«Há um encobrimento do poder político pelo judicial»
José António Saraiva
Ó José António, então e novidades?
«“Tenho a certeza absoluta, pelo menos na parte final [da negociação de venda da quota do BCP no Sol à Newshold] que foi comandada directamente pelo dr. Armando Vara”, garantiu José António Saraiva. O representante do BCP, Paulo Azevedo, “disse várias vezes que tinha que falar com Armando Vara porque não tinha autonomia para tomar decisões”, acrescentou o director.»
Público
«As conversas estão cheias de grosserias, palavrões, apartes e de insultos pessoais, limpámos isso”, disse José António Saraiva, na comissão de Ética, justificando a decisão com critérios editoriais. “O que publicamos é o que é relevante para os leitores terem conhecimento do processo, não violamos a privacidade”, acrescentou.
(Olhe Zé Tó isso é que foi pena, o que publicaram é relevante para se conhecer o processo mas o que não publicaram diria certamente muitíssimo sobre os intervenientes...)
Rejeitando que as conversas publicadas violem o segredo de justiça, o director do "Sol" afirma que o que tem sido publicado são “conversas de pessoas no uso dos seus cargos em empresas – algumas do Estado – ilegítimas se não mesmo criminosas”. »
Público
Desculpem lá a minha fraca cabeça mas há uma coisa que me faz espécie:
o Procurador-Geral da República o presidente do Supremo Tribunal de Justiça consideraram que não existiam indícios de crime de atentado contra o estado de Direito, certo? Certo.
As escutas foram então mandadas arquivar, contra a opinião do juíz de Aveiro. Prontes.
Se as escutas foram mandadas arquivar,
POR QUE É QUE É DITO HAVER VIOLAÇÃO DO SEGREDO DE JUSTIÇA?
Sim, pois, porque o "Processo Face Oculta" está a decorrer, a minha cabecinha é fraca mas o "Tico" e o "Teco" (os meus dois neurónios espertos) ainda conversam os dois comigo...
O que é facto é que foi resolvido que "não existiam indícios de crime de atentado contra o estado de direito", que constitui outro processo, e as escutas foram então mandadas arquivar.
Então e agora, sol na eira e chuva no nabal, é?
É.
A reunião na PGR realizou-se na manhã do dia 24 de Junho e serviu para o DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) de Aveiro informar a Procuradoria acerca da primeira certidão extraída do processo principal, relacionado com uma teia de corrupção, noticiam os jornais Sol e Correio da Manhã e a revista Sábado.
A certidão, relacionada com suspeitas de crime de atentado contra o Estado de Direito, envolvendo Sócrates, foi assinada a 23 de Junho pelo procurador coordenador da investigação, João Marques Vidal, e apresentada por este e pelo procurador-distrital de Braga, Braga Themido, em mão, no dia seguinte, ao procurador-geral da República, Pinto Monteiro.
A 25 de Junho, nova reunião, mas desta vez na sede do PS, no Largo do Rato, em Lisboa, e entre o primeiro-ministro e Rui Pedro Soares, administrador executivo da PT
A partir do dia 25, os dois protagonistas passam a ter discussões menos enigmáticas (deixam de falar no “Chefe”) e mudam o sentido, afirmando claramente que Bava e o presidente da PT, Henrique Granadeiro, não tinham informado Sócrates sobre o negócio e que o primeiro-ministro estava irritado com o caso. No mesmo sentido passaram a ser as poucas escutas envolvendo Armando Vara.
Também a partir do dia 29, o volume de comunicações entre os suspeitos decaiu e a relevância das poucas conversas interceptadas também.»
.../...«São as conversas telefónicas entre Penedos e Rui Pedro Soares que mais desconfianças causam aos investigadores que estão a conduzir um inquérito no DIAP de Coimbra, a uma eventual fuga de informação que levou os suspeitos a saberem que estavam a ser escutados.
Antes do dia 24, os dois homens ligados à PT referem processos de decisão que envolvem Zeinal Bava, presidente executivo da empresa, encontros com José Sócrates, nos quais o negócio terá sido discutido, e alegadas conversas sobre o assunto entre o primeiro-ministro de Portugal e o de Espanha, José Luís Zapatero.»
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«...a conclusão a que chegaram os elementos da Polícia Judiciária que efectuaram as escutas, citados pelo Sol: “Resulta das intercepções das comunicações de e para os telemóveis utilizados pelos suspeitos Manuel Godinho [empresário de sucata e alegado cabecilha do esquema de corrupção de dirigentes do sector público empresarial], Armando Vara [administrador do BCP] e Paulo Penedos [assessor de Rui Pedro Soares na PT] que, pelo menos desde 29 de Junho, aqueles assumiram como fortemente provável, senão mesmo certo, que os telemóveis por si utilizados, ou pelo menos alguns deles, estariam interceptados.”»
"DN"
Por Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita
«As escutas do processo ‘Face Oculta’ provam que o primeiro-ministro faltou deliberadamente à verdade quando disse no Parlamento que desconhecia o negócio da compra da TVI pela PT»
«Segundo o SOL apurou, as conversas entre Armando Vara e o primeiro-ministro sobre a questão PT/TVI, que constam no ‘processo Face Oculta’, ocorreram em Março – constituindo a primeira das nove certidões extraídas pelo DIAP de Aveiro.
Ora as declarações de Sócrates no Parlamento sobre este tema ocorreram a 24 de Julho. Esta semana, o procurador-geral da República (PGR) afirmou que soube do assunto «numa reunião, entre Maio e Junho», com o procurador do DIAP de Aveiro, titular do inquérito, e com o procurador-distrital de Coimbra
Consultando a agenda oficial de Pinto Monteiro, o SOL constatou que essa reunião ocorreu no dia 24 de Junho, às 11h. Segundo o PGR, a primeira certidão (negócio PT/TVI) foi-lhe remetida no dia 26 de Junho, estando as conversas de Vara e Sócrates gravadas há algumas semanas.
Sócrates negou saber o que quer que fosse sobre o envolvimento da PT precisamente na tarde de 24 de Junho – dia do debate quinzenal
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No dia seguinte, 25 de Junho, tudo mudaria, com a Prisa a recuar na demissão de Moniz.
No dia seguinte, 26 de Junho, Sócrates anunciava que já tinha enviado Mário Lino, ministro das Obras Públicas, reunir com Henrique Granadeiro, presidente da PT, para lhe comunicar que o Estado usaria a golden share para vetar o negócio se este fosse por diante. »
Por Felícia Cabrita
«José Sócrates também trocou de telemóvel no mesmo dia em que Armando Vara e outros arguidos do processo ‘Face Oculta’ mudaram de aparelho. Entretanto, confirmando a notícia da última edição do SOL, o DIAP de Coimbra abriu inquérito a esta estranha coincidência de trocas de telemóvel»
«Segundo o SOL apurou, nos últimos dias de Junho – quando, perante a polémica levantada pela possível compra da TVI pela PT, José Sócrates anunciou que decidira vetar o negócio –, os contactos passaram a realizar-se através de telemóveis ‘descartáveis’ (ou seja, sem assinatura e que só se podem localizar se os carregamentos forem efectuados com cartões de crédito).
Alguns arguidos passaram a usar não só novos cartões como também novos aparelhos. Mas Manuel Godinho e outros, com menos ‘ciência’ policial, apenas mudaram os respectivos cartões. Só que a PJ montara escutas também ao número de série identificador do aparelho – e assim, à medida que o empresário foi fazendo telefonemas, a Polícia foi identificando os novos números dos outros arguidos e de José Sócrates, conseguindo reconstituir toda a rede de contactos»
Felícia Cabrita
"Nunca da Procuradoria-Geral da República saiu alguma informação"
«Em declarações aos jornalistas, o procurador-geral considerou estar em causa uma "manobra concertada", acrescentando que a notícia "não tem o mínimo de fundamento".»
"JN"
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