meus amigos, mas também no interesse da verdade, admito que, por vezes, as vozes mais altas a favor da censura não vieram da Europa, mas do meu próprio país, onde a administração anterior ameaçou e intimidou as empresas de redes sociais para que censurassem a chamada desinformação. Desinformação, como, por exemplo, a ideia de que o coronavírus tinha provavelmente fugido de um laboratório na China. O nosso próprio governo encorajou empresas privadas a silenciar as pessoas que se atreviam a dizer o que se revelou ser uma verdade óbvia. Por isso, venho aqui hoje não apenas com uma observação, mas com uma oferta. Tal como a administração Biden parecia desesperada por silenciar as pessoas por dizerem o que pensam, também a administração Trump fará precisamente o contrário, e espero que possamos trabalhar juntos nesse sentido.
Em Washington, há um novo xerife na cidade e sob a liderança de Donald Trump, podemos discordar das vossas opiniões, mas lutaremos para defender o vosso direito de as apresentar na praça pública. Agora,chegámos a um ponto em que a situação se tornou tão má que, em Dezembro passado, a Roménia cancelou pura e simplesmente os resultados de uma eleição presidencial com base nas suspeitas frágeis de uma agência de informações e na enorme pressão dos seus vizinhos continentais. Segundo sei, o argumento era que a desinformação russa tinha infetado as eleições romenas. Mas peço aos meus amigos europeus que tenham alguma perspetiva. Podem acreditar que é errado a Rússia comprar anúncios nas redes sociais para influenciar as vossas eleições. É claro que acreditamos. Podem até condená-lo na cena mundial. Mas se a vossa democracia pode ser destruída com algumas centenas de milhares de dólares de publicidade digital de um país estrangeiro, então não era muito forte para começar.
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Permitam-me que vos pergunte também: como é que vão sequer começar a pensar no tipo de questões orçamentais se, para começar, não soubermos o que é que estamos a defender? Já ouvi muita coisa nas minhas conversas, e tive muitas, muitas conversas óptimas com muitas pessoas reunidas aqui nesta sala. Ouvi falar muito sobre aquilo de que têm de se defender, e é claro que isso é importante. O que me pareceu um pouco menos claro, e certamente penso que a muitos dos cidadãos da Europa, é exatamente aquilo por que se estão a defender. Qual é a visão positiva que anima este pacto de segurança partilhada que todos acreditamos ser tão importante? Acredito profundamente que não há segurança se tivermos medo das vozes, das opiniões e da consciência que guiam o nosso próprio povo. A Europa enfrenta muitos desafios mas a crise que este continente enfrenta atualmente, a crise que acredito que todos enfrentamos juntos, é uma crise criada por nós próprios. Se estão a fugir com medo dos vossos próprios eleitores, não há nada que a América possa fazer por vocês nem, aliás, há nada que possam fazer pelo povo americano que me elegeu e que elegeu o Presidente Trump.
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E, claro, nós sabemos isso muito bem. Na América, não se pode ganhar um mandato democrático censurando os adversários ou metendo-os na cadeia. Quer se trate do líder da oposição, de um humilde cristão que reza na sua própria casa, ou de um jornalista que está a tentar dar as notícias. Também não se pode ganhar um mandato ignorando o eleitorado básico em questões como quem pode fazer parte da nossa sociedade partilhada.
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Considero que dispensar as pessoas, ignorar as suas preocupações ou, pior ainda, encerrar os meios de comunicação social, encerrar as eleições ou excluir as pessoas do processo político não protege nada. De facto, é a forma mais segura de destruir a democracia. Falar e expressar opiniões não é interferência eleitoral, mesmo quando as pessoas expressam opiniões fora do nosso país e mesmo quando essas pessoas são muito influentes; se a democracia americana pode sobreviver a dez anos de repreensão de Greta Thunberg, vocês podem sobreviver a alguns meses de Elon Musk.
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A democracia assenta no princípio sagrado de que a voz do povo é importante. Não há lugar para firewalls. Ou se defende o princípio ou não se defende. Os europeus, os povos têm uma voz. Os líderes europeus têm uma escolha. E a minha forte convicção é que não precisamos de ter medo do futuro. Aceitem o que o vosso povo vos diz, mesmo quando é surpreendente, mesmo quando não concordam e, se o fizerem, podem enfrentar o futuro com certeza e com confiança, sabendo que a nação está a apoiar cada um de vós. E isso, para mim, é a grande magia da democracia. Não está nestes edifícios de pedra ou nos belos hotéis. Nem sequer está nas grandes instituições que construímos juntos como uma sociedade partilhada. Acreditar na democracia é compreender que cada um dos nossos cidadãos tem sabedoria e tem uma voz.Se nos recusarmos a escutar essa voz, mesmo as nossas lutas mais bem sucedidas pouco garantirão. Como disse uma vez o Papa João Paulo II, a meu ver um dos mais extraordinários defensores da democracia neste continente ou em qualquer outro, “não tenhais medo”. Não devemos ter medo dos nossos povos, mesmo quando expressam opiniões que discordam da sua liderança. Obrigado a todos. Boa sorte a todos vós. Que Deus vos abençoe.»
E depois disto? Depois disto, Vance e a sua delegação, sentaram-se à mesa de conversações com Zelensky e a sua delegação; recusou-se a responder a perguntas dos jornalistas e mandou-os porta fora antes que Zelensky resolvesse responder fosse ao que fosse.
E depois? Depois evitou o chanceler Scholz durante toda a sua visita a Munique mas foi encontrar-se com a líder do partido AfD, Alice Weidel. Certíssimo, fez o que Musk o mandou fazer.Uma ressalva porém, é que Vance é vice-presidente da América...
Estou a ouvir o secretário da defesa americano a fazer de conta que responde aos jornalistas depois de papaguear um discurso na reunião dos Ministros da Defesa da NATO em Bruxelas. Uma representação fundamentalmente para consumo doméstico que edifica um monumento a Trump enquanto aproveita para meter os pindéricos dos europeus na ordem (quem terá escrito aquilo?)
Nada do que diz são respostas, é um emaranhado de elogios a Trump e de defesas do indefensável. Lições e sentenças proferidas em nome de quem manda nisto tudo. "Trump é o único capaz de obter a paz". O resto resume-se como: "Isso não me diz respeito, eu só tenho por missão proporcionar ao presidente (ao país, não?) o melhor exército do mundo; Trump e Putin é que vão conversar "intimamente" ( a expressão não é minha). A Europa não tem cabimento nestas conversações e a Ucrânia tomará conhecimento quando for preciso
Claro, Trump é que sabe, é "o único que sabe como negociar com Putin", e Putin esfrega as mãos de contente, os europeus só criam dificuldades, para Zelensky não tem tempo nem pachorra
Falas bem decoradas, dificilmente convincentes, enfaticamente arrogantes porque "vocês todos juntos não chegam aos calcanhares da América". A postura de braços afastados do corpo para parecer maior ao lado do secretário-geral da NATO (porque um membro do governo americano é quase sempre maior do que os outros - digo quase sempre porque há quem não precise sentir-se maior). Lembra-me o Discurso de Marco António junto ao corpo de César mas interpretado por Marlon Brando. Não cola. Uma imposturice. Não há bom discurso que resista a um mau actor, muito menos um discurso publicitário
"Make NATO Great Again!" A sério? A mesma NATO que, "por ser uma ameaça para Rússia a obrigou a invadir a Ucrânia para se defender" ?
Já finda a reunião, há talvez 1h (19h em Washington) um jornalista perguntou a Trump sobre o que a Rússia deveria abdicar no âmbito das negociações de paz. Trump respondeu que a guerra não teria acontecido se ele fosse presidente. Claríssimo.
Que ninguém tome a minha palavra por certa, tenho uma visão preconceituada de tudo o que vem de Trump. Passo a palavra a Bolton, um republicano dos antigos, um que não é russófilo, que trabalhou com Trump, que foi conselheiro de Segurança. Não engulo Bolton por bom mas não é parvo, nem ignorante, nem inconsciente. Tem perfeita noção das consequências dos passos dados por maus caminhos na política internacional; Em 2020, quando Trump resolveu assinar um acordo com os talibã e entregar-lhes o Afeganistão (culpando Biden mais tarde) Bolton assinou a sua sentença de ostracização ao afirmar: "O senhor. Trump poderia manter a sua promessa de campanha de reduzir forças (no Afeganistão) sem se deitar com assassinos envoltos em sangue americano.»
Deixo abaixo a análise que Bolton deixou ontem sobre a forma, e o conteúdo, da abordagem de Trump relativamente à Ucrânia, ao acordo de paz que pretende, à festa que tem sido para Putin. Nada mais tenho a dizer
Como foi possível os EUA chegarem a este ponto de baixeza, traição de valores e alianças, de ausência de visão política?
Foi fácil, a receita é fácil:
Tome-se um individuo complexado, egocêntrico, desequilibrado, que tenha por modus operandi a mentira, o engano, o negócio em contorno da lei e total ausência de convicções
Crie-se uma situação comprometedora inequivocamente documentada
Ofereça-se-lhe uma coroa de louros e um lugar de poder
Coloque-se-lhe uma trela e promova-se uma campanha de marketing internacional, da sua imagem construída e adaptada, de caos, de revolta, de medos e preocupações sociais, amplificados e distorcidos a jeito
Sirva-se através de meios de comunicação social coniventes e difunda-se pela internet em publicações orquestradas acompanhado de alta finança
Declaração do secretário da Defesa dos EUA - 12/02/2025
(conhecido ex-apresentador da FoxNews)
"O regresso da Ucrânia às suas fronteiras de 2014 é irrealista"
"A adesão da Ucrânia à NATO também não acontecerá, não fará parte do plano de paz"
"Chegou-se a uma fase crítica na guerra russo-ucraniana."
Sobre a declaração do Secretário da Defesa dos EUA de que "a adesão da Ucrânia à Aliança não é realista", diz um um diplomata da NATO:
"É como forçar a Ucrânia a uma rendição preventiva"
- É notável como, antes do início de quaisquer conversações, já existam várias pré-condições postas ao país agredido e nenhuma ao país agressor -
Repórter UE: "Vê a Ucrânia como um participante em pé de igualdade neste processo de paz?"
Trump: "Ummm... Essa é uma pergunta interessante. Acho que eles vão ter de chegar à paz. É uma má guerra "
(O vídeo, muito expressivo, abaixo) Feb. 12, 2025 at 9:53 PM
Enquanto isto...
Trump esteve 90 minutos ao telefone com Putin; sobre a conversa disse:
"Concordámos em trabalhar conjuntamente, de forma muito estreita, incluindo visitar as nações um do outro. Também concordámos em que as nossas respectivas equipas iniciem imediatamente as negociações e começaremos por telefonar ao Presidente Zelenskyy, da Ucrânia, para o informar da conversa, o que farei agora mesmo. O Presidente Putin utilizou mesmo o meu forte lema de campanha: “SENSO COMUM”. Ambos acreditamos firmemente nesse lema "
Trump falou com Zelensky ao meio-dia, pouco depois do telefonema com Putin.
(abaixo o esclarecedor título da entrevista que Zelensky deu ao The Economist)
Cenas dos próximos episódios?
Trump e Putin vão encontrar-se e, à semelhança do que aconteceu em Helsínquia em 2018, seremos postos perante cenas e declarações explicitamente pornográficas
À Ucrânia, país invadido, será exigido:
Que se sente à mesa das conversações
Prestação de garantia de "retorno de fundos investidos" pelos EUA sob a forma de acesso a minério e gás
A retirada de proposta de adesão à NATO
A marcação de um prazo para eleições ( permitindo à Rússia tomar o governo à semelhança do que fez com a Georgia, Moldova, Bielorrússia...)
Reconhecimento da soberania russa sobre os territórios ucranianos ocupados
Abertura do território a tropas internacionais para controlo do "processo de paz" (e responsabilização das nações envolvidas - o facto de isto agravar o risco de uma guerra generalizada na Europa, logo se vê )
À Rússia, país invasor, será exigido:
Que se sente à mesa das conversações
Que assine um acordo de paz (cuja discussão dos termos irá pro-lon-gar...) mas poderá continuar a atacar a Ucrânia (se tiver de se defender da ameaça da NATO e para depor os nazis do governo ucraniano que não é democrata, é ilegítimo porque não fez eleições no término do mandato )
Que baixe o preço do petróleo
Por outro lado a Rússia exige:
A diminuição do exército ucraniano
Alterações na Constituição ucraniana
Mudança da liderança do governo da Ucrânia
Integração ou mera presença da NATO no território nem pensar
Creio que virá aqui a propósito lembrar que em 2021 a Rússia "exigiu" que países da NATO não colocassem tropas ou armas em países que tenham aderido à Aliança após 1997 e o compromisso de não alargar a mais Estados
De crimes de guerra ou do mandato de captura internacional sobre Putin ninguém falou
Vistas assim as coisas...
Levanta-se a União Europeia:
Em 28 de Agosto de 1991, dia do aniversário de Goethe, os então Ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, França e Polónia, reuniram-se em Weimar para criar o Triângulo de Weimar.
Tendo como objectivo identificar interesses fundamentais comuns relativos ao futuro da Europa e ao alargamento da cooperação transfronteiriça, assinaram uma declaração de 10 pontos. Os ministros sublinharam a grande responsabilidade que os três países têm no processo de integração europeia. Marcos históricos desde então incluem a adesão da Polónia à NATO (1999) e à União Europeia (2004).
Hoje, estes Altos Representantes para os Negócios Estrageiros e Politica de Segurança - Alemanha, França e Polónia - associados com o Reino Unido, a Itália e a Espanha,publicaram um comunicado exigindo, com punhos de ferro cobertos de renda, estar presentes ao lado da Ucrânia, nas conversações de paz "em conjunto com os aliados americanos"
Weimar+ statement
(France, Germany, Poland, Italy, Spain, United-Kingdom, Ukraine, High Representative / Vice President, European Commission)
12 February 2025
«Estamos prontos para reforçar o nosso apoio à Ucrânia.
Estamos empenhados na sua independência, soberania e integridade territorial face à guerra de agressão da Rússia.
Partilhamos o objectivo de continuar a apoiar a Ucrânia até que seja alcançada uma paz justa, abrangente e duradoura.
Uma paz que garanta os interesses da Ucrânia e os nossos próprios interesses.
Estamos ansiosos por discutir o caminho a seguir juntamente com os nossos aliados americanos.
Os nossos objectivos comuns devem consistir em colocar a Ucrânia numa posição de força. A Ucrânia e a Europa devem fazer parte de quaisquer negociações. A Ucrânia deve ser dotada de fortes garantias de segurança.
Uma paz justa e duradoura na Ucrânia é uma condição necessária para uma forte segurança transatlântica.
Recordamos que a segurança do continente europeu é da nossa responsabilidade comum. Por conseguinte, estamos a trabalhar em conjunto para reforçar as nossas capacidades de defesa colectiva.»
Nota de rodapé - Dos 5% que Trump propõe para a NATO, curiosamente não houve muita insistência nem as ameaças costumeiras; é que os states contribuem com 3,4% e nem lhes passa pela cabeça aumentar a parada, há quem dê mais... Simplificando, por cada $4 dos EUA a Europa paga $6...
Talvez se venha a descobrir que se pode passar menos mal sem aqueles orgulhosamente sós
Trump teve um telefonema com Putin para tentar negociar o fim da guerra na Ucrânia
Ontem, a bordo do Air Force One, perguntaram-lhe quantas vezes falou com Putin desde que é presidente; disse que preferia não responder e acrescentou: "Acredito que Putin “se preocupa” com as mortes no campo de batalha."
"Ele quer que as pessoas deixem de morrer. Todas essas pessoas mortas. Jovens, jovens, pessoas bonitas (!!!). São como os vossos filhos, dois milhões deles (?!?!)- e sem razão. Três anos de uma guerra que nunca teria acontecido se eu tivesse sido presidente em 2022. Eu sempre tive um bom relacionamento com Putin ao contrário de Biden. Biden foi uma vergonha para nossa nação, um completo embaraço."
Depois afirmou ter um " plano concreto" para acabar com a guerra:
"Espero que seja rápido. Todos os dias estão a morrer pessoas. Esta guerra tão má na Ucrânia... Quero acabar com esta maldita coisa. Vamos começar estas reuniões, eles querem reunir-se. Todos os dias estão a morrer pessoas. Jovens e belos soldados estão a ser mortos. Homens jovens, como os meus filhos. Em ambos os lados. Por todo o campo de batalha."
Na próxima semana o vice-presidente Vance encontrar-se-á com Zelensky na Conferência de Segurança de Munique mas duvido, muito, que seja de paz que vão falar, a paz está caríssissima, pela hora da morte... Trump disse que quer fazer um acordo de 500 milhões de dólares com Zelensky para ter acesso aos minerais de terras raras e ao gás na Ucrânia "em troca de garantias de segurança em qualquer potencial acordo de paz". Segundo alguém da WH, que pretendia fazer um elogio, a primeira coisa que Trump diz quando acorda é: "Negócios. Tudo é negócio".
Cá por casa isso tem um nome, mas é cá por casa, não o devo dizer aqui... Ok, dou uma pista: De quem é filho o Trump?
O nomeado de Donald Trump para Diretor do FBI, Kash Patel recebeu, em 2024, US$25.000 para aparecer num documentário-propaganda produzido por empresa cinematográfica ligada
à Rússia, a Global Tree Pictures, propriedade do cidadão russo, pró-Kremlin,
Igor Lopatonok, em que propunha o encerramento da sede
do FBI
O documentário sobre Trump foi para o ar na TCN, a rede online de Tucker Carlson, e está difundido nos mais apropriados perfis do X
Façamos aqui dois pequenos parêntesis:
(1) Tucker Carlson..., ex-comentador da FoxNews - foi despedido por Rupert Murdoch em 2023 após um processo por difamação que a empresa resolveu num acordo que lhe custou 787,5 milhões de dólares e o reconhecimento de que havia difundido falsas . Após várias iniciatívas que nem valem o tempo de referir, em Fevereiro de 2024 foi à Russia entrevistar Putin, de quem tem sido um dedinibido defensor. Foi a primeira entrevista individual de Putin com um jornalista ocidental desde a invasão da Ucrânia em Fevereiro de 2022. Carlson disse que, embora o presidente da Ucrânia tivesse "obtido uma plataforma, nem um único jornalista ocidental se havia dado ao trabalho de entrevistar o presidente do outro país envolvido neste conflito, Vladimir Putin". A sua entrevista mereceu o elogio do Secretário de Imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov...
(2) Lopatonok, o proprietário da Global Tree Pictures, adquiriu dupla nacionalidade, russo-americana, e produziu inúmeros projectos que promovem narrativas pró-Kremlin. Embora nascido na Ucrânia Lopatonok fez filmes que criticam a Revolução EuroMaidan - a onda de manifestações e agitação civil ocorrida na Ucrânia, entre 2013 e 2014 que exigia maior integração europeia, além de providências contra a corrupção no governo de Yanukovych - e apareceu na passadeira vermelha ao lado do oligarca ucraniano pró-russo Viktor Medvedchuk, um intimo amigo de Putin que foi preso por traição pelas autoridades ucranianas em 2022; mais tarde foi negociado com o Kremlin numa troca de prisioneiros que incluiu combatentes que lideraram a defesa de Azovstal, em Mariupol, na maior troca de prisioneiros desde a invasão russa (215 russos por 55 ucranianos). Em 2023, Lopatonok dirigiu o projecto “To Russia With Love” que visou a circulação de vídeos pró-russos na Internet. A campanha de influência recebeu, em dólares, de uma fundação criada por Putin para a qual utilizou directores de meios de comunicação estatais russos e teve o patrocínio do presidente bielorrusso Lukashenko. A sua afirmação da minha preferência: "Não foi a Rússia que começou esta guerra, foi a América em 2014"( no vídeo lá abaixo, aos 2:30min)
Voltando a Patel depois de assinalados três dos seus amigos
O tal "documentário" em que Patel participou é uma série de seis episódios que tem por título «All the President's Men*: A conspiração contra Trump»; concentra-se na existência de uma conspiração do "Deep
State" que «destruiu as vidas daqueles que apoiaram Donald Trump numa tentativa de remover o presidente usurpador do cargo em 2020/21.»
Considerando a actual nomeação de Patel para director do FBI, torna-se particularmente relevante ouvi-lo afirmar que "a Rússia não é um inimigo dos EUA" mas, talvez o mais perturbador, seja ter afirmado nessa gravação que planeia "encerrar o edifício sede do FBI e abri-lo como um museu do "Deep
State".
Não é segredo algum que acabar com o FBI faz parte do topo da
lista de desejos do Kremlin; o FBI frustra regularmente operações dos serviços
secretos russos e persegue as iniciativas de corrupção operadas por oligarcas
É este o homem que Trump propõe para dirigir o FBI... Leia-se nas entrelinhas
Verdade seja dita, depois de T. Gabbard, mais uma fan de Putin, ter sido aprovada para directora de todas as Agências de Inteligência já só se pode cantar o «Para mim tanto me faz»
(All the President's Men*, reavivando
ironicamente o título do livro de dois mestres do jornalismo
do WP, Carl Bernstein e Bob Woodward, sobre Nixon e o Watergate - 1974)
Um bando de malucos andava à solta e caçou a chave da prisão-hospício onde estavam os loucos furiosos. Contentíssimos com o seu feito entregaram as chaves das várias portas do palácio aos loucos furiosos conjuntamente com o ceptro e a coroa
Ele quer o Canal do Panamá, quer o Canadá para 51°Estado dos EUA, quer a Gronelândia a bem ou a mal Agora resolveu que quer Gaza e amanhã logo se vê, não pode ser tudo de repente, o louco-mor só lá está há 16 dias. Tiram-se de lá os palestinianos, não sei bem para onde, se o Egipto e a Jordânia "não tiverem coração"... E se os palestinianos não quiserem sair? (Parece que há uma Convenção de Genebra que chateia mas se chateia revoga-se ou ignora-se). Sai muito caro mandá-los para El Salvador e, provavelmente, as prisões contratadas para "abrigar" migrantes dos EUA não comportarão 2 milhões de palestinianos de Gaza (e os da Cisjordânia que ainda são mais?). Se for caso disso manda-se para lá as tropas. Pode-se afogar os renitentes, serão todos do Hamas, em cada palestiniano um terrorista e os fedelhos vão ser terroristas; o mar está ali à mão, é incomparavelmente mais barato do que crematórios, coisa antiquada e poluente.
E depois quem vai para lá, para aquele enclave tão pacífico do Médio Oriente? Ele tem resposta:
«Uma fantástica comunidade internacional como nunca se viu, uma magnífica Riviera do Médio-Oriente. As pessoas vão sentir-se muito melhor, ali só há guerra e destruição; Sinto que vão acabar por concordar... Os palestinianos também podem voltar... »
(sim, para o resort magnífico do Médio-Oriente com as villas de luxo do Trump Orient Empire, hotéis de 5 estrelas da cadeia Trump Midle East Exclusive Beach Resort e, obviamente, o Royal Trump Golf Club).
«Se eu fosse presidente na altura, Putin nunca teria invadido a Ucrânia», diz ele...
Essa agora! Ou há moralidade ou comem todos. Por que não haveria Putin de invadir? Ele queria a Ucrânia, (para começar) pronto. E Xi quer Taiwan... Então vá buscar, qual é o problema? Quer construir ilhas no mar da China à beira do Japão... Compreender-se, tem razão. E Bibi fica no poder, é o salvador da pátria. Eleições? Que mania... Mas isso arranja-se. As leis internacionais? Era o que faltava, isso é para os internacionais, na minha casa mando eu e faço o que entendo.
<Então votaram para construir um muro... bem, meus caros americanos, é importante que antes de colocarem os primeiros tijolos, percebam o que estão a deixar fora desse muro.
Há 7 mil milhões de pessoas fora das fronteiras dos EUA; mas como isso não vos parece importante, vamos chamar-lhes consumidores.
Há 7 mil milhões de consumidores dispostos a substituir o iPhone por um Samsung ou Huawei em menos de 42 horas. Também podem substituir a Levi's pela Zara ou pela Massimo Duti. Fácil, em menos de meio ano, podemos deixar de comprar veículos Ford ou Chevrolet e substituí-los por um Toyota, KIA, Mazda, Honda, Hyundai, Volvo, Subaru, Renault ou BMW, que tecnicamente superam os carros que vocês produzem. Esses 7 mil milhões também podem deixar de subscrever a Diret TV e não gostaríamos de o fazer, mas podemos deixar de ver filmes de Hollywood e começar a ver mais produções latino-americanas ou europeias que têm qualidade, mensagem, técnicas cinematográficas e conteúdos superiores. Embora vos pareça incrível, podemos deixar de ir à Disney e ir ao parque Xcaret em Cancun, no México, no Canadá ou na Europa; há outros destinos fantásticos na América do Sul, no Oriente e na Europa. E mesmo que não acreditem, até no México e na Colômbia há hambúrgueres melhores que os do McDonalds e com melhor conteúdo nutricional.
Alguém viu alguma pirâmide nos EUA? No Egito, México, Peru, Guatemala, Sudão e outros países existem pirâmides com culturas incríveis.
Procurem as maravilhas do mundo antigo e moderno...
Nenhum deles está nos Estados Unidos... Azar o do Trump, pois assim teria comprado e revendido!
Sabemos que existe a Adidas e não apenas a Nike e podemos muito bem começar a consumir ténis mexicanos como a Panam. Sabemos muito mais do que pensam; sabemos, por exemplo, que se esses 7 mil milhões de consumidores não comprarem os vossos produtos, haverá desemprego e a vossa economia (dentro do muro) entrará em colapso ao ponto de nos implorarem para derrubar o fatídico muro.
No queríamos, pero... queriam um muro, vão ter um muro.
Motivado pela loucura económica e política de Trump, que já se reflete na queda da Bolsa de Dow Jones Industrial Average (seguindo NASDAC e NYSE) reapareceu uma filmagem de um discurso de Ronald Reagan que foi transmitido pela rádio em 1988.
Acesos debates sobre comércio e direitos aduaneiros não se fizeram esperar: nas redes sociais, nas publicações de Jornais na net, nas televisões
Na sua mensagem Reagan alertava para os perigos do proteccionismo e das guerras comerciais, expressando um alerta para os políticos que exploram a retórica patriótica em prol do isolacionismo económico.
“Devemos ter cuidado com os demagogos que estão prontos a declarar uma guerra comercial contra os nossos amigos - enfraquecendo a nossa economia, a nossa segurança nacional e todo o mundo livre - enquanto agitam cinicamente a bandeira americana.” R.R.
Reagan sublinhou os benefícios do comércio livre, destacando o seu papel no reforço das alianças e na promoção da prosperidade global. Comparou o comércio com a guerra, afirmando que o comércio beneficia todos os participantes e é a pedra angular de um mundo próspero e interligado. A sua crítica foi enquadrada num contexto histórico mais vasto, referindo os impactos negativos das políticas proteccionistas do passado, como a lei Smoot-Hawley Tariff Act, que contribuiu para a Grande Depressão.
Este discurso é uma repreensão às políticas económicas nacionalistas e isolacionistas caracterizando o comércio internacional como um empreendimento cooperativo mutuamente benéfico e essencial à manutenção de boas relações entre aliados e amigos, à prosperidade mundial e à paz
Esta mensagem é tão mais significativa quando ouvida desde o início (ESTÁ AQUI) pois as primeiras palavras são dirigidas aos Canadianos; transcrevo, traduzidas, essas palavras e publico o vídeo mais curto; abaixo também deixo uma transcrição deste traduzida
«Esta semana, enquanto nos preparávamos para o Dia de Acção de Graças, o Canadá realizou eleições importantes e tenho o prazer de enviar novamente as minhas felicitações ao Primeiro-ministro Mulrooney.
Uma das questões importantes nas eleições canadianas foi ocomércio e, tal como os nossos cidadãos no início deste mês, os nossos vizinhos enviaram uma forte mensagem rejeitando o proteccionismo e reafirmando que mais comércio e não menos é a onda do futuro aqui na América. Ao reflectirmos sobre as muitas coisas pelas quais temos de estar gratos, deveríamos reservar um momento para reconhecer que um dos factores-chave por detrás da grande prosperidade da nossa nação é a política de comércio aberto que permite ao povo americano trocar livremente bens e serviços com pessoas livres de todo o mundo.» R.R.
26/11/1988
«Os nossos pacíficos parceiros comerciais não são nossos inimigos, são nossos aliados.
Devemos ter cuidado com os demagogos prontos a declarar uma guerra comercial contra os nossos
amigos, enfraquecendo a nossa economia, a segurança nacional e todo o mundo livre, tudo isto enquanto agitam cinicamente a bandeira americana. A expansão da economia internacional não é uma
invasão estrangeira, é um triunfo americano quando trabalhámos arduamente para alcançar e algo central para a nossa visão de um mundo pacífico e próspero, de liberdade após a Segunda Guerra Mundial. A América liderou o caminho para desmantelar as barreiras comerciais e criar um sistema de comércio mundial que preparou o palco para décadas de crescimento económico sem paralelo.
Sim, em 1776,os nossos pais fundadores acreditavam que valia a pena lutar pelo comércio livre e podemos celebrar a sua vitória porque hoje o comércio é o núcleo da aliança que assegura a paz e garante a nossa liberdade; é a fonte da nossa prosperidade e o caminho para um futuro ainda mais brilhante para a América
Até à próxima semana, obrigado por nos ouvirem e Deus vos abençoe» R.R. 26/11/1988