Por curiosidade fui ver o que tinha escrito do dia a seguir a José ter ganho as eleições pela segunda vez, em Setembro de 2009, não tanto para fazer revisões sobre a situação do país, essas tenho-as bem presentes mas antes para relembrar o que dizia da inefável figura nesse dia.
Sobre o José aqui falava assim:
José é esperto, espertíssimo. José tem uma imensa ginástica mental, é exímio em flick-flaks mentais, tem o treino e a presença de um bom mentiroso que não se deixa apanhar em pequenas traições espelhadas na mudança de expressão facial ou de pequenas hesitações na voz. José começa uma frase com um "veja bem..." e dá a volta ao tema.
José é bom a antecipar cenários, joga com as ideias dos adversários, manipula-as como um ilusionista brinca com duas ou três bolinhas entre os dedos fazendo-as girar diante dos nossos olhos. E nós apercebemo-nos do que se passa mas ele já girou as ditas, bolinhas ou ideias, a seu bel prazer. Com uma enorme "lata", sem perder a pose, José deixa sair boca fora a maior enormidade, qualquer "está-se-mesmo-ver" com o ar mais cândido ou indignado, dependendo da fase que atravessa. É claro que também depende do adversário e isto deve ser tido em conta, por todos, sobretudo por José. E é...
Soares, e até Manuel Alegre, foram ao beija-mão. A vida está difícil, por um lado e daqui às presidenciais vai um saltinho, por outro. Se José está a subir nas sondagens não convém nada irrita-lo, a Moura Guedes que o diga...
José é uma eficiente e bem oleada máquina de auto-promoção e de auto-defesa, subreptício no ataque. É, mas falha. Falha porque, para além de ser uma eficiente máquina José é, muito obviamente, humano e, como humano, José peca, muito.
José pecou no seu passado, continua a pecar e não vai parar. José é um pecador nato.
José é soberbo, orgulhoso e birrento. José é um autoritário que tenta disfarçar-se de consensual - não consegue. José foi eleito o mais sexy dos não-sei-o-quê (ele há gente para tudo) e fingiu não ligar importância; mas é o líder que fala da sua barriguinha. José vive para a sua auto-imagem, que acarinha e constroi; isto fragiliza-o, não suporta críticas e quando não consegue fugir-lhes ou refutá-las faz como um miúdo pequeno: põe um ar pesaroso e apela ao coração: "eu dei o meu melhor, eu dou sempre o meu melhor". E quem dá o que pode...
Não José, não chega.
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José apresentava-se como sento muit'a bom, agora José queixa-se de que era tão bonzinho e os maus fizeram-lhe maldades. José está mais cheio de ódio do que alguma vez esteve, tem sede, quer vingança, sente-se acossado e quer rasgar, esfacelar os seus inimigos.
José é hoje um animal mais feroz do que alguma vez foi mas, para sua desgraça, não é feroz como os amimais ferozes, é feroz como um animal ferido e enlouquecido: o sangue frio e a brilhante capacidade de tourear que tinha deram lugar a uma irreprimível vontade de atacar por o terem ferido.
José está mais fixo no ataque e muito menos atento ao terreno que pisa, está tão mais preocupado em defender-se e acusar que descuida os trémulos alicerces do que traz para dizer - do que tem, compulsivamente, a dizer - mesmo que no momento acabe por expor uma fraca argumentação da sua verdade na precipitação de um discurso preparado. O pseudo-filósofo, homem do mundo e da grande Cultura precisa falar de Narrativas, precisa de citar O Inferno de Dante e o seu personagem principal (?).
José está inseguro, quer esconder "o Sapatilhas" que foi e que ainda lá está acochado num canto da sua história.
Dizia eu, em 2009, que José «tem o treino e a presença de um bom mentiroso que não se deixa apanhar em pequenas traições espelhadas na mudança de expressão facial ou de pequenas hesitações na voz». Talvez por falta de microfones, presenças na A.R. e uma pesarosa falta de atenção pública e mediática, José perdeu esse treino; manteve as corridinhas matinais em volta do quarteirão mas, talvez à custa de tanto ruminar pensamentos em solilóquio, deixa agora transparecer espanto e fúria, emoções e pensamentos que tão bem costumava mascarar.
Também dizia eu em 2009 que «José falha porque, para além de ser uma eficiente máquina José é, muito obviamente, humano e, como humano, peca. José é soberbo, orgulhoso e birrento. José é um autoritário que tenta disfarçar-se de consensual e não consegue. José vive para a sua auto-imagem, que acarinha e constroi; isto fragiliza-o, não suporta críticas.»
José veio para se vingar, para fazer sangue... mas está fragilizado por não ter conseguido, nem após dois anos, suportar a sua derrota.
Cuidado José, há leões na pista... Vai aos treinos, rapaz, vai aos treinos e toma as gotas
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