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AS EXIGÊNCIAS DE PUTIN E UM QUEIJO DA SERRA


Exigências de Putin para o "fim da guerra" 

1. A Ucrânia deve retirar todas as tropas de Donetsk e Luhansk em troca do congelamento das linhas de frente em Kherson e Zaporizhzhya. 

2. A Rússia devolveria apenas pequenas áreas que tomou no norte de Sumy e no nordeste de Kharkiv. 

3. Reconhecimento formal da soberania russa sobre a Crimeia — incerto se apenas pelos EUA ou por todos os Estados ocidentais e também pela Ucrânia. 

4. Levantamento parcial das sanções contra a Rússia. 

5. Proibição do ingresso da Ucrânia na NATO, com vagas promessas de "garantias de segurança". 

6. Status oficial da língua russa na Ucrânia e livre funcionamento da Igreja Ortodoxa Russa.


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Existirá um secreto ponto 7 exigindo uma casinha numa ilha mediterrânica, com petróleo no jardim, uma mina de diamantes nas traseiras e um queijo da serra todos os dias para o lanche. Nada que não se consiga com boa vontade, obviamente o homo sapiens está mortinho por acabar a guerra

UMA OPORTUNIDADE EXTRAVIADA

Teria sido possível transformar este encontro numa reunião positiva? Teria, dependeria apenas  da atitude de Trump. Não estou a aproveitar (mais) uma oportunidade para esfregar a nódoa, estou a falar de factos. Não seria difícil para um presidente dos EUA que respeitasse as prioridades correctas e espectáveis. Um simples  «Ouve lá, ó Vladimir, tu começaste esta guerra, tens de a acabar e a maneira de a acabar é chegares a um acordo com a Ucrânia, um que a Ucrânia possa aceitar, que os europeus possam aceitar; ou passarás pela vergonha injustificável de perder mais uma guerra»

Ou seja, Trump teria de estar disposto a usar as vantagens de que os EUA dispõem em todas as vertentes de poder - Económico (apoio e sanções como adjuvante e nunca como fundamento), militar (o fundamental armamento, Inteligência satélites, ciber-tecnologia)   e político (numa manifestação de vontade inalterável) - reiterar a sua recente afirmação de que haverão "consequências severas" se Putin não considerar pôr termo à guerra. Isto dito, e feito, juntamente com todos os apoios dos Estados da NATO e além da Aliança, obliteraria drasticamente a capacidade da Rússia para continuar esta guerra, com China ou sem China, porque Xi não joga para perder.

A exigência de um cessar-fogo feita por Trump foi prontamente dissolvida na calorosa recepção do Alasca. É admissível que tenha sido uma questão de bom-senso. Se tivesse sido estabelecido mais um frágil cessar-fogo que fosse (seria) quebrado por Putin,  o ego de Trump seria ,uma vez mais, ferido pela demonstração de credibilidade e inacção perante o facto. Até Trump sabe isso, aprendeu à sua custa. Saiu desta reunião dizendo "deixem lá o cessar-fogo, temos perspectivas maiores". Sim, mas quais e quando? É que neste aspecto Trump e Putin estão de acordo e isso não tem sido um bom sinal. Tudo foi vago, secreto, diria que inconfesso. Um Putin sorridente e bem disposto, um Trump exausto, esquivo, enrascado


Seja qual for a proposta que Putin deixou com Trump,  a sua obstinação na reivindicação do território de Donetsk é certinha, apesar de só ter o controlo de 1/3 desse território. Este é um absoluto obstáculo a qualquer acordo de paz, ainda que outros, significativos, não existissem. Trump não achará nada mal, bem pelo contrário, dá para a troca de exploração de minério no Alasca, saiem ambos a ganhar e a Ucrânia que se lixe.
(Aquele ar enrascado foi fotografado quando Trump magicava uma forma airosa de comunicar esta traição a Zelensky) 
Estivesse Trump disposto a opor-se neste tabuleiro com todas as vantagens que tem, Putin poderia então ser forçado a conversações de paz sérias 

A única nota positiva deste encontro, e significativa SE mantida, é a evocação de Garantias de Segurança para a Ucrânia; e o facto de Putin as ter referido na sua intervenção não pode ter outro significado senão uma fingida concordância para ocultar a incapacidade de impedir algo que é imposto, algo que é imposto pela NATO , a Trump para impor a Putin
Os EUA terão de escorar a presença de tropas europeias na Ucrânia, uma decisão incontornável alicerçada por vários "incentivos", alguns económicos, alguns de apaziguamento mas não só...
Não é com vinagre que se apanham moscas, na ponta deste incentivo está a possibilidade do troféu mais desejado, um Nobel da Paz. Sim, é uma merda mas é disso que as moscas gostam (desculpem o meu latim mal declinado)
Do outro lado está a recordação de uma "ridícula" derrota da Rússia no Afeganistão; mais vale um acordo "voluntário" do que uma derrota,  pior, uma derrota face à Ucrânia, essa terra de ninguém 

A "outra" atitude que Trump pode tomar é a promover uma proposta de acordo inaceitável na qual o país invasor sai a ganhar e motivado para manter as suas políticas de agressão. Esse tipo de motivação já deu devastadoras provas históricas, é um erro a não repetir. 

Sobre atitudes nesta cimeira o bom senso esteve de férias.
Não era preciso Trump ter esperado por Putin, o criminoso de guerra, um raptor de crianças, sobre o o tapete vermelho, não era preciso ser tão efusivo no reencontro, não era preciso um palanque ladeado por caças e uma passagem de quatro F-35 escoltando um Stealth B-2,  não era preciso dar-lhe "boleia" no carro presidencial. Um exibicionismo de vaidades que não mostrou nada de novo. Esta photo-op foi uma deliciosa prenda suplementar oferecida a Putin para ser divulgada com sarcasmo na comunicação social russa, à fartazana. Também não era preciso ter sido Putin o primeiro a falar na hora dos discursos como se fosse o anfitrião, referindo  a Ucrânia apenas de passagem e aproveitando para dizer aos líders europeus para não "torpediarem a proposta", mas ele deve ter pedido com jeitinho. Preciso seria terem feito a anunciada conferência de imprensa... Nem o previsto almoço teve lugar, estavam ambos mortinhos por se verem dali para fora, sem jornalistas, sem perguntas, sem explicações, sem esclarecimentos

Em nota de rodapé: 

Lavrov shirt - CCCP/USSR

Folgo em constatar que Lavrov afinal tem sentido de humor, de humor negro mas eficaz, a mensagem é clara - "Somos um império, temporariamente diminuído mas em progresso"



ALASKY? АЛЯСКА!

 A amiba mental diz, e reitera, que "vai à Rússia" na sexta-feira encontrar-se com Putin.

Não sei se nas cedências de territórios da Ucrânia que estarão na proposta de paz a apresentar por Putin e Trump o Alaska irá de bónus revertendo a compra à Rússia em 1867

Espantosamente o secretário da Defesa e a secretária da Justiça assistem mudos e quedos; se Trump diz é porque é assim. Parte significativa do mundo está ao sabor das decisões deste idiota ignorante


A cavalgadura já está a preparar a gloriosa saída da reunião, já atira para cima de Zelensy a responsabilidade da continuação da guerra deixando implícito que foi ele que a começou 
«Fiquei um pouco incomodado com o facto de Zelinsky dizer, "Tenho de obter aprovação constitucional". Quer dizer, ele tem aprovação para entrar em guerra e matar toda a gente, mas precisa de aprovação para fazer uma troca de terras  (???) , porque vai haver uma troca de terras. Sei que através da Rússia e através de conversas com toda a gente para o bem da Ucrânia. coisas boas, não coisas más.» (min.4:43 )

Outros momentos apoteóticos da conferência de imprensa, no vídeo abaixo: 

«E se não fosse a chuva e a lama Kyiv teria sido tomada em 4h..». (min. 8:10)

«Vou dizer-vos isto. Vi uma sondagem saída da Ucrânia, 88% das pessoas gostariam de ver um acordo feito. E se recuarmos três anos, toda a gente estava entusiasmada com a guerra. Sabe, toda a gente está entusiasmada com a guerra até a ter. É uma coisa incrível» (min.9:16)

Pergunta: «Vlodimir Zelinsky não é convidado para sexta-feira?»
Trump: «Ele não fez parte disto. Eu diria que ele poderia ir, mas ele já foi a muitas reuniões. Sabe, ele está lá há três anos e meio. Não aconteceu nada. E qual é a definição? Quero dizer, querem alguém presente que está a fazer isto há três anos e meio?» (min.10:06)

Sem comentários.


Convirá referir, só para que fique "registado em acta",  

1- O facto básico de que a guerra continuou durante a presidência de Trump, praticamente 8 meses passaram sobre o "Acabarei com esta guerra no primeiro dia da minha presidência ou até talvez antes". Trump poderia ter contribuído decisivamente para o final da guerra se tivesse vontade política, ou se não estivesse enfeudado a Putin
Tem vindo a comportar-se de forma inexplicável à luz do mais ténue bom-senso; apresentou pelo menos cinco propostas de cessar-fogo e prometeu aplicar sanções contra Putin se este rejeitasse as propostas de paz, de cessar-fogo 
Putin rejeitou-as uma e outra e outra vez e, até hoje, Trump nunca avançou com quaisquer sanções. As últimas ameaçadas foram adiadas e re-adiadas à mais evidente vantagem para Putin, uma recalendarização  de alfaiate

2- Trump afirma que haverá uma "troca de terras", e nem é de "troca que de facto fala pois nenhum território russo entra nesta equação. Factualmente o que preconiza é uma cedência de terras a troco de uma paz limitada ao tempo que Putin precisa para recomeçar. Putin quer a Ucrânia, toda a Ucrânia, cuja entidade e nação não reconhece. Há quem já o tenha feito com consequências desastrosas, há acordos que têm por destino ser rasgados


3- Ninguém, que esteja de facto interessado em conseguir o melhor acordo possível, põe na mesa um leque de cedências antes do início das negociações. Não é um "erro diplomático", é dar várias voltas de vantagem ao adversário antes da partida; ou, pondo mais claramente, não se trata de um adversário, trata-se de um jogo em equipa. Trump aderiu a este jogo desde a sua entrada na Casa Branca.

4- Trump apresenta agora uma paridade de responsabilidades na ocorrência desta guerra, princípio, meio e fim; digo "agora" porque não faz muito tempo defendia a versão de ter sido a Ucrânia a responsável (lá voltaremos por certo). A verdade é não se trata de um conflito entre dois países, trata-se de  um crime de invasão e agressão, um crime internacional grave; há um agressor e um agredido, um invasor e um invadido, contra todos os princípios de direito internacional, de integridade territorial. Existe uma obrigação legal e moral de assistência ao agredido por parte de qualquer país decente, o contrário disto vai contra todo o sistema de segurança global e do direito internacional

5- É possível mutilar a capacidade de manutenção da máquina de guerra russa negando-lhe as receitas do petróleo e do gás. Isto pode ser feito impondo sanções secundárias sérias aos países que continuam a comprar petróleo e gás russos. E fornecer à Ucrânia todo o armamento necessário tendo em vista ajudar e não apenas vender armas a aliados

6- O maior temor de Putin é a unidade ocidental. Trump acalmou os seus ataques à NATO após a última cimeira porque lhe caiu dos céus uma multiplicidade de negócios de venda de armamento muito acima do que lhe seria dado esperar. Esta unidade será o primeiríssimo alvo de Putin e Trump não é exactamente difícil de manipular

Retorna à superfície a política de apaziguamento e a cedência de parte da Checoslováquia anexada por Hitler no tratado final da Conferência de Munique em Setembro de 1938 numa tentativa ingénua de evitar a guerra. Seis meses depois, em Março de 39, Hitler ignorou o tratado e invadiu a Checoslováquia; Em Setembro de 39 invadiu a Polónia e começou a II Guerra Mundial.
É muito positivo que retorne à superfície, assim seja também emergente a lição que engloba



VAMOS AO QUE INTERESSA


“We’re done funding the Ukraine war — Europeans can take the lead”, Vance says

<<Acabamos com o financiamento da guerra na Ucrânia — os europeus podem assumir a liderança.
Se os europeus quiserem assumir a liderança e comprar armas a fabricantes americanos, estamos bem com isso — mas não iremos mais financiá-la nós>> Vance, 10/08/25

A 5 dias de Trump estender o tapete vermelho a um criminoso de guerra (e não só) que enverga um mandato de captura do Tribunal Criminal Internacional, Vance enfatizou que Washington busca um acordo com base na "linha de contacto existente" , que <<Ambos os lados ficarão provavelmente insatisfeitos mas isso é sinal de um verdadeiro compromisso>>

Vance a falar de "compromisso", céus, quanta ironia!

Zelenskyy respondeu, sem gastar muitas palavras:

<<A Ucrânia não pode violar a sua constituição em questões territoriais e os ucranianos não doarão suas terras a ocupantes >>

Real Gana, 12 Abril, 25:
O enviado especial de Trump ofereceu-se para "dar" quatro regiões ucranianas à Rússia... /... Steve Witkoff ofereceu-se pessoalmente para "apoiar" o direito da Rússia a ocupar as regiões de Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Luhansk. Não sei por que não englobou a Crimeia no pacote... Será por o presidente dos Estados Unidos considerar que a Crimeia já pertence à Rússia não fazendo assim sentido que seja objecto de negociações? 

Moral da história:

Dia 15, sem essa coisa incómoda dos telefones que tão pouca intimidade proporcionam, dirá o Vlad:

Ó Doninha (tradução do russo de Donaldsky), senta-te aí que eu quero dizer-te uma coisa. Isso da Ucrânia deixa comigo que eu resolvo com o Xi, vê mas é se lhe facilitas o controlo de exportação dos chips IA HBM que eu preciso deles e o xoninhas do Biden bem nos lixou. Tens aqui a proposta que vais ler do teleponto e não te preocupes mais. O Zelensky não vai aceitar as "nossas" propostas, a menos que tu o convenças seja lá como for; podes ir vendendo umas armas aos europeus, devagarinho, olha que andas a ceder demasiado à NATO, tu vê lá isso... Mas vamos ao que interessa, temos de assinar os acordos de cooperação entre os EUA e a mãe-Rússia. As sanções são uma chatice mas se tiver de ser paciência, não nos puseste taxas de exportação, ficou-te bem e reconheço. Essa mania do Nobel da Paz, vê se te safas com Israel porque por aqui não vais lá, esquece. Lê lá os acordos a que chegámos para ver se depois não te baralhas. 

O encontro ainda não aconteceu e o criminoso de guerra já tem a sua primeira vitória diplomática: é recebido em solo americano pelo presidente dos EUA, líder do maior país da NATO

É quando o encontro terminar, o presidente dos EUA dirá que correu muito bem, que Putin quer mesmo um acordo de paz e está nas mãos da Ucrânia terminar esta chacina. Nas mãos da Ucrânia, não forçosamente de Zelensky... 


O ÚLTIMO VÔO DE DAME STELLA RIMINGTON


Dame Stella Rimington foi um marco histórico como pessoa e como profissional.

Foi a primeira mulher a chefiar o MI5 e também a primeira a chefiar uma agência de Inteligência no mundo, um meio tradicionalmente dirigido pela figura do "macho alfa" 

Em 1965 encontrava-se na Índia acompanhando o marido num posto no Alto Comissariado Britânico em Nova Deli; aí  ingressou no MI5 em regime de part-time. Quando regressou ao Reino Unido, em 1969, integrou-se no MI5  a tempo inteiro. Trabalhou nos três ramos dos Serviços de Segurança: Contra-terrorismo, Contra-espionagem e Contra-subversão dos quais foi, sucessivamente, directora. 

Em 1992 tomou a chefia do MI5 a seu cargo tornando-se directora-geral. Foi responsável pela maior "visibilidade" da agência tornando os campos de actuação menos obscuros, mais compreensíveis contribuindo para a sua aceitação pública e entendimento do trabalho de Segurança realizado. Deixou os Serviços em 1996 profundamente remodelados na sua filosofia, comunicação e forma de se relacionar com as restantes agências similares e com a população britânica 

«Somos, naturalmente, obrigados a manter a informação em segredo para sermos eficazes. Isto não quer dizer que devamos ser, necessariamente, uma organização totalmente secreta. O segredo não é imposto por si só. Não é um fim em si mesmo."

"É um assunto entusiasmante e levou à criação de muitos mitos — e de algumas especulações escabrosas — sobre o nosso trabalho. Devo admitir que foi com alguma hesitação que me propus esta noite lançar alguma luz, tenho um pressentimento de que a ficção pode acabar por ser mais divertida do que a realidade.» 1994, Dimbleby Lecture - BBC TV

Nas palavras de Sir Ken McCallun, actual head do MI5:

 «A liderança de Stella proporcionou uma nova era de abertura e transparência relativamente ao trabalho que o MI5 desenvolve para manter a segurança no nosso país e o seu legado permanece até hoje. Como primeira mulher a assumir a chefia de uma agência de Inteligência no mundo, Dame Stella irrompeu barreiras de longa data e foi o percetível exemplo da importância da diversidade na liderança.»


Stella foi a inspiração para a personagem "M" interpretada por Dame Judy Dench que, nos mais recentes filmes de James Bond/007, interpretava a chefe do MI6


Escreveu vários livros, uma colecção de ficção criando a personagem-espia Liz Carlyle, outros biográficos, como "Open Secret" (2002) e vários ensaios sobre diversas vertentes de acção dos Serviços de Segurança Internos.
Em 1994, enquanto Head do MI5foi a oradora da Dimbleby Lecture de  na BBC TV e fez várias outras palestras abertas, publicou uma brochura sobre os Serviços.

Após o fim da sua carreira profissional nunca deixou de fazer ouvir a sua voz sobre assuntos que considerou importante expressar a sua opinião. (exemplo)

"As fontes humanas são provavelmente uma das fontes mais importantes de inteligência."
Esta sua opinião foi a  piece de resistence da intervenção ficcional de "M" num dos filmes de 007 (Skyfall) quando teve de defender a continuidade dos activos humanos como meio fundamental da actividade do MI6.
Abaixo deixo 2 vídeos: o ficcional e dois minutos retirados de de uma palestra pública de Stella; vale a pena comparar



Partiu esta madrugada aos 90 anos no seu último voo nocturno

No próximo mês de Outubro uma outra mulher, Blaise Metreweli, assumirá, pela primeira vez  em 116 anos de existência, a chefia do MI6; um caminho desbravado há 33 anos por uma mulher de excepção




OS AMIGOS SÃO PARA AS OCASIÕES

Medvedev não tem qualquer poder real, é um sopeiro de Putin, sempre foi mesmo quando foi presidente para preencher a lacuna constitucional, já colmatada, que impedia Putin de reinar em continuidade ininterrupta.
Uma das tarefas adjudicadas a Medvedev é a de "mandar bocas" através de microfones internacionais sem a carga oficial, essa recai sobre Pescov; Putin diz-lhe "Medv, vai rosnar àqueles gajos  e mostra-lhe os dentes" e Medvedev acaba de emborcar a caneca de vodka, atira-a para um canto e vai rosnar. Passou a semana nisto. Na quinta-feira rosnou  sobre as capacidades automáticas da era soviética para ataque nuclear retaliatório da Rússia, ainda operacionais e prontas a disparar

Trump  esfregou as mãos de contente, foi exactamente o que estava a precisar para desfocar as atenções mediáticas do peçonhento "Caso Epstein/Trump" que tem trazido colado a si sem conseguir lavar-se de tal peçonha.

«Ordenei que dois submarinos nucleares fossem posicionados em regiões apropriadas para o caso de estas declarações tolas e inflamatórias serem mais do que isso. As palavras são muito importantes e podem muitas vezes levar a consequências indesejadas. Espero que este não seja um desses casos. Agradeço a vossa atenção a este assunto!»

A ser verdade será grave, totalmente desmedido e arriscado, de facto as palavras são muito importantes e podem levar a consequências indesejadas.
E por que raio o presidente dos EUA responde a um vice do concelho de segurança russo, ex-político de reconhecidíssimo e elevadíssimo grau alcoólico?

A ser verdade...  Os submarinos nucleares estão constantemente posicionados, têm trajectos e posições cuidadosamente planeadas e coordenadas entre si e de acordo com alterações geo-estratégicas; Não é coisa que se altere assim de um dia para o outro porque deu na bolha do presidente

O Donald fazer uma declaração, numa página da sua rede social, é uma coisa; O presidente dos EUA fazer uma declaração, é outra coisa. E não fez. Depois, já enquanto presidente e falando aos media, Trump falou em medidas, em precauções... mas não em submarinos, muito menos em ogivas
Deslocar dois submarinos nucleares é uma coisa, complicada; deslocar dois submarinos nucleares armados com ogivas, é outra coisa, complicadíssima
E comunicação do Pentágono, alguma coisa? Pois do Pentágono coisa alguma

Até mais ver, se houver que ver, veremos 
Passando àquilo que Trump quer, desesperadamente, que passe

Esta semana o Donald teve uma nova ideia para "demonstrar" as razões do seu afastamento de Epstein, esse "creep". Diz ele que o expulsou de Mar-a-Lago porque o "creep" lhe roubou umas meninas que trabalhavam no spa. (incluindo Virginia Giuffre que posteriormente veio a público, foi testemunha acusatória e, recentemente, se suicidou)  E não, não sabia nada sobre as práticas de tráfico de meninas de Eptein; nem nunca foi à ilha dele ( Donald, tu sabes que há manifestos de vôo dos aviões privados, não sabes?  E localizações de telemóveis mesmo com GPS desligado, também sabes?)

Não é, infelizmente, a característica mais grave do Donald mas é uma das mais irritantes: o homem julga que as pessoas são todas parvas e que é mais esperto do que o diabo. Compreendo. A avaliar pela capacidade de discernimento dos seus seguidores o homem sente-se esperto. Mas "a amostra é curta para servir na estatística "Número de pessoas parvas que acreditam..."

 

 Em 2004, já mais de uma década passada sobre a estreita relação destas duas belas peças de perversidade, Epstein apresentava-se como sendo o maior licitador para um imóvel, uma casa em Palm Beach, com a oferta de 36 milhões de dólares. Tendo a aquisição como certa, levou o seu amigo Trump a ver a casa para o aconselhar sobre como mudar a piscina.

Trump viu a casa e, nas costas de Epstein, ofereceu 40 milhões de dólares, ficou com a propriedade.

Epstein, profundamente envolvido com as finanças dispersas de Trump, sabia que, naquela altura, Trump não tinha 40 milhões de dólares disponíveis para pagar esta casa, teriam de ser 40 milhões de dólares de outra pessoa; acreditava que se tratava de 40 milhões de Rybolovlev, um oligarca russo.

Um ano e tal depois esta casa comprada por 40 milhões foi vendida por 95 milhões de dólares a Rybolovlev. Isto não é apenas um negócio, é a bandeira vermelha de lavagem de dinheiro.  Epstein ficou furioso por ter perdido a casa e, pior, pela traição imobiliária de Trump. Começou a ameaçá-lo com processos judiciais e, provavelmente pior,  ameaçou-o de ir à imprensa dizer que Trump era um testa de ferro de lavagem de dinheiro russo

Trump entrou em pânico. Desacreditar Eptein tornou-se um acto de sobrevivência
Epstein estava convencido, e acreditou até ao dia em que morreu, que foi Trump quem foi à polícia denuncia-lo. Sabia que Trump estava totalmente a par do que se passava na casa Epstein, totalmente a par durante muitos anos. Começou então uma investigação e o desenrolar dos problemas legais de Epstein durante os 15 anos seguintes.

A história sobre este imóvel, e a desavença entre Trump e Epstein, foi publicada pela primeira vez em Junho de 2019, durante a primeira presidência Trump. 

Epstein havia contado esta história a Michael Wolff, biógrafo de Trump (o mais odiado por Trump)e este relatou-a em pormenor no seu livro "Siege - Trump Under Fire", o segundo que escreveu sobre a Casa Branca de Trump.
Epstein estava em Paris quando o leu. Telefonou a Wolff claramente alarmado, disse-lhe que tinha medo de ter falado demais.
Três semanas depois deixou Paris e regressou aos Estados Unidos. Foi prontamente detido na pista do aeroporto em Nova Jérsia quando o seu avião aterrou a 6 de Julho de 2019

Foi encontrado morto na sua cela a 10 de Agosto de 2019

 O médico legista de Nova Iorque e o inspetor-geral do Departamento de Justiça consideraram que a morte de Epstein foi suicídio por enforcamento. Nunca foi explicado como é que alguém se consegue enforcar numa cela que não tem qualquer ponto de apoio suficientemente elevado, existia apenas um beliche bastante baixo que facilmente se viraria em queda se suportasse o peso de um homem adulto. Estranhamente no relatório é afirmado que Epstein atou tiras de lençois rasgados à pequena mesa/secretária que se vê na foto. A sério?  

Os advogados de Epstein contestaram a conclusão do médico legista e abriram o seu próprio inquérito, contratando o patologista Michael Baden.

Quando Epstein foi colocado na Unidade de Alojamento de Segurança (SHU), a prisão informou o Departamento de Justiça de que ele teria um companheiro de cela e que um guarda verificaria visualmente a cela a cada 30 minutos. Estes procedimentos não foram seguidos na noite em que morreu. A 9 de Agosto o companheiro de cela de Epstein foi transferido e não foi substituído. No final da tarde que precedeu a sua morte, Epstein encontrou-se com os seus advogados, que o descreveram como “optimista”, antes de ser escoltado de volta à SHU às 19:49 pela guarda Tova Noel. 

As imagens de CCTV mostram que os dois guardas não efectuaram nenhuma das contagens de prisioneiros exigida às 22:00, 00:00, 03:00 e 05:00 na ala L onde Epstein e mais três prisioneiros em diferentes celas se encontravam. Registaram Noel a passar brevemente pela cela de Epstein às 22:30. As contagens foram porém efectuadas nas restantes alas (e apresentam uma discrepância "inexplicável", já la vamos). Durante toda a noite, em violação do procedimento normal da prisão, Epstein não foi inspeccionado de 30 em 30 minutos. Os dois guardas encarregues de inspecionar a sua cela durante a noite, Tova Noel e Michael Thomas, adormeceram à secretária durante cerca de três horas (?!?!) e mais tarde falsificaram os registos relacionados com as inspecções. As duas câmaras em frente à cela de Epstein também avariaram nessa noite. Outra câmara tinha imagens “inutilizáveis”.

As imagens captadas em CCTV divulgadas nos media não são do exterior da cela de Epstein mas de uma zona comum, de recepção e entrada daquela área da prisão

 Em Agosto de 20219, o Procurador-Geral William Barr,  apesar de ter inicialmente manifestado suspeitas, descreveu a morte de Epstein como "uma  perfeita tempestade de erros". Tanto o FBI quanto o Inspector-Geral do Ministério da Justiça conduziram investigações sobre as circunstâncias da morte. Os guardas de serviço foram mais tarde acusados de vários crimes de falsificação de registos. Muitas figuras públicas acusaram o Serviço Federal de Prisões de negligência; vários legisladores apelaram a reformas do sistema prisional federal. Em resposta, Barr demitiu o director do Bureau e pronto, está feito.

O mau funcionamento das duas câmaras frente à cela, as alegações de Epstein de possuir informações comprometedoras sobre figuras poderosas, as dificilmente explicáveis circunstâncias da sua morte foram alvo de especulação; Dois dos mais aguerridos e audíveis defensores de que Epstein não se suicidou, Kash Patel e Dan Bongino, foram nomeados, já na segunda administração Trump, respectivamente director e vice-director do FBI; rapidamente chegaram à conclusão de que estavam enganados, Epstein suicidou-se, fim de papo. Uma das maiores defensoras da publicação total dos "Epstein Files", Pam Bondi, que expressou várias vezes que só e apenas os nomes das vítimas e das testemunhas colaborantes deveriam ser ocultados, foi nomeada Attorney General e passou-lhe o impeto 

Em consequência da morte de Epstein, todas as acusações contra ele foram retiradas e as investigações em curso sobre tráfico sexual foram abandonadas.

Então e a prometida publicação dos ficheiros?
A lista que existe, que afinal não existe, que existe mas não diz nada...
Avaliado o relatório publicado pelo FBI (Junho de 23) nada leva a parte alguma
O relatório é uma anedota feita de contradições, e enigmas, nada foi explicado. Quem quiser provas disso que dê uma voltinha no vídeo que deixo aí abaixo, especialmente a partir do min.8.


No que toca ao "inexplicável" levanta-se uma lebre mais do que estranha; mais do que uma lebre, um possante mamute: ao minuto 2:22 e por uns breves 4 segundos de forma pouco evidente mas perfeitamente visível se prestada atenção, vê-se neste vídeo alguém vestindo um fato prisional, cor-de-laranja, descer a escada que conduz à cela onde estava Eptein, não passa frente à recepção, continuando portanto a descer outro lance não estando na companhia de guardas prisionais.
Contagens de prisioneiros - em outras alas que não a de Epstein - variam entre os 72 e 73 presentes consoante a hora da noite em que feitas pela mesma guarda ( o que obviamente levanta a questão de poder existir um "prisioneiro infiltrado" nessa noite). Mais: as contagens que apresentam a presença de um prisioneiro a mais são a das 22:00h e a das 00:00h, o que coincide com o período de gravação CCTV em que alguém com um fato prisional desce aquela escada em particular. Sozinho.

Epstein terá rasgado os lençois para fazer uma "corda", sem tesoura ou outro objecto cortante, mas ninguém - nenhum dos outros 3 prisioneiros no mesmo corredor, dois dos quais frente à cela de Epstein, os guardas que estavam à secretária da recepção suficientemente próxima da cela - ouviu o inevitável barulho que uma acção dessas implica.
1min e meio de gravação vídeo inexistente; descobriu-se há dias que afinal faltam mais 3 minutos...  Enfim, um festival anedótico  

Voltando à actualidade: no dia seguinte à publicação pela  Bloomberg  de um extenso, bem fundamentado e marcadamente analítico artigo de fundo sobre a censura que o FBI fez às "Eptein Files" rasurando todas as múltiplas referências a Tump -1 de Agosto - Medvedev faz declarações bombásticas a propósito de coisa alguma; Trump responde-lhe que vai soltar dois submarinos nucleares 

The FBI Redacted Trump’s Name in the Epstein Files

The bureau’s FOIA team tasked with conducting a final review of the records blacked out the names before higher-ups said last month that releasing the documents ‘would not be appropriate or warranted.’

Bloomberg, August 1, 2025 at 3:35 PM GMT+1 LINK



Eu não sou de intrigas mas as ameaças de Medvedev vieram mesmo a calhar. Os amigos devem ser para as ocasiões


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TOTALMENTE INESPERADO, ABSOLUTAMENTE BEM-CONSEGUIDO

Há coisas que não me importo nada de fazer "às três pancadas": puxar as orelhas à cama de manhã, passar a toalha pelo cabelo à saída do duche e os dedos pela cabeça à saída da porta para acabar o "penteado", usar molho de cocktail directamente do frasco em cima do hamburguer ou da salada de camarão. Outras há em que faço questão de caprichar e a essas tiro com gosto o meu chapéu  quando as encontro bem feitas para além do espectável. 

Uma das coisas que admiro é uma boa resposta, com humor e punhos de renda, a tocar no nervo sem vestígio de nervoso

A cadeia televisiva americana CBS, pertencente à companhia Paramount, transmite diariamente o "Late Night Show" há 33 anos, primeiro com o veterano David Letterman e, desde 2015, com Stephen Colbert

Após as presidenciais de Nov.24 Trump processou a CBS News por causa de uma entrevista com a ex-vice-presidente Kamala Harris  no programa "60 minutes"  transmitida pela CBS. O processo tem vindo a decorrer sem sobressaltos para a CBS; 
Também a decorrer está um negócio de fusão entre a Paramount e a Skydance Media no valor módico de $8.4 biliões.;Este negócio depende da aprovação governamental daUS Federal Communications Commission
No dia 14 de Julho a Paramount Global concordou em pagar 16 milhões de dólares para resolver a disputa legal com Trump, referente à  entrevista
Três dias depois, na noite de17 de Julho, a CBS informou Colbert de que o seu programa iria ser suspenso a partir de Maio de 26, não sendo renovado o contrato e o programa totalmente retirado do ar
Estes 3 dias não são a única coincidência... Colbert tem o incómodo hábito de chamar os bois pelos nomes, e conhece muitos bois e sabe o nome de todos. Um dos nomes que evocou, referindo-se à cedência da CBS a Trump ao estabelecer o acordo de $16 milhões num processo que teria as maiores probabilidades de vencer, foi "Big Fat Bribe" (um grande e gordo suborno - quando Trump ainda pavoneava várias vezes por dia a sua "Big Beautiful Bill")

As reacções não se fizeram esperar, dos meios políticos aos media, mesmo os internacionais, o nome de Colbert foi pronunciado, apoiado, escrito e elogiado

Stephen Colbert manteve a pose e, na noite de 18 de Julho, não referiu as duas nomeações para Emmys de que foi alvo na noite anterior, claramente prestigiosas para a CBS, apenas anunciou, no Ed Sullivan Theater em Nova Iorque onde o programa é gravado e transmitido em directo, que tinha sido informado na véspera de que o programa seria cancelado referindo ainda, numa breve alfinetada, a fusão Paramount/Skydance Media chamando-a pelo nome próprio: "Big Fat Bribe" (2º vídeo)

A CBS publicou umas curtas declarações
«Consideramos Stephen Colbert insubstituível e vamos retirar do ar o The Late Show. Temos orgulho que Stephen tenha escolhido a CBS como casa. Ele e o programa serão recordados no panteão dos grandes nomes que marcaram a programação da noite. O cancelamento foi puramente uma decisão financeira perante um cenário desafiante na programação nocturna, não está relacionado de forma alguma com o desempenho, conteúdo ou outros assuntos da Paramount.»

Este primeiro vídeo aí abaixo é a resposta de Colbert , com humor e punhos de renda, a tocar no nervo sem vestígio de nervoso. Admirável.
Quem não estiver familiarizado com os media e os políticos americanos poderá não reconhecer muitos personagens de peso mas, por certo, outros tantos serão reconhecidos.
Totalmente inesperado, absolutamente bem-conseguido, eficaz, inteligente e pacífico.
5 estrelas, um Óscar, um Pulitzer, dois Emmy e o Prémio Nobel da Paz 😁

 



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ACORDOS HÁ MUITOS...

O personagem deve ter pensado que um pacato domingo seria um bom dia para me vir inflamar o neurónio; vai daí e diz-me: «... mas agora o Trump até está a atacar o Putin, até está a ajudar a Ucrânia»

Haja Deus! Resolvo que não vou deixar a inflamação do neurónio alastrar-se-me à língua, respondo laconicamente «Tens razão, vamos ver o Putin a assinar um Acordo de Paz justo e a cumpri-lo, borradinho de medo do Trump», e fico a pensar que raio alimentará esta credulidade. Inocência, o acalentamento de um desejo ilusório ou mera incapacidade?

Por aqui arrisco que o plano de Putin será,
por um lado, avançar pelo centro, atacando Kyiv, criando destabilização e morte numa área de população mais densa que pretende enfraquecer ainda mais aterrorizando-a numa tentativa indirecta de pressionar o governo ucraniano, 
por outro, manter uma segunda frente atacando o sul, a costa do mar Negro, ocupar Odessa

Se Odessa for ocupada, tomará as rotas de navegação, o embarque e desembarque de armamento, a exportação de bens (entre os quais os cereais), o controlo do Mar Negro. Um cenário catastrófico para a Ucrânia


Trump deu à Rússia mais 50 dias antes do início da aplicação das sanções, que não conseguiu continuar a evitar, mas isso não significa, de forma alguma, que Putin pare os ataques.
Estes 50 dias são um período chave de campanha de guerra que vai decorrer até finais de Outubro, meados de Novembro, dependendo da entrada do tempo chuvoso, e a Ucrânia vai precisar de muito mais do que algumas baterias de mísseis Patriot

A Europa está a enviar mísseis que demoram um par de semanas a ser colocados mas a questão é saber que mísseis e quantos. Os Patriots não são úteis contra drones. São utilizados contra outros mísseis, fornecidos pela Coreia do Norte, alguns pelo Irão, contra aviões ou navios, mísseis balísticos e mísseis de médio alcance. Os presentes ataques nocturnos quotidianos com 400, 500 drones  são impossíveis de combater com os exurbitantes Patriots, ou quaisquer outros mísseis.

A Ucrânia tem uma rede de ligação por telemóvel que identifica, sobretudo pelo som mas não só, os drones que se aproximam; equipas com baterias de metralhadoras em camiões que são alertadas e têm tido um êxito lendário no seu abate. Isto tem  funcionado com drones que voam a baixas altitudes a 100/140 kms/h. mas os drones estão a tornar-se mais sofisticados, são pintados de preto tornando-os mais difíceis de ver e atingir em tempo útil durante a noite, voam a maior altitude para que as metralhadoras não os consigam alcançar. Costumavam ter ogivas altamente explosivas mas agora muitos deles têm ogivas térmicas, muito mais destrutivas, sugam o ar do interior dos edifícios e queimam pessoas até à morte. São praticamente impossíveis de bloquear e possuem um certo grau de IA para orientação. Estes drones estão a sobrevoar Kiev, contornam a cidade e regressam pelo lado oposto provocando desperdício de munições aéreas e recolocação das defesas.  Realizam ataques ilegais a edifícios residenciais, escolas, hospitais e supermercados.... 90% dos ataques russos são contra alvos civis. Crimes de guerra não denunciados por Trump, que mandou votar contra a resolução da ONU que condenou a Rússia. Se a Ucrânia atacasse alvos civis assim, repetida e indiscriminadamente, cairia o Carmo, a Trindade, o Mosteiro da Batalha, o Convento de Cristo e o Bom Jesus de Braga

Trata-se de uma corrida tecnológica e não apenas de armamento, é necessário, essencial, avançar com armas de energia dirigida, armas de maior calibre capazes de atingir altitudes mais elevadas,  metralhadoras de calibre 50 para além dos mísseis Patriot - que Trump resolveu dar uma mão cheia contra a venda de onerosas quantidades de armamento especializado a 18 países, maioritariamente da NATO, e estes que os doem à Ucrânia por sua conta. 

“Vamos fornecer armas à NATO em grande quantidade, estamos determinados a assumir uma maior responsabilidade pela dissuasão e defesa da Europa”, disse Trump.

Não, não vai fornecer, no sentido que pretendeu dar à sua declaração, vai vender a quem os fornecerá

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, que tem trabalhado com os países europeus para coordenar a compra de armas americanas,(entre as quais misseis Patriot e Tomahawk) disse que a Alemanha, a Finlândia, o Canadá, a Noruega, a Suécia, o Reino Unido e a Dinamarca estariam entre os compradores para fornecer à Ucrânia, e observou que “a rapidez é essencial aqui”.

A Ucrânia tem em funcionamento pelo menos seis sistemas Patriot, fornecidos pelos EUA, Alemanha, Países Baixos e Roménia.

Durante a Conferência Anual de Recuperação da Ucrânia (Roma,10 e 11 de Julho de 2025),  Zelensky disse que Kyiv solicitou um total de 10 sistemas Patriot a Washington.

"Com o Presidente Trump, temos um diálogo positivo sobre os sistemas Patriot. O meu pedido é de 10 sistemas Patriot e o número correspondente de mísseis relevantes para estes sistemas", disse Zelensky.

Zelensky acrescentou que a Alemanha está efectivamente disposta a pagar por dois sistemas, a Noruega pagaria por um sistema, e há «uma resposta clara do fabricante e de diferentes capacidades dos EUA de que outros parceiros europeus irão aderir ao esquema de financiamento dos sistemas Patriot americanos».

A 14 de Julho Trump revelou que a Ucrânia iria receber um total de 17 sistemas mas esqueceu-se de revelar quem pagará por eles 



MANOBRAS DE DESESPERO

 Mais uma campanha de desinformação russa multilingue (inglês, francês, alemão) no TikTok "mostrando", falsamente, que a população de Odesa apoia maioritariamente a Rússia.

Na verdade, o vídeo foi gravado em Khabarovsk, na Rússia - a 8.600 km da Ucrânia com fins propagandísticos fundamentalmente para consumo interno

Se isto não é desespero não sei o que será 


NÃO É O QUÊ, É O POR QUÊ


78 eurodeputados da direita radical e da extrema-direita, de entre 720 eurodeputados, propuseram uma moção de censura à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acusando-a de ser "controladora e pouco transparente"

O eurodeputado romeno Gheorghe Piperea, do partido ultra-conservador AUR, recolheu 73 assinaturas para a sua moção - uma mais do que o número mínimo  necessário para iniciar o processo (72 - um em cada dez eurodeputados)

De acordo com o gabinete de Piperea, 32 membros do seu grupo político, os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), apoiaram o pedido. 

A verdade é que o grupo ECR dividiu-se: polacos e romenos (entre outros em menor número) promoveram a moção de censura - curiosamente os mesmo que se opõem a que Polónia e Roménia prestem ajuda à Ucrânia. Os italianos do grupo ECR defenderam a Comissão; Procaccini, co-presidente do ERC, afirmou falar "em nome dos dois terços" dos conservadores, ao adiantar que a maioria das delegações da ECR votaria contra a moção de censura. Assim foi.
As restantes 41 assinaturas vieram dos grupos de extrema-direita Patriotas pela Europa e Europa das Nações Soberanas e de 10 eurodeputados não inscritos.
Os grupos Renovar Europa (liberais) e Socialistas e Democratas (S&D) tinham antecipado que votariam contra a moção promovida pela direita ultra-conservadora e pelos grupos de extrema-direita, por considerarem-na uma «irresponsabilidade e um ataque ao projecto europeu».

A moção foi chumbada por 360 votos contra, 
175  a favor (incluindo os da extrema esquerda como do grupo The Left, e de Verts/ALE)   
18 abstenções algumas das quais por ausência

Durante a votação von der Leyen encontrava-se em Roma na Conferência de apoio à Reconstrução da Ucrânia mas antes de partir deixou algumas elucidativas palavras no Parlamento Europeu descrevendo as linhas subjacentes à moção como «teorias da conspiração espalhadas pelos apologistas de Putin para enfraquecer a União Europeia». :

«Cada contrato negociado foi examinado detalhadamente nas capitais europeias antes de ser assinado por cada um dos 27 Estados-membros. Não havia segredos, cláusulas ocultas, nem obrigação de compra para os Estados-membros .../...

Não devemos ter ilusões sobre as ameaças que a nossa democracia enfrenta. Entrámos numa era de luta entre a democracia e o iliberalismo. A ameaça dos partidos extremistas que querem polarizar as nossas sociedades com desinformação é alarmante. Não há provas de que tenham respostas mas há provas suficientes de que muitos deles são apoiados pelos nossos inimigos e pelos seus fantoches na Rússia ou noutros países,  basta olhar para alguns dos signatários desta moção para perceberem o que quero dizer»

 Gaza conflict 'taking away focus' from Ukraine, Zelensky says

E os eurodeputados portugueses? Surpresas? Nenhuma.

PSD, CDS, Iniciativa Liberal e 5 dos 8 eleitos pelo PS votaram contra, seguindo o Partido Popular Europeu, a família política da presidente da Comissão Europeia e dos grupos Renovar Europa (liberais) e Socialistas e Democratas (S&D)
Ana Vasconcelos (IL) disse não ter conseguido votar por o seu cartão de voto estar inoperacional. Catarina Martins (BE), Marta Temido, Bruno Gonçalves e Francisco Assis (PS) não votaram

Quem votou a favor, quem foi? Ora...
João Oliveira, do PCP, e os dois eurodeputados do Chega, António Tânger Correa e Tiago Moreira de Sá. Um é declaradamente pró-Rússia, os outros dois lambem abertamente as botas ao Rassemblement National e ao Alternative für Deutschland, ambos subsidiados por Putin.

A vida é assim, por muitas voltas que dêmos o ponto de origem é sempre o mesmo; 

Há pouco tempo alguém disse: 

« Almost all the political problems in the world, if we follow the money, it will lead to Russia»

«Quase todos os problemas políticos do mundo, se seguirmos o dinheiro,  levar-nos-á à Rússia»

Depois há três tipos de pessoas, as que não veem, as que não querem ver e as que não querem que os outros vejam


O UIVO FERIDO DO "ANIMAL FEROZ"

 

Onde reina a Impunidade não impera a Justiça
Onde não impera a Justiça não existe Civilização


 Lisboa 28 de Setembro 2018

Inquérito da Operação Marquês - acusação de 28 arguidos  
(19 indivíduos -entre os quais José Sócrates - e nove empresas)
Quase 200 crimes económico-financeiros

Tribunal Central de Instrução Criminal 
Sorteio do juiz de instrução do processo "Operação Marquês"

Juízes do TCIC - 2 - Carlos Alexandre e Ivo Rosa
Número de tentativas do sorteio informático - 4

Nos primeiros minutos o programa bloqueou, o computador não respondeu. 
Quando respondeu, deixou de fora do processo o juiz Carlos Alexandre

____________________________________

Ivo Rosa, O Complacente,  considerou as acusações contra José, O Aldrabão, Intrujão, Mentiroso, Trapaceiro, Vigarista, Embusteiro, Patife, Tratante, Impostor, Chico-esperto e Ladrão como sendo "fantasiosas e especulativas"
O José foi acusado, no âmbito da Operação Marquês, de 31 crimes; Ivo desconsiderou 25
Das restantes 6 acusações -  corrupção, branqueamento de capitais e falsificação - restam 3, as outras 3 prescreveram...
E o gajo ainda se queixa de estar a ser vítima de «manigância judicial» num processo «ridículo, bruto e violento, absolutamente escandaloso»
Não deixa de ser verdade, uma verdade distorcida e revirada mas verdade: As "manigâncias judiciais" acumularam-se umas sobre as outras numa pilha instável, lembrando uma Torre de Pisa erigida sobre um pântano de favores e interesses, agregada numa argamassa de corrupção, espertezas e procrastinação. 
Sim,, é "absolutamente escandaloso" que acusações do foro criminal contra um ex-primeiro-ministro, e relativas a crimes  cometidos  no exercício de funções como primeiro-ministro, possam prescrever e/ou sejam deixados prescrever.  
Sim, é "ridículo, bruto e violento": o povo português levou anos a pagar para se refazer do desfalque do José, saiu-nos violentamente dos bolsos e, quando refeita a recuperação económica e financeira sobre uma alteração de estratégias administrativas e de um confesso "brutal aumento de impostos", uma grande parte dos portugueses, não a maior parte mas a suficiente para inviabilizar uma maioria governativa, votou com a carteira e não com a cabeça. Cavaco, que sempre foi complexado e invejoso  - o filho do honrado Sr. Teodoro Silva nunca se conseguiu refazer de ter ido à escola descalço apesar da vida privilegiada que construiu, talvez tenha sentido os "pés frios" quando do seu doutoramento na universidade de York, os ingleses podem ser mordazmente gélidos em meios distintos  -  e vingou-se de Passos Coelho pela maioria anteriormente obtida, pelo apoio e entusiasmo que suscitou, pela recuperação económica conseguida e concedeu o governo à "Geringonça". Pela primeira vez em Portugal não foi nomeado primeiro-ministro o líder do partido vencedor. Goste-se ou não os factos são estes, e o resto é história
O José queixa-se? O José tem tido uma sorte diabólica, melhor dizendo, faustosa... Tal como Fausto, aqueles que vendem a alma ao diabo acabam vendo-a reclamada. Veremos se chegou o momento da reclamação.

Curiosamente, e tanto quanto uma leitura na diagonal me dá a entender, o comentadíssimo parecer de Pinto de Albuquerque,  o ex-juiz  no Tribunal Europeu, não dedica uma linha às acusações constantes no processo Operação Marquês agora em julgado. Dedica-se a tentar demonstrar o carácter  injusto do processo que terá pecado pela violação da presunção de inocência, da protecção da vida privada e familiar. Critica ainda a lentidão do processo, mas não refere a prescrição de metade das acusações que resistiram à fogueira de Ivo Rosa. E sobre a proveniência dos milhões de euros do José? Ah, isso não vem ao caso da presunção de inocência, nem da prisão, nem dos motivos explícitos de "uma campanha mediática agressiva", nem mesmo fundamentos jurídicos para a rejeição de dezenas de recursos judiciais interpostos por José. Ou seja,  José,  O Aldrabão, Intrujão, Mentiroso, Trapaceiro, Vigarista, Embusteiro, Patife, Tratante, Impostor, Chico-esperto e Ladrão continua a exercer magistralmente a sua arte de tapar o Sol com uma peneira. Estes pareceres de luxo são armas de vitimização, contra a "cabala negra", mas nenhum deles toca no âmago da questão: o José corrupto, ladrão, falsário, que deixou o seu país de tanga, rota, em menos de 6 anos como primeiro-ministro. E disso há provas e provas e provas, irrefutáveis.


 Tomada de posse do  primeiro-ministro José Sócrates - 20 Fev. 2005

 “Rigor, desde logo, na despesa, porque essa é a forma última de garantir a       sustentabilidade de longo prazo das contas públicas. (…) Rigor, também, no   cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento. (…) Múltiplos instrumentos   poderão ser usados, mas o rigoroso controlo da despesa e o combate à         fraude e à evasão fiscal serão, sem dúvida as traves-mestras da nossa   ação“. (...) “Mas também a transparência. A transparência e a sustentabilidade   das contas públicas são essenciais para a credibilidade externa e interna da   governação. Finalmente, a verdade. Pagar impostos é obrigação de cidadania;   mas conhecer a verdade sobre as contas do Estado é um direito dos cidadãos. O   país conhecerá a verdade sobre a situação orçamental”

Reeleito sem maioria em 2009,
seguiu-se o pedido de auxílio externo em 2011, a demissão do governo e a convocação de eleições antecipadas.
Ridículo, bruto, violento, absolutamente escandaloso

TO A BRAVE FRIEND



UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA 😁

 Tão imaginativa e maldosamente bem esgalhada que não resisto a guarda-la aqui



E SE...

CONTEXTO

O pacote de 887 páginas, apelidado “Big, Beautiful Bill” prorroga os cortes fiscais que Trump promulgou em 2017 , aprova centenas de milhares de milhões de dólares em novas despesas militares e na execução dos planos de deportação em massa de Trump. Paga parcialmente tudo isto com cortes acentuados no Medicaid, nos benefícios de ajuda alimentar, no financiamento de energia limpa, no corte total dos programas de assistência e ajuda internacional, a estimativa é de US $ 930 mil milhões em reduções de despesas só no âmbito do Medicaid, violando a promessa de Trump de não cortar o programa.


Em termos globais a “Big, Beautiful Bill ” aumenta a dívida nacional em 3,3 biliões de dólares ao longo de uma década. O Gabinete de Orçamento do Congresso conclui que as perdas de receita de 4,5 biliões de dólares ultrapassam largamente os cortes nas despesas de US $ 1,2 biliões  e aumenta o limite da dívida em US $ 5 biliões .

A “Big, Beautiful Bill ”, apropriadamente apelidada “Big Bill for Billionaires”, dará, aos que usufruem de maiores rendimentos, cortes fiscais significativamente maiores em comparação com a legislação anterior (Lei de Cortes de Impostos e Empregos de 2017 - TCJA). Por exemplo, aqueles que ganham mais de US $ 500.000 verão um corte de impostos médio de US $ 58.000 no primeiro ano, de acordo com o Comitê de Orçamento da Câmara do Congresso

As projecções indicam que o topo de 5% dos americanos mais ricos pouparão mais de 1,5 biliões de dólares com estes planos, enquanto os 40% dos agregados familiares mais pobres irão enfrentar custos acrescidos de mais de 750 dólares por ano, de acordo com o Yale Budget Lab


Parabéns América, num histórico 4th of July os EUA renascem como EOA - a União está desfeita, os Oligarcas compraram o seu reino
(Com quem terá Trump aprendido a satisfazer oligarcas colocando-os na sua dependência?) 


ESTRATÉGIA

Há muitas pontas por onde começar a desenredar as estratégias de Trump face às suas políticas anti-populares, face ao comportamento suicida do partido republicano.

A cada dia que passa aumentam as probabilidades de uma vitória indiscutível dos Democratas em Novembro de 2026

Trump nunca admitirá tal derrota, os Republicanos preparam-se para tudo menos para abdicar do poder

Poder-se-à ter em mente os acontecimentos inesquecíveis, inimagináveis, do 6 de Janeiro de 2020... Uma perda de tempo, está feito, teve falhas e ensinamentos. No segundo dia da segunda presidência  Trump libertou da prisão o fundador dos Oath Keepers e  o chefe dos Proud Boys. Usando os poderes presidenciais mais alargados, Trump ressuscitou estas organizações moribundas, perdoou a maior parte dos indiciados pelo ataque ao Capitólio e deixou disponível uma "milícia pessoal". com uma dívida de lealdade e reconhecimento. "Stand back and stand by", como havia mandado o recado durante o primeiro debate de campanha com Biden. 
Mas não chega.

Ainda não há 1 mês fez um ensaio: enviou Guarda Nacional Federal e Marines para a Califórnia a fim de "ajudar a restaurar a ordem civil" e apoiar os agentes ICE na sua acção de aprisionamento de imigrantes. Legalmente contestado, pouco o importou, o teste não era legal, era um teste de obediência militar e à admissão do Supremo Tribunal. Passou em ambos. 

A Guarda Nacional pediu que 200 dos soldados fossem autorizados a regressar ao seu trabalho de combate a incêndios - essencialmente, que os soldados fossem dispensados de actuar como soldados de Trump.  A administração satisfez parcialmente esse pedido. Lê-se num Comunicado de Imprensa:

Por recomendação do general Gregory M. Guillot, comandante do Comando Norte dos EUA, e aprovado pelo secretário de Defesa, a Força-Tarefa 51 liberará aproximadamente 150 membros da Guarda Nacional da Califórnia da missão de Protecção Federal.

O Comunicado  acrescenta que ainda permaneceriam tropas suficientes para «conduzir nossa Missão de Protecção Federal na Califórnia», o que significou um grande contingente de tropas da Guarda Nacional e fuzileiros navais  ocupando Los Angeles sob a direcção do governo Trump, um total de cerca de 4,100 soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais dos EUA em serviço activo foram enviados para a cidade.

Teste feito avance-se com a ampliação e reforço 

O orçamento da ICE era de cerca de US $  8 mil milhões por ano, de acordo com o site Web da agência; Aprovado na “Big, Beautiful Bill” encontra-se US $ 30 mil milhões para o orçamento de base da ICE até 30 de Setembro de 2029,  mais  US $ 45 mil milhões especificamente para os centros de detenção, perfazendo um total de  US $ 75 mil milhões  para além do orçamento base anual do ICE nos próximos anos.

Porém... Os US $ 30 mil milhões para o orçamento de base da ICE até 30 de Setembro de 2029 estão disponibilizados desde já. 

A Câmara do Congresso especificou a partição orçamental para a utilização dos outros cerca de US $ 27,28 mil milhões que atribuiu à ICE,  montantes atribuídos para o ano orçamental de 2025 - e que permanecerão disponíveis até 30 de Setembro de 2029. A acrescentar  aos US $ 45 mil milhões  anteriormente mencionados para um total de US $72,28 mil milhões,  e não  incluídos aqui,  foi atribuído aos departamentos de Justiça e de Segurança Interna, respectivamente, mais $1,45 mil milhões para "outros esforços" .

 "Outros esforços" ? Ao longo dos últimos meses tornou-se evidente a presença e acção de "milícias" que se fazem passar por agentes - ICE, Polícia, Rangers - que aprisionam, fazem rusgas e inspecções, perseguições e intimidações sem qualquer mandato ou identificação. Quando enfrentados com a exigência de mandato ou identificação retiram-se rapidamente. Os vídeos destes confrontos sucedem-se em progressão geométrica pelas redes sociais.

Espantoso? Não exactamente. O país da "Lei e Ordem" está a saque. 

Não é preciso ter acesso a compras na Dark Web, a Amazon.com, para não ir mais longe, disponibiliza por patacos toda a parafernália necessária para que qualquer meliante se transforme num agente empossado e armas é coisa que não falta nos EUA, há mais armas do que pessoas. 


NÃO NOS FIQUEMOS POR AQUI, US $ 113 mil milhões de financiamento obrigatório para as forças armadas, o que, segundo o Pentágono, faz com que o seu orçamento se aproxime pela primeira vez de um bilião de dólares. No seu orçamento, há muito adiado e publicado na semana passada, o Departamento da Defesa solicitou um montante separado de US $848 mil milhões para o financiamento de base.  À medida que a administração se aproxima do ano fiscal de 2026, terá já disponíveis os US $150 mil milhões  em despesas adicionais com a defesa. Este ano o Departamento da Defesa decidiu elaborar o seu pedido de orçamento para o exercício de 2026 com base numa abordagem “um orçamento, duas propostas de lei”, transferindo muitas das suas prioridades - incluindo melhorias na qualidade de vida, assistência a veteranos, construção naval e defesa antimíssil - para a proposta de lei única. A lei de reconciliação prevê US $ 1000 milhões para operações militares  e o funcionamento e construção de infra-estruturas em “áreas de defesa nacional”, e US $5000 milhões previstos pelo Pentágono para o financiamento da fronteira, incluindo a detenção temporária de imigrantes nas instalações do Departamento de Defesa

Com a detenção de imigrantes em queda livre, e a detenção de cidadãos americanos "criminosos" sobre a secretária da Sala Oval, será legitimo perguntar a quem se destinam os centros de detenção que têm vindo a ser inaugurados

VOLTANDO UNS PARÁGRAFOS ATRÁS:

A cada dia que passa aumentam as probabilidades de uma vitória indiscutível dos Democratas em Novembro de 2026
Trump nunca admitirá tal derrota, os Republicanos preparam-se para tudo menos para abdicar do poder

Preparada a resposta a uma vitória dos democratas, melhor do que a contestar e declarar este, aquele e os outros todos como criminosos defraudadores do Estado, é evitar essa trabalheira 

E SE...

Como esquivar-se, constitucionalmente, à realização de eleições nos EUA?

 Artigo II-Poder Executivo > 

Secção 2-Poderes > Cláusula 1-Militar, Administrativo e de Clemência > 

ArtII.S2.C1.1 Comandante em Chefe > ArtII.S2.C1.1.14 Lei Marcial em Geral

Artigo II, Secção 2, Cláusula 1:

O Presidente é o Comandante em Chefe do Exército e da Marinha dos Estados Unidos e das Milícias dos vários Estados, quando convocado para o serviço efectivo dos Estados Unidos; pode requerer o parecer, por escrito, do principal funcionário de cada um dos Departamentos executivos, sobre qualquer assunto relacionado com os deveres dos respectivos cargos, e tem o poder de conceder remissões e perdões por ofensas contra os Estados Unidos, excepto em casos de Impeachment.

 O comandante militar responsável durante a lei marcial tem ampla autoridade para fazer e aplicar leis, que podem incluir a detenção de civis, a censura da imprensa e o controlo da circulação.

A lei marcial pode ser temporária, durando apenas o tempo da emergência, ou pode ser indefinida.

Durante a lei marcial, as liberdades civis básicas, como a liberdade de expressão, de reunião e de circulação, podem ser restringidas ou suspensas.

Ao longo da história americana, os governos federal e estadual declararam a lei marcial mais de 60 vezes. A Constituição dos Estados Unidos não define a lei marcial e é omissa quanto a quem a pode impor. No entanto, a interpretação moderna permite que o presidente e as autoridades estatais declarem “graus de lei marcial em circunstâncias específicas”.

Alguns académicos acreditam que o presidente tem o poder executivo para declarar a lei marcial. Outros acreditam que o presidente precisa de autorização do Congresso para impor a lei marcial numa área civil. Por conseguinte, o Congresso pode ser o único ramo governamental que pode legalmente declarar a lei marcial e o presidente só pode agir de acordo com a sua acção. Mas sendo a Constituição omissa, o presidente inimputável enquanto na prática de actos oficiais e o Supremo maioritariamente conivente... Pois. 

A lei marcial não provém de nenhuma autoridade direta, “decorre da natureza das coisas, sendo a lei da necessidade suprema...”. Por outras palavras, decorre do direito, poder e/ou dever do governo de “manter a ordem pública” e de manter a paz.

Em tempo de guerra, a “autoridade política suprema” permite a utilização válida e constitucional da lei marcial.

«A lei marcial é a imposição temporária de um regime militar sobre uma população civil,  em tempos de guerra, rebelião ou catástrofe natural. Implica a suspensão dos processos legais civis normais e a assunção da autoridade governamental pelos militares. Pode incluir a imposição de recolher obrigatório, restrições à circulação e a suspensão das liberdades civis.»

E AINDA,

O Presidente pode invocar a Lei da Insurreição, um pormenor na lei americana que permite ao presidente mobilizar as forças armadas em solo americano, uma “exceção à proibição da Lei Posse Comitatus de mobilizar as forças armadas para fins de aplicação da lei”.

«Sempre que houver uma insurreição em qualquer Estado contra o seu governo, o Presidente pode, a pedido da sua legislatura ou do seu governador, se a legislatura não puder ser convocada, convocar para o serviço federal a milícia dos outros Estados, no número solicitado por esse Estado, e utilizar as forças armadas que considerar necessárias para suprimir a insurreição»

Quando dos protestos ocorridos na Califórnia contra a acção ICE na perseguição de imigrantes, o governador não solicitou qualquer ajuda, pelo contrário, opôs-se publica e juridicamente; O Supremo deixou passar a acção ilegal e admitiu a presença das tropas federais "por enquanto". 

Rachel Scott, da ABC News, perguntou a Trump se ele acreditava que estava a ocorrer uma “insurreição” em L.A.

“Não, não”, disse ele. “Mas há pessoas violentas e não as vamos deixar escapar”.

Protestos, revoltas, desobediência civil e até, por que não, uma guerra. É bom ter presente que no Verão de 2019, antes das eleições de Novembro, Trump chegou a ponderar um ataque militar ao Irão. Presentemente a coisa está até muito bem encaminhada. E os canadeanos estão preocupados com a súbita concordância dos EUA em fabricar magotes de drones ucranianos de tecnologia avançada