Talvez seja uma implicância minha mas esta coisa do Dia Internacional/Mundial/Nacional disto e daquilo é uma coisa que, em muitos casos, me dá alergia.
Alguns passo de lado e até entendo, como o Dia da Árvore (que coincide com o Dia Mundial do Sono embora ninguém se possa "baldar" para ficar a dormir o que é uma injustiça) ou outros semelhantes;
a alguns chego a achar graça como o Dia Mundial dos Desenhos Animados ou o Dia das Mentiras (embora achasse muito mais graça ao Dia Mundial Sem Mentiras, isso é que era um fartote...) ;
há os que me parecem imprescindíveis como o Dia da Mãe, O Dia de Stº António (sim o de S. Pedro também), o Dia do Armistício e alguns outros, poucos.
Depois há os que são de a gente se atirar para o chão a rir à gargalhada como o Dia Nacional da Desburocratização ou o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, entre uns tantos igualmente inspiradores - inspira-me particularmente o Dia Internacional para a Tolerância, que ninguém sabe se existe ou quando é; se fosse levado a sério, como uma semente de cultivo, seria dos meus favoritos.
Por último há aqueles que além de me darem alergia me põem à beira do choque anafilático...
Chegam a enraivecer-me - dias como o Dia Mundial da Criança, seguido, 3 dias depois, pelo Dia Internacional das Crianças Inocentes Vitimas de Agressão, o Dia Universal da Criança (que é um ilustre desconhecido), o Dia Mundial da Terceira Idade ou o recém passado Dia das Nações Unidas para os Direitos da Mulher, este último irrita-me muito em particular, quase tanto como os "dias das crianças" e foi este que me trouxe hoje até aqui.
Dia da Mulher? Por alma de quem?
Todos os problemas, de direitos ou outros, que afectam as mulheres, assim como os idosos ou as crianças, são problemas da humanidade, da Humanidade como um todo, não são específicos das mulheres, ou dos idosos ou das crianças. Aliás das crianças muito menos.
O desrespeito pelos Direitos da Mulher, seja lá isso o que for, não é em nada diferente do desrespeito pelos Direitos HUMANOS, do Ser Humano. Deixem-se de tretas - seja a violência, o direito de voto, a igualdade salarial, o o direito à educação ou tantas outras questões aberrantes, são violações de Direitos das Pessoas enquanto tal, não das mulheres ou dos homens. São problemas humanos.
Ah mas a discriminação... Claro, mas a discriminação é um facto que viola a dignidade, a liberdade e os direitos das pessoas, não das mulheres.
Ah mas as mulheres... Não! É um facto que atinge a humanidade e é esta que deve defrontar-se com essa realidade e tem obrigação de o combater, todos os dias sem precisar de "auxiliares de memória"
O mesmo é válido para os idosos ou para as crianças. Parece-me vergonhoso que se inventem dias específicos para debater e lembrar os problemas que atingem idosos, crianças e mulheres. Vergonhoso.
Ah mas o Dia da Criança é, acima de tudo, uma celebração...
Mais tretas! É de facto uma celebração se as crianças estiverem no local certo do globo, e mais, na casa certa, e mais ainda, na família certa.
E acrescento, se há quem deva ser celebrado todos os dias, todos, todos, são as crianças; inventar um dia para as celebrar é quase perverso não fora a idiotice intrínseca.
Quanto às mulheres... Havendo a ressalvar, ainda que a geografia cultural tenha aqui um papel predominante, que em muitos casos, concretamente no nosso país, a discriminação sexual é quase sempre fruto da própria mentalidade das mulheres e da sua aceitação como "normal" de comportamentos violadores da sua liberdade e dignidade: todos nós conhecemos mulheres cujos maridos não as deixam isto ou aquilo. Não deixam? Estas mulheres reconhecem este tipo de "autoridade" baseando-se em quê? Já não são "filhas", são mulheres, mães, trabalhadoras, Pessoas, como os seus maridos.
Estão tantas delas habituadas a ser consideradas seres "frágeis", como idosos, crianças, diabéticos ou doentes mentais, que não só aceitam esta separação de direitos como muitas, muitíssimas há que celebram... e com alegria.
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DIAS DA TRETA
Publicado por Alex at quarta-feira, março 09, 2011
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1 comentário:
Bem, como sabes, concordo em absoluto e totalmente e mais ainda com este post.
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