::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

O POSTAL, ILUSTRADO

Um dia tivemos um aspirador, por pouco tempo mas tivemos
Depois o aspirador avariou-se
Então arranjaram-nos uma vassoura... do mal o menos, parece.

Então quiseram convencer-nos de que ter uma vassoura era uma coisa formidável e a vida está difícil e não dá para mais.
Aliás, o melhor é proibir os aspiradores que consomem energia, sacos e/ou água, são ruidosos, poluem o ar e sabe-se lá mais o quê.
Mas quem nos quer convencer tem lá por casa um aspirador electrónico, daqueles sem ruído e que aspiram sozinhos dando a volta à casa sem dar trabalho algum senão o click.
E nós de vassoura. Cheios de sorte, heim...



O problema de sair do nosso rectângulo nacional e de cheirar o ar de um país democrático, civilizado q.b. (nem estou a falar dos Nórdicos, não é preciso tanto, basta o arzinho filtrado pelos Pirenéus além Ibéricos militantes) é que nos relembramos, no mínimo constatamos, que passamos a vida a ser bem lixados com a "síndrome da vassoura".

O problema de sairmos de Portugal é voltarmos.

Eu vivo a "rosnar" contra a falta de respeito pelo cidadão português;
Aqui no Real Gana já "rosnei" variadíssimas vezes, desde um dos primeiros "posts" até muitos outros como aquele em que desabafo a minha elevada indiferença relativamente à Lei.
Eu sou assim e já é tarde para mudar, tardíssimo para me mudarem
(Bem sei que "o cidadão" não se dá ao respeito e tem uma fraca noção de cidadania mas não é razão para que disso se tire tanto proveito elitista social e político.)


Não me refiro, agora, à macro-política, às polítiquices nacionais, aos problemas económicos, laborais, etc., etc até dizer chega. Refiro-me aos direitos, liberdades e garantias do cidadão comum que estão, ou deveriam estar, presentes nos aspectos mais básicos e quotidianos da vida.
E não estão.
Refiro-me à qualidade de vida naquilo que está relacionado com o urbanismo, com o humanismo (acabo sempre por vir bater a esta tecla).
Nós, portugueses vivemos assim, muitos sem darem por isso e outros até acreditando que vivemos em liberdade, numa democracia real e humanista.
O tanas!
Há mesmo quem acredite que vive na Europa - a começar pelo Zé Sousa, mais conhecido por Sócrates, que se tem na grande conta de líder europeu; coitado... E coitados de nós portugueses. Europeus, my ass.

Fomos dos primeiros a adoptar as chapas de matrícula automóveis que viriam a circular pela Europa. Ah pois, nessas merdas somos rápidos, muito evoluídos, muito Olá Bruxelas.
Baixamos a taxa legal de alcoolemia dos condutores enquanto o diabo esfrega um olho. Pois... Por Portugal ninguém anda c'os copos a conduzir... é proibido!

Proíbir dá muito menos trabalho do que educar, do que sensibilizar e, sobretudo, do que habituar a pensar (hábito que alias tem variadíssimos contras e depressa se pode tornar num vício)

Proibimos de fumar em tudo o que é local público, até nos parques de estacionamento o que me parece ridículo, mas deixa-se aberta a hipótese de pagar elevadíssimas taxas para "zonas de fumadores" . O tabaco mata mas rende que se farta.
(Não resolvemos a violência nas escolas que fechamos desterrando as crianças para longe de casa mas essa é outra questão, fumar é que faz mal, sobretudo ao pé das crianças)

Proibimos a circulação de animais (cães em particular) por tudo quanto é sítio, desde muitos parques a transportes, lojas, restaurantes, e o diabo a sete.
Um destes dias será proibido florescer em zonas pavimentadas, o que, como se sabe, é muitíssimo inconveniente.
A "ASAE" reina, está em perfeita sintonia com o status quo nacional, é um êxito; proibiu-se mesmo o uso de colheres de pau nos restaurantes (há pachorra?), tudo muito higiénico, quem manda é a Lei, asséptica.
O lixo está por todo o lado (e já agora...), inclusivamente nos parques florestais como Monsanto ou S. Domingos de Benfica, para só falar do que sei e vejo - apesar de haver a pretensão de desapropriação de terrenos que não sejam limpos "por risco de incêndio" .
As "casas de banho" públicas são, na sua larga maioria, infectas, mesmo (sobretudo?) as de serviços estatais e, por falar em "casas de banho", vem-me à memória aquele "manifesto anti-corrupção" que incita a malta a denunciar os colegas de trabalho, em defesa da nação claro, mesmo que depois se balde aos impostos como puder.
(Para quem não conheça ou não se lembre desta obra-prima que forja no íntimo de cada um a justeza e firmeza de carácter - para além de ser um documento hilariante - aqui fica o link porque nada como uma boa gargalhada para animar a vida do bom português)

E podia continuar por aqui abaixo sem mais me calar.
Para quê? Diria algo de novo? Ora...


Vou dar uma volta, vou ver as pessoas que, depois de saírem dos empregos ainda têm tempo e vontade para fazer coisas antes de se meterem em casa.
Vou petiscar qualquer coisita que me faça aumentar o nível de colesterol, beber um bom copo e saborear a alegria de ver as pessoas a passearem os seus cães ao fim do dia, sem ninguém que as azucrine, sem terem de os ir pôr a casa ou fechar no carro para irem às compras, jantar num restaurante ou usufruírem da sua cidade no seu melhor.
Há um mundo onde animais e fumadores têm direitos. Têm, mesmo, e não "ainda têm".



Estou farta de que me proíbam, imponham, dirijam.
E chamam a isso civismo.
Que tacanhez de criatividade e cultura.

Vou arejar.
Até onde não seja proibido pisar a relva
Inté...


.


PS- Festinhas ao Steiner.
Que feliz ele estaria no meio de gente que não se enjoa por ter cães por perto; ele, que nunca se enjoa de ter gente por perto

.

2 comentários:

ZPedro disse...

Este é um clube cheio de simpatizantes, mas sem sócios. O tuga (expressão mais rasca dos frequentadores deste jardim à beira-mar...) preferem contornar a lei a baterem-se contra ela. É a arte de evitar obstáculos.
Pensar é um perigo. Fazer leis, é fácil. O espectáculo da realidade é muito mais aliciante do que a propriamente dita cuja. E "assim vai o mundo", como dizia o malogrado Jorge Reis, exilado na Europa, na locução das "Actualidades Francesas"!

Alex disse...

Olá ZPedro

Fui cheirar o "teu mercado"...

Pois é, este clube não tem sócios, melhor assim ou ainda inventariam imensas regras e estatutos para a sociedade. Melhor assim.
Um abraço.